Os Sistemas Agroflorestais Agroecológicos possuem um potencial de melhorar a qualidade e a saúde do solo, mas para acelerar esses processos e garantir um rápido desenvolvimento das plantas, se faz necessário um bom preparo e uma boa adubação inicial do solo. É fundamental conhecer o solo em que se irá trabalhar e planejar adequadamente as operações.
O solo é um eossistema vivo e dinâmico composto por partículas sólidas (física do solo), elementos químicos (química do solo) e seres vivos (biologia do solo). Esses elementos juntos e equilibrados tornam os solos propícios para o desenvolvimento de plantas saudáveis. É muito importante conhecer o seu solo para adequar a forma de preparo às suas condições e, com isso, reduzir ou mesmo aumentar as operações visando atingir os melhores resultados.
Aspectos do solo | Indicadores | Tipos de análises | Cuidados no preparo do solo |
---|---|---|---|
Físicos |
textura, estrutura, porosidade |
análise física laboratorial, |
evitar compactação (trânsito excessivo de máquinas em solo úmido) |
Químicos |
pH, capacidade de troca catiônica - CTC, nutrientes, matéria orgânica, plantas indicadoras (espontâneas e culturas) |
análise química laboratorial, |
adubação e correção adequadas |
Biológicos |
biomassa e atividade microbiana, respiração basal do solo, enzimas, meso e macrofauna do solo |
análise BioAS, |
evitar revolvimento do solo, uso de adubos químicos e agrotóxicos |
Depois de avaliar os aspectos, propriedades e cuidados necessários, é hora do planejamento de preparo do solo, que pode acontecer em diferentes etapas e momentos. O preparo primário é o preparo antecipado da área (alguns meses antes da implantação), enquanto o preparo secundário é a preparação da área imediatamente antes da implantação dos SAFs.
- Adequar o preparo do solo às condições econômicas do agricultor: para a tomada de decisão, é determinante avaliar a disponibilidade de recursos materiais e humanos. Cabe também fazer uma análise dos custos financeiros das operações para saber sobre o retorno do valor investido.
- O preparo do solo deve ser otimizado e respeitar os princípios de conservação de solo: otimizar o preparo pode significar não fazer o preparo em área total, apenas nas linhas de plantio, pois devemos pensar em usar o mínimo de operações possível. Precisamos buscar os parâmetros técnicos da conservação do solo, terraceamento, curvas de nível, manter a cobertura do solo etc.
- O preparo do solo deve considerar o relevo da área: locais com declive exigem cuidados quando preparados em períodos chuvosos. Também é importante se atentar para a necessidade de curvas de nível.
- O preparo deve baixar a resistência do solo, aumentar a aeração, melhorar o armazenamento de água e controlar ou reduzir a pressão das plantas espontâneas mais agressivas.
Um dos princípios dos SAFs Agroecológicos é que estes sistemas sejam autossuficientes e não necessitem de insumos e fertilizantes externos. No entanto, dependendo das condições de acidez e fertilidade do solo, a prática de adubação e de correção deverão ser feitas no momento da implantação do sistema.
A adubação constitui a reposição de nutrientes do solo com o objetivo de melhorar o desenvolvimento e a produtividade das plantas cultivadas. A simples correção da acidez do solo a partir da calagem e/ou gessagem pode disponibilizar nutrientes que estavam presentes, mas indisponíveis para as plantas.
Para uma adubação adequada devemos levar em conta a disponibilidade dos diferentes nutrientes no solo e as necessidades das plantas que serão cultivadas. Em SAFs, que podem apresentar diferentes arranjos e combinar diversas espécies de plantas, ao planejar a adubação isso deve ser considerado, conciliando a otimização de insumos e custos de aplicações.

