O manejo do solo é o conjunto de práticas aplicadas a um solo com o objetivo de favorecer a produção agrícola. Algumas etapas são necessárias para o manejo correto do solo no cultivo da mandioca.
Por isso, o produtor deve planejar as atividades com um intervalo de tempo adequado, que inclui operações de preparo antes do plantio. O manejo correto do solo garante condições favoráveis ao plantio, desde a brotação das manivas-semente ao crescimento das raízes, além de facilitar os tratos culturais no mandiocal.
Um dos principais problemas nas lavouras de mandioca é a erosão do solo. Como alternativa, recomenda-se a adoção de práticas conservacionistas do solo, de acordo com as características do local, a exemplo do plantio direto. Outra opção é utilizar sistemas em consórcios e produzir adubos verdes e coberturas vegetais, protegendo o solo da chuva e da radiação solar.
Atenção! O solo deverá ser removido o mínimo possível, visando preservar suas características químicas, físicas e biológicas, como teor de matéria orgânica, estrutura granular e microbiota.
Solos mais indicados para o cultivo da mandioca
Solos de topografia plana ou pouco inclinados, profundos e friáveis (soltos), sem camadas de impedimento físico ou químico para o desenvolvimento das raízes e com pH entre 5,5 e 7,0. Os solos ideias para o cultivo da mandioca são arenosos ou de textura média.
Solos arenosos ou de textura média possuem grande volume de poros, o que facilita o crescimento das raízes da mandioca e a colheita.
Normalmente, os solos argilosos não são recomendados para o plantio da mandioca por apresentarem maior risco de encharcamento e podridão das raízes, além de dificultarem a colheita. Apesar disso, existem algumas variedades de mandioca mais adaptadas aos solos argilosos.


Como escolher a área de plantio?
Antes do plantio, observe as características do solo, em especial a sua profundidade efetiva, o declive da área, a porosidade e a drenagem, dentre outras propriedades que são de difícil correção por práticas culturais.
Porosidade: Um solo é formado por pequenas partículas de minerais (rochas), matéria orgânica, água e ar. A porosidade do solo corresponde à quantidade de espaços vazios entre as partículas sólidas; esses espaços são as cavidades que a água e o ar ocupam no solo. Em geral, a porosidade dos solos arenosos os torna mais permeáveis e com boa aeração. Essas características favorecem o desenvolvimento da mandioca, já que apresentam baixa resistência à penetração e ramificação das raízes. Por outro lado, os solos argilosos retêm a umidade por mais tempo e dificultam a passagem da água, o que não é favorável ao cultivo da mandioca.
Profundidade efetiva do solo: para evitar o encharcamento no período de chuvas, que provoca o apodrecimento das raízes, recomendam-se solos que estejam enquadrados nas classes profundo (entre 1 e 2 metros) e muito profundo (mais de 2 metros).
Declividade: terrenos planos ou suavemente ondulados facilitam a mecanização e, por isso, geram economia na produção. Nas áreas entre 3 e 10% de declividade, deve-se fazer curvas de nível e terraceamento. Evite terrenos com inclinação acima de 10%.
Drenagem: a mandioca não tolera áreas mal drenadas. Por isso, priorize áreas adequadas e evite o plantio em terrenos sujeitos a encharcamentos periódicos, que demandam custos para a implantação de um sistema de drenagem.
Cuidados com o solo
Os cuidados com a conservação do solo precisam ser considerados desde a escolha da área para o plantio de mandioca, passando pelo preparo, até o enleiramento dos restos culturais após a colheita. É indispensável a utilização de práticas conservacionistas, mesmo naqueles solos de relevo plano a suavemente ondulado.
Em geral, o crescimento inicial lento da planta deixa o solo sem proteção nos três primeiros meses da lavoura. Essa é uma das causas da perda de solo e água por erosão na cultura da mandioca, mas técnicas inadequadas de cultivo contribuem para agravar o problema. Para evitar a erosão, recomenda-se, por exemplo:
- cultivos em faixa
- consorciação
- consorciação em fileiras alternadas
- plantio em canteiros
- rotação de culturas
- plantio de cordões de contorno
- capina em linhas alternadas
- capina nas linhas e roçagem nas entrelinhas
- utilização de cobertura morta
- enleiramento da fitomassa da cultura após a colheita.
No preparo da área pode-se utilizar terraceamento, subsolagem, enleiramento, canteiramento, aração, gradagem, aberturas de sulcos ou covas, entre outras. No plantio e nas práticas culturais, as atividades deverão seguir as curvas de nível previamente marcadas e os solos deverão ser removidos o mínimo possível.
Operações de preparo do solo
Quando necessárias, as operações de preparo do solo devem ser realizadas em curvas de nível (“cortando” as águas). É importante trabalhar no momento em que o solo não está muito úmido e nem muito seco, mas com umidade suficiente para não levantar poeira e nem aderir aos implementos.
Outros aspectos importantes são a alternância na utilização dos tipos de implementos (por exemplo, arado de aiveca ou de discos) e na profundidade de trabalho.
Práticas de baixo custo para enfrentar problemas do baixo nível de tecnologia do produtor e da ocupação de solos degradados:
- plantar manivas de 20 centímetros para obter maior população de plantas por área
- realizar capinas de forma alternada e manter a palhada sobre o solo
- plantar sempre que possível em consórcio
- adotar o cultivo mínimo no preparo do solo
- cordões em contorno (cercas vivas) com gramíneas de corte em áreas com declive.
Entre as práticas que demandam custos, aplicar nutrientes orgânicos e inorgânicos no manejo rotineiro da cultura.
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Estratégias de manejo e conservação do solo
Estratégias de manejo e conservação do solo
O pesquisador Manoel Ricardo, da Embrapa Milho e Sorgo, traz dicas sobre como fazer o manejo adequado para conservar o solo conforme suas aptidões agrícolas.
Publicado: 19/02/2025