“Rito de passagem” para teste de plantio de amendoim entre os Kayabi
(Fotos: Cacique Tuiat Kayabi)
“Rito de passagem” para teste de plantio de amendoim entre os Kayabi
(Fotos: Cacique Tuiat Kayabi)
Os Kayabi ou Kawaiwete (tronco linguístico Tupi) residem, em sua maioria, no Território Indígena do Xingu (Mato Grosso). São exímios agricultores, caçadores e pescadores.
Suas roças são ricas em espécies e variedades mandioca, cará, inhame, cana de açúcar, abacaxi (tipo fruta e tipo fibra), melancia, feijão fava, banana, mangarito, milho, cuia, entre outras.
Além daquelas se destaca o amendoim, tanto pelo volume que plantam, número de variedades distintas que mantêm, tipos de comidas que fazem, além de histórias, mitos e ritos que envolvem tal espécie.
Um desses ritos é o de seleção da criança para ver se ela é uma boa plantadora de amendoim: entre a infância e adolescência, os adultos preparam a roça e passam sementes de amendoim para que a criança plante e cuide ao longo daquele ciclo agrícola.
No momento da colheita os adultos vão e verificam como foi a produção e ali avaliam se a criança tem mão boa ou não para plantar o amendoim.
Se for verificado que a produção foi boa, ela passa a ter o direito de plantar amendoim dali para frente, caso contrário, ela não vai poder plantar essa espécie. E, para ter o produto, vai sempre depender de que outra pessoa plante para ela.
O interessante é que esse teste só é feito para o amendoim e não para as outras espécies, mostrando o quanto o amendoim é culturalmente forte para aquele povo
Para mostrar o quanto isso é levado a sério, o próprio cacique Siranhu, representante maior da aldeia Ilha Grande, não pode plantar amendoim, pois não passou no teste quando criança, mas pode plantar todas as outras espécies. Para tal, precisa “encomendar” para outros fazerem o plantio, como seu sogro, irmão ou filhos.
Imagens:
Cacique Tuiat Kayabi
Fábio de Oliveira Freitas
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