O Kupá é uma planta de domesticada recentemente, algo em torno de 1.000 anos atrás. Atualmente, seu uso é relatado por alguns grupos da família linguística dos Jê (Kayapó, Xerente e grupo Timbira – entre esses últimos estão os Canela e Krahô).
Espécies que têm seu uso mais restrito e são pouco conhecidas, como o Kupá, correm um maior risco de serem perdidas.
Em 2006, um dos principais líderes dos Kayapó, o cacique Megaron Txucarramãe, solicitou à Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia que o ajudasse a recuperar um alimento tradicional de seu povo, desaparecido de seu território em meados do século XX, devido às migrações decorrentes dos efeitos do recente contato com a sociedade envolvente.
Megaron informou que ao retornarem ao seu território tradicional, na aldeia Capoto, os mais velhos sentiram a falta do Kupá, alimento importante para a manutenção de sua cultura. A Embrapa localizou amostras de Kupá em sua coleção, coletadas no ano 2000, em ações do projeto que realiza junto aos índios Krahô.
Diversas mudas foram feitas a partir daquela coleta e, em fevereiro de 2008, foram levadas aos Kayapó, na aldeia Capoto, no norte do estado do Mato Grosso.
A reintrodução de mudas de Kupá desencadeou um processo de recuperação e fortalecimento cultural dos Kayapó. Animados com a possibilidade de recuperarem esse alimento, os mais velhos recordaram histórias sobre a planta, contaram peculiaridades sobre o seu modo de preparo e ensinaram aos mais jovens músicas relacionadas ao Kupá.
Crenças e tabus alimentares também foram lembrados, como aquela que o Kupá só pode ser consumido pelos mais velhos, pois se consumido pelos jovens, eles teriam seus pés rachados.
A conservação ex situ serviu para recuperar um alimento do povo Kayapó, aumentando sua segurança alimentar. Também ajudou na recuperação da memória oral daquele povo, parte da qual pôde ser então registrada na memória escrita, fortalecendo a cultura daquele povo.
Imagens:
Fábio de Oliveira Freitas
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