Adubação do cajueiro
As plantas precisam de nitrogênio (N), fósforo (P), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg), enxofre (S), boro (B), cobre (Cu), ferro (Fe), manganês (Mn) e zinco (Zn) para crescer e se desenvolver. Quando as análises de solos identificam que esses nutrientes estão em quantidade insuficientes para a cultura, é necessário a aplicação por meio de adubação. Na cajucultura, a adubação é realizada em diferentes fases do cultivo.
A recomendação de adubação deve ser feita por profissional técnico, com base nos resultados da análise de solo, na tabela de recomendação de adubação para o cajueiro e nas fontes de fertilizantes existentes em cada região produtora. Pesquisas com cajueiro-anão comprovam que esquemas de adubação adequados aumentam a produtividade do pomar e melhoram a qualidade do pedúnculo e da castanha.
Adubação de plantio
O processo de adubação do cajueiro-anão inicia com a aplicação de fósforo e micronutrientes na cova ou sulco de plantio das mudas. A adubação de plantio ou adubação de fundação deve levar em consideração os níveis de fertilidade do solo, identificados nos resultados das análises, e o tamanho das covas ou sulcos.
Os adubos recomendados são misturados ao solo retirado das covas ou sulcos e o solo adubado é utilizado para o plantio das mudas.
Adubação de formação
Após o plantio das mudas de cajueiro em campo, é necessário realizar adubações com nitrogênio e potássio, elementos essenciais para a formação das plantas. As doses recomendadas devem ser divididas em três porções iguais e aplicadas 30, 60 e 90 dias após o plantio das mudas. Em cada aplicação, deve-se abrir um sulco ao redor da planta, com 10 a 15 cm de profundidade e 20 a 30 cm de distância do caule, colocar os adubos e cobrir com terra.
Adubação de crescimento
Do primeiro ao quinto ano de plantio do cajueiro, considerada a fase de crescimento do cajueiro-anão, a adubação visa fornecer nutrientes para a formação vegetativa das plantas. O manejo adequado da adubação nesse período assegura plantas adultas bem desenvolvidas e com maior possibilidade de expressão do potencial produtivo dos clones de cajueiro-anão.
Adubação de produção
A partir do sexto ano do plantio do cajueiro-anão, considera-se a estabilização do crescimento das plantas e, nessa fase, a adubação visa repor os nutrientes que são exportados pela colheita, ou seja, aqueles que vão embora com os frutos colhidos. Estima-se que para cada tonelada de castanha e a cada 10 toneladas de pedúnculos são exportados pela colheita 20,8 kg/hectare de nitrogênio; 5,3 kg/hectare de pentóxido de fósforo; 20,8 kg/ha de óxido de potássio; 0,5 kg/hectare de cálcio; 3,5 kg/hectare de magnésio; e 1,1 kg/hectare de enxofre.
Foto: Daniel Medeiros
Uma adubação eficiente de plantas adultas de cajueiro-anão deve se basear nos resultados da análise do solo e na produtividade esperada de castanhas, para definição dos tipos de adubos e quantidades necessárias. A maioria dos adubos disponíveis no mercado são altamente solúveis, necessitando apenas de água para obter uma forma química que possibilite às plantas absorver os nutrientes. Além de adubos comerciais, existem adubos naturais que podem ser utilizados como alternativa sustentável de adubação para o pomar.
Adubação em cultivo de sequeiro
Em cultivos de cajueiro-anão conduzidos em sistema de sequeiro, a adubação de produção deve ser feita no período chuvoso, que nas principais regiões produtores de caju ocorrem entre os meses de fevereiro a maio.
Adubos fosfatados e aqueles com micronutrientes (preferencialmente o fertilizante FTE BR-12) devem ser aplicados de uma única vez, nas primeiras chuvas.
Já adubos nitrogenados e adubos com potássico devem ser divididos em três aplicações, nas seguintes dosagens:
- Um terço (⅓) da quantidade recomendada deve ser aplicado no início das chuvas
- Um terço (⅓) na metade do período chuvoso
- Um terço (⅓) no fim do período chuvoso
Como regra geral, recomenda-se abrir um sulco ao redor da planta, colocar os adubos e cobrir com terra.
Adubação em cultivo irrigado (Fertirrigação)
Em pomares irrigados os fertilizantes nitrogenados (como ureia, sulfato de amônio, nitrato de cálcio, nitrato de potássio, fosfato monoamônico (MAP) e nitrato de amônio) e potássicos (como cloreto de potássio, sulfato de potássio, nitrato de potássio e fosfato monopotássico), sejam solúveis, sólidos ou líquidos, são colocados na água de irrigação. A prática, conhecida como fertirrigação, pode ser adotada tanto na irrigação por aspersão como por gotejamento e possibilita melhor distribuição e aproveitamento de nutrientes pelo sistema radicular das plantas.
Os adubos fosfatados (ácido fosfórico, fosfato monoamônico (MAP), fosfato diamônico (DAP) e fosfato monopotássico) também podem ser aplicados nas plantas do pomar via água de irrigação. Entretanto, o uso destes produtos na fertirrigação exige monitoramento dos injetores (microaspersores ou gotejadores) para evitar o entupimento desse equipamentos.
As recomendações dos tipos de fertilizantes, dosagens e frequência das aplicações na fertirrigação devem ser feitas por profissional técnico, com base nos resultados das análises de solo.
Locais de adubação
Cerca de 80% das raízes de cajueiro concentram-se nos primeiros 30 cm de superfície do solo e grande parte dessas raízes se localiza na projeção da copa das plantas. Para uma adubação eficiente, com melhor aproveitamento dos nutrientes, recomenda-se a aplicação dos fertilizantes na área situada sob a copa do cajueiro.
Foto: Carlos Alberto Kenji Taniguchi
Adubação orgânica
Os adubos orgânicos, como o esterco de bovinos curtido, a cama de frangos e os compostos orgânicos (compostagem), quando disponíveis na propriedade ou em locais próximos, são fontes alternativas de nutrientes para as plantas. Entretanto, para suprir a demanda das plantas por nutrientes é necessário a aplicação de grande quantidade desses adubos, o que inviabiliza a sua utilização como fonte exclusiva na adubação do pomar. O produtor que optar pela adubação orgânica deve combinar o seu uso com adubos minerais.
Adubação verde
O uso de adubos verdes melhora a capacidade produtiva da planta e proporciona benefícios para o produtor e para o meio ambiente. Diversas espécies de plantas podem ser utilizadas como adubo verde, mas as leguminosas se destacam pela capacidade de fixar nitrogênio no solo. Na cajucultura, recomenda-se o cultivo nas entrelinhas das plantas do pomar.
Entre as leguminosas recomendadas como adubação verde para o cajueiro estão o feijão-de-porco (Canavalia ensiformis L.) e a mucuna-preta (Stizolobium aterrimum Piper & Tracy).
As plantas leguminosas para uso como adubo verde devem apresentar as seguintes características:
- Disponibilidade de sementes no mercado,
- Adaptação ao clima e solo do local de cultivo,
- Capacidade de fixar nitrogênio no solo,
- Rápido crescimento inicial, para abafar plantas invasoras e produzir elevado volume de massa verde,
- Resistência a pragas e doenças,
- Baixa exigência em tratos culturais.
Benefícios da adubação verde:
- Aumenta o teor de nitrogênio (N) no solo, favorecendo o desenvolvimento das plantas.
- Incorpora matéria orgânica ao solo, aspecto que melhora a estrutura das camadas mais superficiais.
- Favorece o desenvolvimento de microrganismos do solo, com melhoria na fertilidade.
- Melhora o aproveitamento de nutrientes, pelas plantas, devido à decomposição de matéria orgânica.
- Protege o solo contra a erosão e radiação solar.
- Aumenta a capacidade de retenção de água no solo e reduz a evaporação.
- Reduz despesas com adubos comerciais.
Sintomas de deficiência de nutrientes no cajueiro
A deficiência de nutrientes diminui a produtividade do cajueiro, causando prejuízos para o produtor. Por isso, é importante realizar a adubação das plantas de forma adequada e estar atento aos sintomas de deficiência de nutrientes. A deficiência de nitrogênio, fósforo, potássio e ferro pode ser identificada pelo agricultor ou técnico, por meio da manifestação de alguns sintomas característicos nas folhas do cajueiro.
A identificação e confirmação da deficiência de outros nutrientes no cajueiro é feita por meio da análise química das folhas, que devem ser colhidas de forma adequada no pomar.
- Deficiência de Nitrogênio
As folhas mais velhas apresentam clorose (coloração amarelo-esverdeada por ausência de clorofila), iniciando na região apical em direção ao limbo (parte larga e plana das folhas).
- Deficiência de Fósforo
As folhas mais velhas apresentam coloração verde-escura e as folhas novas diminuem de tamanho.
- Deficiência de Potássio
Presença de clorose na borda das folhas mais velhas, avançando para o limbo das folhas.
- Deficiência de Ferro
As folhas mais novas apresentam clorose internerval (entre as veias das folhas). Na medida em que os sintomas se agravam, as folhas ficam completamente esbranquiçadas devido à ausência de clorofila.
Análise foliar
A análise química das folhas do cajueiro possibilita a avaliação do estado nutricional da planta e o ajuste da recomendação de adubação para a cultura. Para assegurar um diagnóstico eficiente do estado nutricional das plantas, a coleta das folhas deve ser feita com o mínimo de 30 dias da última adubação e aplicação de defensivos agrícolas no pomar e seguir procedimentos específicos recomendados pela pesquisa.
Conheça mais
Adubação de plantas de cajueiro-anão
Neste vídeo são apresentadas informações sobre como realizar a adubação do cajueiro, desde o primeiro ano até a fase de produção das plantas.

Fontes e Doses de Adubos Orgânicos para Aplicação na Cova de Plantio do Cajueiro-anão
Fontes e Doses de Adubos Orgânicos para Aplicação na Cova de Plantio do Cajueiro-anão
Esta publicação apresenta informações sobre fontes de adubos orgânicos e as doses recomendadas para aplicação na cova de plantio do cajueiro-anão ‘BRS 226’.
Publicado: 20/03/2024

Avaliação do estado nutricional do cajueiro-anão
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Veja nesta publicação instruções para a coleta de folhas de cajueiro-anão.
Publicado: 23/08/2024