Bactérias podem se associar às plantas, ou parte delas, como:
- residentes: relação temporária, sem causar doenças
- epífitas: relação duradoura, sem causar doenças
- parasitas: coloniza os tecidos e provoca doenças
As doenças bacterianas produzem diversos sintomas como murcha, manchas, galhas, podridão, clorose, cancro e necrose vascular. Sobrevivem em restos de cultura, sementes infectadas e plantas voluntárias, sendo dispersadas por água, ar, animais e equipamentos agrícolas. Penetram por ferimentos ou aberturas naturais e requerem alta umidade para se desenvolverem. A identificação das bactérias é feita por testes laboratoriais e técnicas moleculares. Abaixo veremos as doenças mais frequentes no tomateiro.
Murcha-bacteriana
Sintomas: Murcha das folhas na parte superior da planta, principalmente nas horas mais quentes do dia por ocasião do início da frutificação. A doença aparece em reboleiras, nas áreas mais baixas e/ou mais úmidas do terreno. No início, os folíolos murchos podem retornar ao estado normal de aparência rígida/firme durante a noite, ou nas horas mais frias do dia, parecendo que a planta se recuperou. Em condições favoráveis à doença, a murcha atinge toda a planta, que acabam secando e morrendo. As plantas murchas apresentam escurecimento dos vasos, mais intenso na base, que pode ser visualizado com facilidade ao se descascar o caule. Para o devido diagnóstico da doença, que pode se confundir com outras, é possível a realização do “teste do copo”, onde uma porção da base do caule é cortada, bem lavada e mergulhada em água limpa em um copo transparente. O teste é positivo se após alguns minutos um fluxo leitoso, como um pus, é liberado da extremidade do caule.
Controle:
O controle da murcha-bacteriana exige a combinação de várias práticas, já que não há cultivares altamente resistentes nem métodos isolados eficazes. As principais recomendações são:
Controle:
O controle da murcha-bacteriana exige a combinação de várias práticas, já que não há cultivares altamente resistentes nem métodos isolados eficazes. As principais recomendações são:
- Evitar plantios em períodos de calor e alta umidade.
- Utilizar áreas sem cultivo recente de solanáceas ou outras hospedeiras.
- Evitar irrigação com água proveniente de locais contaminados.
- Preferir solos bem drenados e corrigir compactações com subsolagem.
- Controlar rigorosamente a irrigação, evitando o excesso de água.
- Usar mudas enxertadas em porta-enxertos resistentes e evitar contato do caule com solo contaminado.
- Ao identificar plantas doentes, reduzir a irrigação e restringir o acesso à área afetada.
- Eliminar plantas daninhas, especialmente solanáceas, mesmo sem sintomas.
- Controlar nematoides e insetos de solo que favorecem a entrada da bactéria.
- Solarizar o solo, quando possível, em áreas pequenas e ensolaradas.
- Fazer rotação de culturas com gramíneas por, no mínimo, três anos, evitando o crescimento de tigueras.
Doença causada por fungos e oomicetos de solo, especialmente o conjunto de espécies dos gêneros Pythium, Phytophthora e Rhizoctonia. O tombamento é observado principalmente na produção de mudas em bandejas, geralmente em razão de manejo inadequado, como fornecimento de água em excesso ou uso de materiais contaminados. As plantas ficam menos sujeitas ao tombamento à medida que crescem.
Sintomas: Irradia-se a partir de uma muda ou grupos de mudas, geralmente em reboleiras. Os sintomas quase sempre estão associados a solo ou substrato com excesso de umidade. Pode ocorrer:
- Falhas na germinação (pré-emergência)
- Morte das plântulas por apodrecimento e estreitamento da base do caule (pós-emergência), antes ou após o transplante
Condições favoráveis: Períodos chuvosos ou irrigação excessiva.
Controle:
- Use mudas de viveiros especializados
- Para produção própria, utilize sementes de qualidade e materiais esterilizados
- Evite excesso de água e garanta boa drenagem
- Irrigue com água limpa e em quantidade adequada
- Elimine mudas fracas e plantas daninhas
- Mantenha o local limpo e com fácil higienização
- Evite que a mangueira toque o solo
- Em cultivo protegido, controlar o acesso de pessoas e equipamentos.
Mancha-bacteriana
Sintomas: Manifestam-se desde a fase de mudas, a partir da infecção da semente. Em plantas adultas produz manchas marrons de formato irregular ao longo dos nervos ou nas bordas das folhas. Em alta umidade do ar ou presença de orvalho, as lesões ficam com aparência de encharcadas. Sob ataque intenso, as lesões se fundem e ocorre a secagem das folhas, expondo os frutos ao sol.
Quando causados por X. euvesicatoria pv. perforans são observadas lesões perfuradas e as manchas podem aparecer no pecíolo, caule e pedúnculo, onde provoca queda das flores e frutos em formação. Aqui os sintomas se iniciam com pequenos pontos brancos e à medida que evolui, a lesão se torna mais densa, com as bordas ligeiramente elevadas. Os sintomas nos frutos são pequenos, e por vezes não podem ser percebidos. A formação de lesões na inserção do fruto podem levar à queda prematura.
Controle:
Quando causados por X. euvesicatoria pv. perforans são observadas lesões perfuradas e as manchas podem aparecer no pecíolo, caule e pedúnculo, onde provoca queda das flores e frutos em formação. Aqui os sintomas se iniciam com pequenos pontos brancos e à medida que evolui, a lesão se torna mais densa, com as bordas ligeiramente elevadas. Os sintomas nos frutos são pequenos, e por vezes não podem ser percebidos. A formação de lesões na inserção do fruto podem levar à queda prematura.
Controle:
- Usar sementes de qualidade e tratadas termicamente (50–52 °C por 25 min).
- Plantar mudas sadias de fornecedores confiáveis.
- Optar por cultivares mais resistentes, quando disponíveis.
- Garantir bom espaçamento e arejamento entre as plantas.
- Evitar plantios perto de lavouras antigas com sintomas da doença.
- Preferir irrigação por gotejamento e evitar molhamento das folhas.
- Evitar ferimentos nas plantas, especialmente quando estiverem molhadas.
- Controlar insetos como traça-do-tomateiro e vaquinha.
- Lavar e desinfetar ferramentas usadas em plantas doentes.
- Aplicar fungicidas à base de cobre ou produtos registrados.
- Incorporar rapidamente os restos da lavoura após a colheita.
- Fazer rotação de culturas com gramíneas.
Necrose da Medula
Sintomas: Amarelamento generalizado das plantas que podem murchar e morrer, em casos mais leves podem continuar produzindo. Se realizado corte no comprimento do caule, revela-se escurecimento da medula que não se desfaz completamente, como no talo-oco. Na região escurecida da medula se desenvolvem raízes secundárias, visíveis pela rachadura no caule, seguidas ou não de necrose superficial.
Controle:
Controle:
- Evitar plantios em solos com risco de encharcamento.
- Adubar com equilíbrio, com base em análise do solo, evitando excesso de nitrogênio.
- Controlar rigorosamente a irrigação, aplicando apenas a água necessária (uso de tensiômetros recomendado).
- Fazer rotação de culturas com gramíneas, por períodos mais longos em áreas muito afetadas.
Cancro-bacteriano
Sintomas: Os sintomas variam de acordo com a idade da planta quando contaminada, do local de infecção, da cultivar e das condições ambientais. Inicialmente podem ser observadas queimaduras nas bordas das folhas e murcha das folhas da base ou do meio da planta, resultado da infecção vascular (ou sistêmica) pela bactéria. Com a evolução da doença, frequentemente ocorre secagem dos folíolos, que evolui para o aspecto de queima da folhagem. A infecção sistêmica se evidencia pelo escurecimento dos vasos em tonalidade amarelada, quando se rompe a casca do caule. Frutos verdes, mesmo sem sintomas, soltam-se facilmente das plantas como consequência da infecção do pedúnculo, onde é possível notar formação anormal das células (cancro). Os sintomas mais característicos ocorrem nos frutos, em períodos de alta umidade do ar. No entanto, nem sempre é possível identificar plantas doentes. As lesões são circulares, esbranquiçadas, com um centro mais escuro, mais conhecidas como “olho-de-perdiz” ou “olho-de-passarinho”.
Controle:
Controle:
- Usar sementes de qualidade, nunca de plantas doentes.
- Fermentar sementes e tratar com água quente se houver suspeita de contaminação.
- Plantar cultivares com alguma resistência, se disponíveis.
- Evitar áreas próximas a lavouras velhas de tomate e pimentão.
- Usar água de irrigação limpa e preferir o gotejamento.
- Utilizar fitilhos descartáveis e estacas novas ou desinfetadas.
- Realizar manejos primeiro nas áreas sadias.
- Aplicar fungicidas à base de cobre regularmente.
- Fazer rotação de culturas com gramíneas por pelo menos dois anos.
Pinta-bacteriana
Sintomas: São primeiramente observados nas folhas, com manchas arredondadas de coloração marrom-escura. Em lesões mais velhas é comum aparecer um círculo amarelado. No caule, a infecção é favorecida pelo atrito dos fitilhos utilizados na condução das plantas, pecíolo e no pedúnculo, as manchas se agrupam, formando lesões escuras. A melhor visualização da doença ocorre nos frutos, onde pode-se observar manchas pretas, brilhantes e pequenas (com cerca de 1mm de diâmetro), levemente elevadas e superficiais que se destacam com certa facilidade. Os frutos podem apresentar deformidades se atacados no início do desenvolvimento.
Controle:
Controle:
- Plantar cultivares resistentes, portadoras do gene Pto, que confere resistência total à doença. Para o caso do uso de cultivares suscetíveis, aplicar as medidas recomendadas para o controle da mancha-bacteriana.
Talo-oco/ podridão-mole
Sintomas: Amarelamento da planta, seguido de murcha total ou parcial e posterior secagem das folhas pela morte da planta. As plantas afetadas apresentam escurecimento externo do caule, devido ao apodrecimento dos tecidos ao redor do ponto de infecção, quase sempre associado a um ferimento no caule. A evolução da doença decompõe a medula e tecidos ao redor, fazendo com que o caule ceda se pressionado entre os dedos, mostrando a podridão interna do tecido. Sob condições muito favoráveis, a bactéria se desenvolve na parte de fora do caule, gerando uma podridão escorregadia ao toque. Frutos perfurados por insetos ficam vulneráveis à infecção pela bactéria e se decompõem internamente e forma bolsas de água que permanecem presas às plantas.
Controle:
Controle:
- Evitar plantios em períodos muito úmidos e quentes.
- Usar solos bem drenados e sistematizados para evitar encharcamento.
- Plantar em camalhões e com espaçamento maior no verão chuvoso.
- Garantir boa aeração entre as plantas, considerando cultivar, adubação, condução e época.
- Adubar com equilíbrio, com base em análise do solo, evitando excesso de nitrogênio.
- Controlar rigorosamente a irrigação, usando tensiômetros se possível.
- Evitar ferimentos nas plantas; manusear apenas quando estiverem secas.
- Proteger ferimentos com fungicidas cúpricos ou produtos registrados.
- Controlar insetos que causam perfurações nos frutos.
- Realizar rotação de culturas com gramíneas, por períodos mais longos em solos muito infestados.