A sabedoria indígena transformou a mandioca e garantiu sua sobrevivência até hoje. Estudo revela a jornada fascinante dessa planta!


Há mais de 6 mil anos, os povos indígenas da Amazônia cultivavam a mandioca, raiz que se tornaria essencial para a alimentação de milhões de pessoas.

Um estudo da Embrapa e parceiros de oito países analisou o DNA de 573 variedades de mandioca e identificou um forte parentesco genético entre elas.

A pesquisa mostra que a mandioca possui uma diversidade surpreendente para uma planta multiplicada por clonagem.

Isso acontece porque às vezes um clone expressa a característica herdada do pai e outras, da mãe, um fenômeno chamado heterozigosidade.

Ao traçar a evolução da mandioca no continente americano, a pesquisa mostrou que sua domesticação ocorreu na borda sul da Amazônia – região que hoje abrange Acre e Rondônia.

Dessa região, a raiz foi levada para outras partes, alcançando locais tão distantes quanto Cuba e Chile.

E isso só foi possível porque os povos indígenas não apenas cultivavam a planta, mas também disseminavam para outras aldeias e desenvolviam técnicas de melhoramento genético.

Um exemplo disso é a Casa de Kukurro, um ritual do povo Waurá, no Xingu, que promove cruzamentos espontâneos e amplia a diversidade da mandioca.

Esse conhecimento ancestral segue inspirando a ciência, contribuindo para o desenvolvimento de variedades mais produtivas, resistentes e sustentáveis.

Imagens:
Celso Viviani
Cláudio Bezerra
Fábio Freitas
Léa Cunha
Reprodução - Museu Botânico de Curitiba
Siglia Souza