Escolha da área
Os cuidados necessários no cultivo do cajueiro começam com a escolha adequada da área para o plantio. É importante que cultivos comerciais sejam realizados em localidades contempladas pelo Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC) do cajueiro, para assegurar as características de clima e solo recomendadas para a cultura.
Além de solos profundos, com baixa presença de argila (de textura arenosa a média) e relevo plano ou com pouca declividade, uma área desejável para a cajucultura deve ter disponibilidade de água de qualidade e acesso à energia elétrica.
Acesse o Zarc Caju e saiba mais sobre clima e solos para o cajueiro >
A área escolhida deve ser limpa, com a retirada da vegetação existente e enleiramento (junção em montes) dos resíduos. Para solos com camadas adensadas em profundidade, recomenda-se o uso do equipamento subsolador, para descompactar o terreno. Essa prática facilita o desenvolvimento do sistema radicular do cajueiro, parte da planta responsável pela absorção de água e nutrientes.
Importância da análise de solo
Para implantar o pomar de cajueiro, é necessário conhecer o nível de fertilidade do solo, onde será realizado o plantio, por meio de análises químicas de rotina e de micronutrientes. As análises devem ser realizadas por laboratórios de solos que tenham selo de qualidade dos resultados analíticos, para garantir resultados seguros.
Os resultados das análises possibilitam recomendar a correção da acidez (calagem) e adubação, de acordo com a necessidade do solo, e o uso de quantidades adequadas de fertilizantes na fase inicial de desenvolvimento do cajueiro. Por isso, é essencial buscar o apoio de profissional técnico para a interpretação dos resultados das análises de solo e recomendações necessárias.
Quando coletar as amostras de solo
As amostras de solo, coletadas para fins de análise de fertilidade devem ser representativas do terreno a ser cultivado. A coleta das amostras deve ser realizada pelo menos 6 meses antes do plantio, para possibilitar a obtenção e interpretação dos resultados e a aquisição dos insumos necessários.
Para a coleta, deve-se utilizar ferramentas adequadas como trado de rosca, trado de caneca, trado holandês, sonda, e enxadão ou pá de corte, além de baldes plásticos limpos, saquinhos de plástico e caneta.
Também é essencial adotar procedimentos adequados na coleta das amostras para garantir resultados eficientes nas análises.
Veja os infográficos a seguir e acesse a cartilha para mais detalhes de como realizar a coleta de amostras de solo.
Deve-se dividir a propriedade em áreas iguais, de até 20 hectares, conforme o tipo de relevo, cor e textura do solo, histórico das culturas, calagem e adubação anteriores ou conforme a vegetação atual.
- Percorrer cada área com movimentos em zigue-zague.
- Coletar amostras: 20 amostras simples nas profundidades de 0 a 20 cm e 20 amostras na profundidade de 20 a 40 cm (ver quadros A, B, C, D, E da figura).
Utilizar um balde limpo para cada profundidade de amostragem; Colocar num balde as 20 amostras simples coletadas na profundidade de 0 a 20 cm, e em outro balde as 20 amostras simples coletadas na profundidade de 20 a 40 cm. Identificar cada balde com a profundidade das amostras coletadas.
Para análises do solo onde o cajueiro já está plantado e adubado, as amostras devem ser coletadas nas áreas sob as copas das plantas (onde os fertilizantes são aplicados), nas mesmas profundidades utilizadas e separadamente.
Para verificar alguma limitação química específica, deve-se coletar amostras de solos em camadas mais profundas: com 40 a 60 cm; 60 a 80 cm ou mais.
- Continuar o percurso em zig-zag até coletar todas de amostras de solo planejadas em cada área (ver quadro F da figura).
- Misturar manualmente as amostras simples de cada balde, para a formação de uma amostra composta (ver quadro G da figura).
- Retirar entre 300 gramas e 500 gramas da amostra composta e colocar em um saquinho plástico, limpo e identificado (ver quadro H da figura).
A etiqueta de identificação deve conter o nome do proprietário, da propriedade, do município, estado, número da amostra, a profundidade de amostragem, data da coleta e nome da cultura a ser implantada.
- Enviar as amostras para laboratório de análises de solos que tenha selo de qualidade. Amostras não enviadas para o laboratório devem ser mantidas em saquinhos abertos, na sombra, para secar, e podem ser utilizadas para análises posteriores.

Uso sustentável do solo: plante com tecnologia
Uso sustentável do solo: plante com tecnologia
Nesta cartilha, elaborada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), constam orientações sobre como realizar a amostragem de solo de forma adequada, para conhecer a sua fertilidade, e recomendações sobre a correção do solo com calcário e diferentes formas de adubação.
Publicado: 09/05/2024
Calagem
Com a área limpa, sem restos de vegetais, inicia-se o preparo do solo, com base nos resultados das análises, para suprir a necessidade de nutrientes. Nesse momento, realiza-se a calagem do solo para corrigir o nível de acidez e/ou aumentar os teores de cálcio e magnésio do solo, de acordo com as recomendações do técnico.
A calagem deve ser feita nas primeiras chuvas, para promover a reação do calcário com o solo, e pelo menos 60 dias antes do plantio das mudas do cajueiro. Recomenda-se aplicar 50% da dose de calcário, seguida de aração. Depois, deve-se aplicar os 50% restantes de calcário, na mesma área, e realizar a gradagem do solo.
Marcação da área e espaçamentos
Após o preparo da área, deve-se realizar a marcação das linhas de plantio, posicionadas no sentido leste-oeste (sol nascente ao sol poente). Esse cuidado garante maior incidência do sol e luminosidade para as plantas, essenciais para o desenvolvimento do cajueiro.
Como passo seguinte, recomenda-se estaquear a área para marcar a posição das covas, com uso de estacas de madeira, corda e trena.
Os espaçamentos entre as linhas de plantio e entre as plantas devem ser definidos de acordo com o sistema de cultivo a ser utilizado (sequeiro ou irrigado).
Espaçamentos recomendados para o cultivo em sequeiro:
- 7 m x 7 m, em arranjo quadrangular, com estande de 204 plantas por hectare;
- 8 m x 6 m, em arranjo retangular, com estande de 208 plantas por hectare.
Espaçamentos recomendados para o cultivo irrigado:
- 8 m x 7 m, em arranjo retangular, com estande de 178 plantas por hectare;
- 8 m x 8 m, em arranjo quadrangular, com estande de 156 plantas por hectare
Adensamento
Por ser uma planta de pequeno porte, alguns clones de cajueiro-anão, desenvolvidos pela pesquisa, possibilitam o cultivo adensado, ou seja, o plantio de um maior número de plantas por hectare. Dentre outras vantagens, o adensamento proporciona maior produtividade nos primeiros anos do pomar; possibilita o retorno do investimento na produção em menos tempo; permite o uso mais eficiente da área e dos recursos utilizados (água, adubos e fertilizantes); e protege o solo de erosão.
É importante que o produtor esteja ciente que esse sistema de cultivo exige maior atenção com as práticas de manejo, como podas constantes para evitar o entrelaçamento e sombreamento das plantas; uso contínuo de irrigação; e métodos de adubação específicos para plantios adensados, para evitar competição entre plantas por água e nutrientes. Além disso, cultivos adensados aumentam o risco de incidência de pragas e doenças.
Sistemas de adensamento do cajueiro-anão
Em pomares de cajueiro-anão o sistema de adensamento mais utilizado começa com o plantio em espaçamento de 4 m x 3 m, com 833 plantas por hectare. No terceiro e quarto anos elimina-se metade das plantas nas linhas (fileiras) de plantio, passando para o espaçamento 4 m x 6 m. No quinto e sexto anos elimina-se metade das fileiras de plantas, deixando o pomar com espaçamento tradicional de 8 m x 6 m.
Outra alternativa de adensamento do cajueiro-anão é o plantio com espaçamentos de 6 m x 2 m, 6 m x 3 m ou 6 m x 4 m, mantendo-se todas a plantas definitivamente no pomar. Nesse caso, é importante deixar uma distância de 5 m ou 6 m entre as plantas, para possibilitar a passagem de máquinas em operações de manejo. Esse tipo de adensamento necessita de podas constantes, para evitar o entrelaçamento de ramos, entretanto, o aumento proporcionado na produtividade do pomar pode compensar esse custo com mão-de-obra, principalmente em modelos de negócio para atendimento do mercado de frutos de mesa.
Conheça mais
Sistema de cultivo de cajueiro-anão - Implantação do pomar (Aula 2)
Este vídeo orienta sobre como consultar o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) para a escolha adequada da área para cultivo de cajueiro e apresenta recomendações sobre as diferentes etapas de implantação do pomar.
Coleta de Amostras de Solo para Fins de Fertilidade
Este curso aborda as boas práticas para a coleta de amostras de solo e recomendações para a interpretação dos resultados das análises. Estes aspectos são essenciais para o sucesso das atividades agropecuárias.
Organizadora: Embrapa
Duração: Aberta
Carga horária: 10 horas

Produtividade de Clones de Cajueiro-anão Cultivados em Sistemas Superadensados
Produtividade de Clones de Cajueiro-anão Cultivados em Sistemas Superadensados
Esta publicação aborda a produtividade, distribuição da produção ao longo da safra e a classificação de frutos de cajueiro-anão cultivado em sistemas de plantio superadensados.
Publicado: 20/03/2024