Substituição de copa em cajueiro
A substituição de copa é uma técnica utilizada para renovar e recuperar pomares improdutivos. O procedimento consiste na remoção da parte aérea da planta, preservando as suas raízes e parte do tronco, e substituição por plantas de alta produção, por meio de enxertia nas brotações que emergem após o corte.
Na cajucultura, a técnica é recomendada para substituir a copa de plantas de cajueiro comum ou anão, formadas a partir de sementes ou mudas de pé franco (cajueiro-comum), e a copa de clones ultrapassados ou indesejados, por clones mais produtivos, resistentes a pragas e doenças e adaptados às condições ambientais das áreas de cultivo.
Métodos de substituição de copa
A substituição de copa em cajueiro pode ser feita por três métodos distintos, conforme a necessidade do pomar: substituição total; substituição seletiva; e substituição em fileiras alternadas. Na escolha do método, o produtor deve avaliar as condições das plantas, as vantagens e desvantagens da adoção da técnica e a sua capacidade de investimento.
- Substituição em fileiras alternadas
Nesse método, a substituição de copa é realizada na metade das plantas do pomar, em fileiras alternadas, ou seja, em cada duas fileiras de plantas, uma terá as copas substituídas, independentemente da produção. O método tem baixo custo, em comparação à substituição total, e causa redução na produção apenas no primeiro ano de implantação. As plantas das fileiras que permaneceram intactas também poderão, posteriormente, ter suas copas substituídas, resultando em um pomar com substituição total.
- Substituição seletiva
Nesse método, a substituição da copa é realizada apenas nas plantas indesejadas (improdutivas ou com baixa produtividade, doentes ou raquíticas). A substituição seletiva tem custo de implantação menor, em relação à substituição total, mas resulta em um pomar com cajueiros desuniformes. Entretanto, não provoca redução significativa na produtividade no ano de implantação, uma vez que os cajueiros saudáveis e produtivos são mantidos intactos no pomar.
- Substituição total
Todas as plantas têm as copas substituídas, formando um novo pomar, com plantas de baixo porte, totalmente uniforme e com alta produtividade. Esse método tem custo inicial elevado e causa redução drástica da produção no ano de implantação.

Substituição em fileiras alternadas
Nesse método, a substituição de copa é realizada na metade das plantas do pomar, em fileiras alternadas, ou seja, em cada duas fileiras de plantas, uma terá as copas substituídas, independentemente da produção. O método tem baixo custo, em comparação à substituição total, e causa redução na produção apenas no primeiro ano de implantação. As plantas das fileiras que permaneceram intactas também poderão, posteriormente, ter suas copas substituídas, resultando em um pomar com substituição total.

Substituição seletiva
Nesse método, a substituição da copa é realizada apenas nas plantas indesejadas (improdutivas ou com baixa produtividade, doentes ou raquíticas). A substituição seletiva tem custo de implantação menor, em relação à substituição total, mas resulta em um pomar com cajueiros desuniformes. Entretanto, não provoca redução significativa na produtividade no ano de implantação, uma vez que os cajueiros saudáveis e produtivos são mantidos intactos no pomar.

Substituição total
Todas as plantas têm as copas substituídas, formando um novo pomar, com plantas de baixo porte, totalmente uniforme e com alta produtividade. Esse método tem custo inicial elevado e causa redução drástica da produção no ano de implantação.
Etapas da substituição de copa
A adoção da substituição de copa em pomares de cajueiro envolve três etapas: decapitação das plantas, seleção das brotações e enxertia. Realizar cada etapa no momento recomendado, com uso de ferramentas adequadas, é essencial para garantir resultados eficientes com a técnica.
Decapitação das plantas
A época para decapitação (corte) das plantas deve ser planejada, para coincidir com a floração do cajueiro, uma vez que a enxertia das brotações dos troncos está condicionada à oferta de propágulos (ramos florados). Como na região Nordeste o cajueiro floresce em diferentes épocas, o produtor deve estar atento ao período de floração dos jardins clonais do seu estado, para garantir a disponibilidade de propágulos quando as brotações estiverem áptas para a enxertia.
Para assegurar a coincidência da existência de propágulos no momento adequado para realização da enxertia, recomenda-se começar o corte das plantas cerca de três meses antes do início da floração e encerrar o procedimento três meses antes do final desse período. No Ceará, como geralmente a floração inicia em julho e se prolonga até novembro, as plantas devem ser decapitadas entre os meses de abril e agosto. No Piauí e em outros estados produtores onde a floração ocorre mais cedo, o corte das plantas deve ser antecipado.
Seleção das brotações
No tronco que foi mantido, deve-se selecionar de quatro a seis brotações que funcionarão como porta-enxertos para os clones que formarão as novas copas. Recomenda-se escolher brotações vigorosas, preferencialmente localizadas na parte superior do tronco, próximas ao local do corte e distribuídas uniformemente em todo o contorno do tronco.
Enxertia
Na substituição de copa o método de enxertia utlizado é, obrigatoriamente, a borbulhia em placa, já que as plantas são enxertadas no campo, a pleno sol, e esse é o único método que dispensa o sombreamento.
Quando as brotações selecionadas nos troncos atingirem o diâmetro de, aproximadamente, 1 (um) centímetro, cerca de 90 dias após o corte das plantas, é o momento de realizar o processo de enxertia, com uso de ramos produtivos em floração (propágulos) provenientes de plantas selecionadas do clone a ser introduzido.
Saiba mais sobre enxertia por borbulhia em placa >
Cuidados na substituição de copa
Para adoção da técnica, o produtor deve avaliar as plantas do pomar com base nos seguintes critérios:
- Sanidade das plantas: os cajueiros devem estar livres de pragas e doenças.
- Porte das plantas: somente cajueiros com tronco até 1,10 m de perímetro, medidos próximo ao solo, devem ter a copa substituída.
- Idade das plantas: cajueiros mais velhos não sobrevivem ao corte ou emitem brotações pouco vigorosas e em número insuficiente para a enxertia.
- Vigor das plantas: cajueiros devem apresentar desenvolvimento compatível para a idade.
Vantagens da substituição de copa
- Aumento da produtividade e qualidade da castanha e do pedúnculo.
- Redução do porte das plantas, facilitando a colheita e os tratos culturais.
- Baixo custo, em comparação com a implantação de novos pomares.
- Rejuvenescimento das plantas.
- Uniformização das plantas do pomar.
- Dispensa o uso de irrigação, mesmo em anos de baixa ocorrência de chuvas.
Controle de pragas e doenças em cajueiro com copa substituída
A doença mais comum em pomares de cajueiro com copa substituída é a resinose. O fungo causador pode ser transmitido para plantas sadias durante o corte dos troncos e na realização da enxertia das ramificações. Para evitar infestações da doença, além de cuidados preventivos com as plantas cortadas, é necessário adotar práticas adequadas de manejo dos instrumentos utilizados na substituição de copa e das plantas matrizes e propágulos (ramos florados) durante a enxertia.
Entre as principais pragas que afetam cajueiros com copa substituída destaca-se a broca-do-tronco (Marshallius sp.). É importante monitorar o pomar para verificar a presença dessa e de outras pragas da cultura. Caso seja confirmada a ocorrência de alguma praga no tronco e/ou brotações das plantas, o controle deve ser iniciado imediatamente, com uso dos mesmos produtos e dosagens recomendados para pomares clonais de cajueiro.
Saiba mais sobre controle de pragas do cajueiro >
Custos da substituição de copa
O custo da recuperação de um pomar de cajueiro com uso da substituição de copa depende de distintos fatores, como o tamanho da área de plantio, idade do pomar, número de plantas que terão as copas substituídas e a realidade local em relação à disponibilidade de insumos. A tecnologia é eficiente e proporciona inúmeros benefícios, mas é importante que o produtor avalie o investimento necessário com base nesses e outros aspectos que envolvem a sua adoção.
Em grandes áreas, embora a substituição de copa tenha custo elevado, os gastos com implantação da técnica podem ser compensados com a venda da madeira das plantas cortadas. Resultados de pesquisas comprovam que cada planta com porte médio de 0,92 m de circunferência no tronco, na altura do solo, gera aproximadamente 0,83 m3 de lenha, que podem ser comercializados como matéria prima, com empresas do mercado energético, e gerar renda para o produtor. Além disso, o uso de clones de cajueiro-anão como copa acelera o retorno do investimento.
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Método para Estimar a Oferta de Lenha na Substituição de Copa em Cajueiros
Método para Estimar a Oferta de Lenha na Substituição de Copa em Cajueiros
Esta publicação apresenta informações sobre método para estimar a quantidade de lenha ofertada na implantação da técnica de substituição de copas em pomares de cajueiro comum.
Publicado: 26/06/2024