A metodologia a ser utilizada é um dos pontos principais para o sucesso do trabalho de campo, mas talvez um dos mais difíceis a ser determinado. Existe uma gama muito ampla de metodologias disponíveis e, a escolha de qual utilizar depende muito do enfoque que queremos dar, da comunidade que estamos trabalhando, do perfil do extensionista e dos pontos destacados a seguir:
Planejar ações com objetivos claros e custos adequados, considerando imprevistos
Construir o projeto de forma participativa, com clareza em ações e responsabilidades
Identificar pessoas-chave na comunidade
Sensibilidade na escolha e adaptação das metodologias, com abertura para possíveis mudanças
Pode haver necessidade de readequar o cronograma de trabalho à realidade local
O tempo de uma comunidade tradicional tende a ser diferente do dia a dia das cidades
Considerar a hierarquia da comunidade, uma vez que os jovens tendem a ser protagonistas por ter maior acesso a tecnologias e alfabetização
O acúmulo de benfeitorias nas comunidades restringe possíveis mudanças de locais de habitação, comuns no passado, aumentando a pressão sobre o ambiente ao redor da comunidade
Não ter preconceitos e evitar mitos como o do “bom selvagem”, em que se romantiza a relação dos índios com a natureza como perfeita e, portanto, não precisaria de ajustes ou mesmo de adaptações à realidade atual
Bom senso e boa vontade para entender e aceitar as diferenças culturais são essenciais nas relações e ações com os povos tradicionais
Confira abaixo algumas dicas práticas que podem ajudar no planejamento de atividades junto aos povos, comunidades e seus sistemas agrícolas tradicionais (SATs).
Qual será o cronograma do trabalho?
Qual será o cronograma do trabalho?
Muitas comunidades se encontram em regiões remotas, influenciando custos, logística e demandando mais tempo de campo. Além disso, é importante estar ciente que imprevistos podem acontecer afetando o cronograma planejado. O importante é que o extensionista tenha sensibilidade e flexibilidade para adequar as ações, junto com a comunidade, para manter os objetivos propostos.
Publicado: 16/04/2025
Eu tenho o perfil para o trabalho proposto?
Eu tenho o perfil para o trabalho proposto?
É comum uma pessoa querer e/ou precisar trabalhar com uma comunidade tradicional, mas não ter um perfil adequado. A realidade no campo pode ser muito diferente da que imaginamos, por isso devemos levar em consideração alguns desafios:
Variações climáticas (seca, calor, frio, excesso de chuva, etc.);
Risco e/ou incômodo com diferentes insetos, aranhas, escorpiões, cobras, onças, etc.;
Dieta mais restritiva e com horários diferentes do que você pode estar acostumado;
Privacidade normalmente é mais reduzida;
Instalações com conforto limitado, como cama/rede/barraca, água, banheiro, energia elétrica;
Comunicação restrita ou até mesmo ausente;
A noção de tempo é diferente nas comunidades;
Saber lidar com a diversidade dentro da equipe é fundamental.
Publicado: 16/04/2025
Qual o nível de envolvimento da comunidade com nosso projeto?
Qual o nível de envolvimento da comunidade com nosso projeto?
É uma premissa básica que projetos e atividades em campo contem com a participação ativa de representantes, desde o planejamento até a execução, para garantir que as demandas sejam reais e viáveis para aquele povo ou comunidade tradicional. Iniciativas bem sucedidas em outros locais ou ações baseadas em nossa visão de mundo, por exemplo, podem não ser adequadas àquela realidade em questão.
Será que introduzir um cultivo mais produtivo é realmente necessário? Será que essa introdução não afetará outros componentes relacionados (desgaste do solo, introdução de pragas, modo tradicional de preparo e manejo, resistência a pragas, tolerância à seca, entre outros)? A discussão ampla com a comunidade permite minimizar a ocorrência de imprevistos e suas consequências, além de compartilhar as responsabilidades: a decisão final de realização ou não da ação deve ser por consenso entre os envolvidos e não uma imposição.
Publicado: 16/04/2025
Bom senso e respeito devem pautar o trabalho
Bom senso e respeito devem pautar o trabalho
Quando recebemos autorização para fotografar e documentar o cotidiano da comunidade, devemos considerar que nem toda situação precisa ser registrada. Seja por exposição da privacidade ou em determinados momentos que eles não desejam registrar; neste caso, não devemos insistir, mas sim respeitar. Diante de uma situação em que não conhecemos qual o protocolo a seguir, principalmente em festas ou rituais coletivos, devemos aguardar e observar como os membros da comunidade se comportam. Se você quer trabalhar, conhecer e respeitar outra cultura, tenha abertura para aprender outros valores e saberes diversos.
Publicado: 16/04/2025
Exemplo de impacto da introdução de um novo tipo de mandioca no Alto Xingu
Publicações
Caderno de boas práticas de Ater
Caderno de boas práticas de Ater
Essa publicação reúne uma amostra representativa das Boas Práticas que os serviços de Assistência Técnica e Extensão Rural desenvolvem em todo o país para a diversidade da agricultura familiar orientadas pela Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Pnater).
Publicado: 01/04/2025