O feijoeiro comum é hospedeiro de vários patógenos causadores de doenças de origem fúngica, bacteriana, virótica e aquelas incitadas por nematóides. As doenças estão entre os fatores que mais reduzem a produtividade e a produção da cultura, e ocorrem de acordo com a distribuição de temperaturas e umidade mais favoráveis aos diferentes patógenos.
Dentre as medidas de controle, a utilização de cultivares resistentes é a forma mais eficaz e econômica para o produtor. Porém, as cultivares disponíveis para o agricultor não apresentam resistência a todas as doenças. O uso da resistência genética deve ser utilizado junto com outras medidas de controle preventivas, como as práticas culturais (sementes de boa qualidade fitossanitária, rotação de culturas, eliminação de hospedeiros secundários, época de semeadura adequada, etc.) e o controle químico (tratamento de sementes e pulverização foliar). O conjunto destas medidas compõem o manejo integrado de doenças que deve fazer parte de qualquer sistema de produção de feijão comum no Brasil.
Doenças

Antracnose (Colletotrichum lindemuthianum)
Manifesta-se em toda a parte aérea da planta. As folhas apresentam manchas alongadas, de cor avermelhada a púrpura, passando para pardo-escuro. As vagens afetadas apresentam manchas pardas, que dão origem a cancros deprimidos. As sementes apresentam lesões marrons ou avermelhadas. O controle desta doença se dá através do uso de sementes de boa qualidade fitossanitária, da resistência genética, do tratamento químico de sementes e da pulverização da parte aérea.

Mancha-angular (Phaeoisariopsis griseola)
É uma das principais doenças do feijoeiro comum e ocorre nas folhas, vagens, caules e ramos. As primeiras lesões podem aparecer nas folhas primárias, apresentando conformação mais ou menos circular, de cor castanho-escuro. Nas folhas trifolioladas o sintoma mais evidente, como o próprio nome da doença indica, é o aparecimento de lesões de formato angular, delimitada pelas nervuras, inicialmente de coloração cinzenta tornando-se, posteriormente, castanhas.

Crestamento-bacteriano-comum (Xanthomonas axonopodis pv. phaseoli)
Nas folhas, inicia-se por pequenas manchas úmidas na face inferior, as quais aumentam de tamanho e unem-se, formando extensas áreas pardas, necrosadas. Nas vagens, formam-se manchas encharcadas, posteriormente avermelhadas que frequentemente se estendem ao longo do sistema vascular, indicando a chegada da bactéria para as sementes. O controle desta doença pode ser feito por meio da resistência genética do feijoeiro comum, da rotação de culturas e da pulverização da parte aérea.

Mosaico-dourado (Bean golden mosaic virus)
Os sintomas tornam-se claros quando as plantas apresentam de duas a quatro folhas trifolioladas com um amarelecimento intenso da lâmina foliar, delimitado pela cor verde das nervuras, dando um aspecto de mosaico. Em cultivares suscetíveis, as folhas novas apresentam severa deformação. O vírus do mosaico-dourado é transmitido pela mosca-branca (Bemisia tabaci). O controle do mosaico-dourado envolve a eliminação dos hospedeiros tanto do vírus como da mosca-branca. O tratamento químico é realizado nas sementes e na parte aérea das plantas para controlar a mosca-branca.

Ferrugem (Uromyces appendiculatus)
Ocorre mais nas folhas, embora seja observada também em vagens e hastes. Primeiro surgem manchas pequenas, esbranquiçadas e levemente salientes na parte inferior das folhas. Estas manchas aumentam de tamanho até produzirem pústulas maduras, de cor marrom-avermelhada. O controle desta enfermidade se dá através da resistência genética, sendo que a maioria das cultivares recomendadas apresenta bom nível de resistência. O tratamento químico é feito através da pulverização da parte aérea.

Mancha-de-alternaria (Alternaria spp.)
Doença de ocorrência esporádica que produz, nas folhas, pequenas manchas de cor pardo-avermelhada, rodeadas por um bordo mais escuro, as quais crescem lentamente, formando anéis concêntricos. Posteriormente, estas manchas tornam-se quebradiças e o seu centro se desprende. O fungo é transmitido pela semente e não se conhecem ainda cultivares resistentes. O controle da mancha-de-alternaria deve ser realizado aplicando-se fungicidas. Doenças causadas por fungos que sobrevivem no solo.

Mofo-branco (Sclerotinia sclerotiorum)
O mofo-branco é uma ameaça significativa em áreas irrigadas de plantações de leguminosas, podendo levar os agricultores a abandonar suas lavouras. A doença ataca ramos, folhas e vagens, especialmente aquelas próximas ao solo. Originado a partir de apotécios, que se desenvolvem a partir de escleródios no solo, o mofo-branco lança esporos que infectam inicialmente flores em estágio de murcha. Esses esporos causam pequenas manchas aquosas quando caem sobre hastes e folhas, formando posteriormente um micélio branco e cotonoso, resultando em escleródios, estruturas de resistência do fungo.

Murcha-de-fusário (Fusarium oxysporum f. sp. phaseoli)
A doença geralmente surge em campo em forma de manchas. Provoca perda de vigor, amarelamento, ressecamento e queda gradual das folhas, começando pela base da planta. O corte das hastes revela descoloração vascular. Em condições úmidas, o micélio do patógeno é visível na base do caule das plantas mortas. Se nematoides também atacarem as raízes, a doença pode se intensificar. Lesões aquosas nas vagens podem contaminar as sementes. É prevalente no Norte-Nordeste e é controlada principalmente com o uso de variedades resistentes.

Podridão-do-colo (Sclerotium rolfsii)
É uma doença que ocorre em toda a região Norte-Nordeste, mas de incidência considerada baixa. Os sintomas iniciais aparecem na região do colo da planta, ao nível do solo, como manchas escuras, encharcadas, estendendo-se pela raiz principal e produzindo uma podridão cortical, frequentemente recoberta por um micélio branco, no qual se desenvolvem numerosos escleródios pardos do tamanho de um grão de mostarda. O controle químico, quando necessário, é o tratamento mais indicado.

Plantas daninhas
As plantas daninhas causam danos à cultura do feijoeiro-comum por concorrer por água, nutrientes, luz, por abrigar espécies hospedeiras de doenças e por dificultar a colheita. O período em que o feijoeiro é mais prejudicado pela competição com as plantas daninhas vai dos 15 aos 30 dias após a emergência das plantas. Os métodos de controle podem ser o cultural e preventivo, mecânico e químico.
Foto: Mabio Chrisley Lacerda

Mosaico-comum (Bean common mosaic virus)
Os sintomas incluem mosaico ou lesões locais, variando de acordo com a cultivar, estirpe do vírus e condições ambientais. O mosaico é comum, mostrando manchas verde-claras/verde-escuras nas folhas, frequentemente rugosas e enroladas, com crescimento reduzido e folhas menores que o normal. As plantas infectadas podem ter vagens deformadas e botões florais atrofiados, com manchas verdes-escuras. As lesões locais são manchas necróticas avermelhadas a café. Variedades tradicionais são suscetíveis, mas muitas melhoradas são resistentes, tornando o controle possível através do uso de cultivares resistentes.

Mela ou murcha-da-teia-micélica (Thanatephorus cucumeris)
O agente da mela afeta toda a planta, gerando dois tipos de sintomas: manchas aquosas nas folhas, seguidas de crescimento de micélio marrom e formação de escleródios, ou lesões circulares avermelhadas na folhagem, especialmente em períodos úmidos. Ambos os casos podem resultar em danos significativos, afetando também as vagens e as sementes. A doença já foi identificada em Pernambuco e Paraíba, com potencial para se espalhar pela região Norte/Nordeste.
Os métodos de controle para pragas, doenças e plantas daninhas no feijão podem incluir uma combinação de abordagens físicas, culturais, biológicas e químicas. Lembre-se que é importante considerar as características específicas de cada região, a gravidade do problema e os impactos ambientais e econômicos ao escolher os métodos de controle mais adequados.


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Publicado: 23/11/2023