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Vírus

Os vírus e seus vetores são uma das maiores preocupações dos produtores de tomate, elevando os custos de produção. A alta incidência de viroses é favorecida por fatores como abundância de insetos vetores (mosca-branca, tripes, pulgões), cultivos contínuos e contíguos, ausência de rotação de culturas e falta de planejamento regional.
Os vírus são partículas microscópicas compostas por RNA ou DNA, que precisam de células hospedeiras para se multiplicar. São classificados com base em sua estrutura, material genético, hospedeiros e vetores, sob regulamentação do Comitê Internacional de Taxonomia de Vírus (ICTV).

A transmissão ocorre, principalmente, por insetos, e os sintomas variam conforme o vírus, a cultivar, a idade da planta e as condições ambientais. Os sintomas aparecem nas folhas, hastes e frutos, podendo causar deformações, manchas, necrose e até morte da planta. O diagnóstico deve combinar observação de sintomas e testes laboratoriais, pois diferentes vírus causam sintomas semelhantes e podem ocorrer infecções mistas.

O controle das viroses deve ser preventivo, baseado em manejo integrado e ações coordenadas entre produtores. A aplicação isolada de agrotóxicos raramente é eficaz e pode trazer prejuízos ambientais e econômicos. O sucesso no controle depende do diagnóstico correto e da análise do cenário agrícola da região.

Mosaico-dourado


Sintomas: Clareamento das nervuras, clorose internerval, manchas cloróticas, rugosidade, deformação e o típico mosaico-amarelo ou dourado. O amadurecimento não uniforme dos frutos não é causado pelos geminivírus, mas pela ação das toxinas injetadas pela mosca-branca. Mesmo com sintomas evidentes, as plantas continuam produzindo. Porém, as plantas infectadas e não eliminadas tornam-se fonte de disseminação do vírus. No Brasil predominam o begomovírus tomato severe rugose virus (ToSRV) e tomato mottle leaf curl virus (ToMoLCV).

Controle:
  • Usar cultivares resistentes (Ty – TYLCSV), conforme indicado por fornecedores
  • Evitar o plantio próximo de lavouras velhas de tomate, soja e feijão
  • Não escalonar plantios na mesma área
  • Plantar mudas sadias e pulverizá-las com inseticida sistêmico antes do transplante
  • Controlar a mosca-branca com inseticidas (com rotação de princípios ativos) e, se possível, com controle biológico
  • Eliminar plantas daninhas hospedeiras do vírus
  • Não abandonar lavouras mesmo com queda no preço do tomate
  • Destruir restos de lavoura após a colheita
  • Fazer rotação com gramíneas (milho, milheto, sorgo, pastagens)
  • Respeitar o vazio sanitário (ex.: dezembro e janeiro em Goiás).

Tombamento de Mudas

Doença causada por fungos e oomicetos de solo, especialmente o conjunto de espécies dos gêneros Pythium, Phytophthora e Rhizoctonia. O tombamento é observado principalmente na produção de mudas em bandejas, geralmente em razão de manejo inadequado, como fornecimento de água em excesso ou uso de materiais contaminados. As plantas ficam menos sujeitas ao tombamento à medida que crescem.  

Sintomas: Irradia-se a partir de uma muda ou grupos de mudas, geralmente em reboleiras. Os sintomas quase sempre estão associados a solo ou substrato com excesso de umidade. Pode ocorrer:

  • Falhas na germinação (pré-emergência)
  • Morte das plântulas por apodrecimento e estreitamento da base do caule (pós-emergência), antes ou após o transplante

Condições favoráveis: Períodos chuvosos ou irrigação excessiva.
Controle:

  • Use mudas de viveiros especializados
  • Para produção própria, utilize sementes de qualidade e materiais esterilizados
  • Evite excesso de água e garanta boa drenagem
  • Irrigue com água limpa e em quantidade adequada
  • Elimine mudas fracas e plantas daninhas
  • Mantenha o local limpo e com fácil higienização
  • Evite que a mangueira toque o solo
  • Em cultivo protegido, controlar o acesso de pessoas e equipamentos.
     

Vira-cabeça


Sintomas: Variam de acordo com a idade da planta infectada, da cultivar e das condições ambientais. Quando a infecção é precoce, a planta tem seu crescimento paralisado e apresenta arroxeamento ou bronzeamento das folhas, podendo apresentar anéis concêntricos e deformação severa nas folhas. O sintoma mais comum é a formação de pontos necróticos nas folhas jovens, que se agrupam e causam necrose intensa nas folhas, pecíolo e caule, resultando em morte da ponta dos ramos. Sintomas de mosaico também são comuns. Plantas infectadas podem produzir frutos com anéis e manchas cloróticas e/ou necróticas irregulares e deformações que tornam o fruto inviável para a comercialização. 

Controle:
  • Não plantar próximo a lavouras velhas ou abandonadas de tomate ou outras hospedeiras (pimentão, pimenta, melancia, alface, amendoim).
  • Eliminar tigueras e plantas daninhas hospedeiras antes e durante o cultivo.
  • Usar cultivares resistentes (gene Sw5) recomendadas por empresas de sementes.
  • Plantar mudas sadias e vigorosas.
  • Pulverizar mudas com inseticida sistêmico antes do transplante.
  • Realizar pulverizações no campo com rotação de inseticidas de diferentes princípios ativos.
  • Não abandonar a lavoura em caso de queda de preço.
  • Fazer roguing (remoção e destruição segura de plantas doentes até 60 dias de cultivo).
  • Destruir os restos da lavoura após a colheita e manter a área livre de plantas daninhas.

Mosaico-amarelo


Sintomas: O vírus PepYMV causa sintomas variados conforme a cultivar de tomate. Em cultivares muito suscetíveis, há mosaico severo e deformação das folhas; nas tolerantes, ocorrem sintomas mais leves, como mosqueado, mosaico leve e clorose nas folhas novas. Os frutos geralmente não apresentam sintomas, mas podem ter tamanho reduzido.

Controle:
  • Usar cultivares resistentes indicadas por empresas de sementes.
  • Produzir mudas em estufas protegidas e afastadas de cultivos antigos.
  • Eliminar tigueras antes e durante o cultivo.
  • Evitar plantio perto de lavouras velhas com histórico de pulgões.
  • Aplicar óleo mineral para reduzir a transmissão do vírus.
  • Controlar plantas daninhas hospedeiras de pulgões ao redor da lavoura.
  • Manter os tratos culturais mesmo com baixa no preço do tomate.
  • Destruir os restos da cultura após a colheita.

Necrose-branca


Sintomas: Os sintomas do vírus no tomateiro incluem bolhosidade, mosqueado, manchas cloróticas e mosaico nas folhas. Não há registros de sintomas nos frutos. As folhas apresentam lesões intensas, por vezes esbranquiçadas, mas a planta não chega a morrer.

Controle:
  • Utilizar mudas sadias e vigorosas.
  • Evitar plantio próximo a lavouras velhas de tomate.
  • Não escalonar plantios na mesma área.
  • Controlar eficazmente os insetos vetores, especialmente os besouros.
  • Remover plantas daninhas ao redor do cultivo.
  • Manter os tratos culturais, mesmo com baixo preço do tomate.
  • Destruir os restos culturais logo após a colheita.

Mancha em anel do pimentão


Sintomas: No tomateiro, os sintomas aparecem principalmente em folhas mais velhas, com anéis e faixas cloróticas. Apesar de visíveis, esses sintomas não tendem a se agravar significativamente. As folhas jovens e os frutos permanecem sem sintomas.

Amarelão 


Sintomas: Geralmente aparecem nas plantas adultas, mesmo com infecção precoce. As folhas apresentam clorose internerval de leve à intensa na base da planta, que ainda podem apresentar enrolamento e se tornarem quebradiças. Nas folhas do meio, são observados sintomas leves, raramente se observam evidências em folhas novas. Não há sintomas nos frutos. 

Controle:
  • Usar mudas sadias, produzidas em local protegido
  • Evitar plantio próximo a lavouras velhas de tomate e batata
  • Não escalonar plantios na mesma área
  • Eliminar tigueras antes e durante o cultivo
  • Pulverizar mudas com inseticida sistêmico antes do transplante
  • Controlar a mosca-branca com inseticidas e, se possível, com controle biológico
  • Remover plantas infectadas e plantas daninhas hospedeiras próximas à lavoura
  • Não abandonar a lavoura em baixa de preço
  • Descartar restos da cultura logo após a colheita.

Fogo-mexicano


Sintomas: O sintoma mais comum é o mosaico nas folhas mais novas, com os nervos apresentando coloração verde-escura. Algumas variações do vírus podem causar necrose do pecíolo e dos nervos inferiores da folha. A necrose das nervuras, com linhas escuras, levou a doença a ser conhecida como risca do tomateiro. Em outras situações, a depender da cultivar, as folhas se enrolam para baixo, deixando a planta com aparência de árvore de natal. O fogo-mexicano se inicia em pontos necróticos abaixo das folhas, que se expandem para áreas maiores de necrose e possivelmente podem ser vistos na parte de cima em folhas do terço mediano. Não se observam sintomas nos frutos, mas infecções precoces podem levar à perdas totais. 

 Controle:
  • Plantar cultivares resistentes, conforme indicado por empresas de sementes.
  • Produzir mudas em estufas protegidas e afastadas das áreas de plantio.
  • Evitar plantio próximo a lavouras velhas de tomate, batata, pimenta e pimentão.
  • Eliminar tigueras antes e durante o cultivo.
  • Aplicar óleo mineral nas plantas para reduzir a transmissão do vírus.
  • Controlar plantas daninhas hospedeiras de pulgões e vírus ao redor da lavoura.
  • Manter os tratos culturais mesmo em baixa de preço.
  • Destruir os restos da cultura após a colheita.

Mosaico 


Sintomas: Plantas infectadas pelo ToMV apresentam folhas com mosaico ou mosqueado em tons de verde, podendo haver amarelecimento, folhas alongadas e retorcidas. Os frutos podem mostrar diversos sintomas, como manchas, mosaico amarelo e amadurecimento irregular. Quando a infecção ocorre em plantas jovens, o crescimento é prejudicado e a produção comprometida. Infecções mistas com outros vírus podem agravar os danos, resultando em perdas totais.

  Controle:
  • Usar cultivares resistentes, conforme indicado por empresas de sementes.
  • Comprar sementes e mudas apenas de fontes confiáveis.
  • Tratar sementes suspeitas com fosfato trissódico a 10% por 15 min ou com termoterapia (70 °C por 2 a 4 dias).
  • Evitar plantio em áreas com histórico da doença ou com restos culturais.
  • Eliminar tigueras antes e durante o cultivo.
  • Desinfetar ferramentas com hipoclorito de sódio.
  • Higienizar as mãos antes de manusear plantas; não fumar fumo de rolo durante os tratos culturais.
  • Premunizar com estirpes fracas, se disponíveis (atualmente, não há no Brasil).
  • Manter a lavoura mesmo em períodos de preço baixo.
  • Destruir plantas após a colheita e evitar o tomate na área por pelo menos três anos.

Mosaico do pepino 


Sintomas: Plantas infectadas apresentam mosqueado leve, enrolamento e, principalmente, estreitamento das folhas, conhecido como “cordão de sapato”. Em plantas jovens, a infecção pode reduzir o crescimento. Nos casos mais severos, há diminuição na quantidade e no tamanho dos frutos, além de atraso na maturação.

Controle:
  • Plantar cultivares resistentes, conforme catálogos de empresas de sementes.
  • Evitar plantios próximos a lavouras velhas ou com histórico da virose.
  • Não fazer escalonamento de plantios na mesma área.
  • Usar apenas mudas sadias e vigorosas.
  • Eliminar tigueras antes e durante o cultivo.
  • Controlar pulgões dentro e ao redor da lavoura.
  • Remover plantas daninhas e outras hospedeiras de pulgões nas redondezas.
  • Eliminar plantas infectadas se a incidência for baixa.
  • Fazer premunização com estirpes fracas, se disponíveis (ainda não disponíveis no Brasil).
  • Manter os tratos culturais mesmo com baixa cotação do tomate.
  • Destruir os restos de cultura após a colheita.

Controle:
  • Utilizar mudas sadias e vigorosas.
  • Evitar plantio próximo a lavouras velhas de tomate.
  • Não escalonar plantios na mesma área.
  • Remover plantas daninhas, especialmente maria-pretinha, ao redor do cultivo.
  • Eliminar tigueras antes do transplante e durante o cultivo.
  • Destruir os restos culturais imediatamente após a colheita.