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Sim. A indústria de equipamentos evoluiu bastante para que o consórcio de cultivos anuais com forrageiras possa ser realizado por qualquer produtor ou pecuarista em diferentes escalas. Existem implementos que permitem a prática do consórcio em qualquer situação. Como exemplo, a terceira caixa acoplada às semeadoras-adubadoras permite o consórcio simultâneo de culturas produtoras de grãos e capins na mesma operação, diminuindo os custos de implantação. Para os casos em que o consórcio será feito após o estabelecimento da cultura principal, o adubador de discos é uma boa opção, pois realiza a adubação de cobertura e permite a semeadura do capim nas entrelinhas. Quando não se dispõe do conjunto trator-semeadora (ou trator-distribuidora) ou quando os consórcios a serem estabelecidos já não permitem a entrada de maquinário tratorizado, a indústria disponibiliza equipamentos para sobressemeadura de capins acoplados a tratores ou mesmo a motocicletas que circulam nas entrelinhas das culturas produtoras de grãos com mínimo dano às plantas. Para a agricultura familiar, existem ainda implementos de tração animal, e também a indústria de sementes disponibiliza equipamentos manuais costais que permitem a semeadura dos capins com boa eficiência na distribuição.
Capítulo: Desempenho das Forrageiras Tropicais em Sistema de Integração Lavoura-Pecuária e de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 246
Ano: 2015
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Dentre as culturas utilizadas em consórcios com forrageiras tropicais perenes em sistema de ILP e ILPF, o milho e o sorgo são as que apresentam maior viabilidade técnica e facilidade operacional para produção de silagem. A produção de silagem consorciada segue os mesmos princípios que a produção sem o capim; porém, na produção de silagem, as adubações devem ser maiores que para produção de grãos. Com o consórcio com capins, pode-se obter um incremento de até 30% na produtividade de silagem, com qualidade ligeiramente inferior quando comparada às silagens de milho e de sorgo em monocultivo. Além da produção de silagem, o capim poderá ser aproveitado posteriormente, como pasto e/ou como palhada para plantio direto. Para isso, recomenda-se que, no processo de colheita da silagem, o equipamento possa operar com uma altura de corte acima do primeiro entrenó do milho ou do sorgo, favorecendo a rebrotação do capim e adequado estabelecimento da pastagem. Forrageiras com maior potencial produtivo, como os capins Mombaça, Tanzânia-1 e Xaraés, exercem maior grau de competição sobre as culturas, proporcionando silagens com aumento na proporção de capim e com qualidade ligeiramente inferior quando comparadas às silagens produzidas com forrageiras de menor potencial produtivo, como os capins Massai, Marandú, BRS Piatã, BRS Paiaguás e Decumbens. Leguminosas, como o guandu, podem ser utilizadas em consórcio com milho ou sorgo, com ou sem capins, para a produção de silagem. No consórcio de milho com guandu BRS Mandarim, com a leguminosa semeada na entrelinha da cultura, a produtividade de silagem pode aumentar em 15% a 20%, com incrementos de 20% a 30% no teor de proteína da silagem; porém, maiores proporções da leguminosa no consórcio podem acarretar em redução na digestibilidade e na produtividade total de forragem. No caso de uso de capins em consórcio, principalmente as braquiárias, após o ciclo da leguminosa, estes capins podem ser utilizados para pastejo.
Capítulo: Desempenho das Forrageiras Tropicais em Sistema de Integração Lavoura-Pecuária e de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 249
Ano: 2015
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Na última década, a época de semeadura da soja foi antecipada em um mês, passando a ser realizada em meados de outubro, ou seja, no início da estação chuvosa. Como é necessária a retirada dos animais de 25 a 40 dias antes da semeadura da soja, para que ocorra rebrota e morte do capim, após a dessecação, as pastagens passaram a ser vedadas mais cedo, no início do mês de setembro, época em que ainda há baixa disponibilidade de forragem. Portanto, é necessário fazer adequações para esse período, antecipando a venda de animais, ou prevendo o fornecimento de forragem conservada e/ou ração concentrada. Por outro lado, com a antecipação da semeadura e com o uso de cultivares de soja superprecoces, as áreas de lavoura são liberadas mais cedo para formação da pastagem, e o primeiro pastejo pode ser realizado no final de março a início de abril, no sistema de boi safrinha.
Capítulo: Desempenho das Forrageiras Tropicais em Sistema de Integração Lavoura-Pecuária e de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 252
Ano: 2015
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Em algumas regiões favoráveis à produção de grãos e em que ocorrem pastagens degradadas, pode-se iniciar com o sistema São Mateus, ou com outros sistemas (sistema Santa Fé, etc.). A utilização da pastagem de boa qualidade por 6 a 9 meses antes da implantação da lavoura de grãos poderá produzir entre 10 arrobas/ha e 13 arrobas/ha de equivalente carcaça, amortizando parcial ou totalmente os custos com a recuperação. A pastagem recuperada também proporciona a adequação química e física do solo, além da manutenção de palhada suficiente para o plantio direto subsequente. Com as condições adequadas para a lavoura, os riscos climáticos diminuem, podendo-se aumentar a produtividade da soja em 5 sacas/ha a 15 sacas/ha em relação ao sistema convencional.
Capítulo: Desempenho das Forrageiras Tropicais em Sistema de Integração Lavoura-Pecuária e de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 250
Ano: 2015
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Considerando a propriedade como um todo, a falta de forragem durante o período seco pode ser contornada com a programação de rotação de áreas com sistema de ILP, que proporcionam pastagem de alta qualidade nesse período, desafogando as pastagens mais velhas e ampliando a capacidade de suporte da propriedade. Uma possibilidade é a divisão da propriedade em cinco talhões, de modo que, durante o verão, um talhão (ou 20% da área) seja utilizado com lavouras, e, durante a época seca, estes tenham 20% da área com pastagem nova. Assim, em um período de 5 anos, todas as áreas com pastagens da propriedade serão renovadas, podendo-se iniciar um novo ciclo. Essas pastagens renovadas após lavouras podem suportar de duas a três vezes mais animais do que pastagens mais velhas, ampliando a oferta de forragem na propriedade. A divisão da propriedade em um menor número de talhões permite uma maior área com pastagem renovada a cada ano e acarreta em menor tempo para renovação de todas as pastagens, aumentando a eficiência da fase com pecuária. Entretanto, a fase com lavoura também é beneficiada pela diminuição no tempo de renovação das pastagens, pois estas se encontram mais produtivas e refletem positivamente na produtividade da lavoura em sequência, mostrando os efeitos sinérgicos entre lavoura e pastagem, e o grande potencial de sistema de ILP para ampliar a eficiência da agropecuária.
Capítulo: Desempenho das Forrageiras Tropicais em Sistema de Integração Lavoura-Pecuária e de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 253
Ano: 2015
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As principais espécies forrageiras de inverno indicadas para comporem sistema de ILP em regiões subtropicais são: aveia preta (Avena strigosa), azevém (Lolium multiflorum), as leguminosas anuais como a ervilhaca (Vicia spp.) e o trevo vesiculoso (Trifolium vesiculosum), e as leguminosas perenes como o trevo branco (Trifolium repens) e cornichão (Lotus corniculatus). Os cereais de inverno de duplo propósito (forragem e grãos) como o trigo (Triticum aestivum), a aveia branca (Avena sativa), o centeio (Secale cereale), o triticale (x Triticosecale) e a cevada (Hordeum vulgare) têm aumentado a participação.
Para o verão, são indicadas as gramíneas forrageiras perenes como as braquiárias, principalmente a brizanta (Urochloa brizantha syn. Brachiaria brizantha cv. Marandú), e os panicuns (Panicum maximum cvs. Aruana e Mombaça). Entre as anuais de verão, são indicadas o milheto (Pennisetum americanum), o capim sudão (Sorghum bicolor ssp. sudanense) e os sorgos forrageiros (Sorghum bicolor).
De maneira geral, são registradas produtividades médias de matéria seca nas espécies de inverno de 4 t/ha a 8 t/ha, e, nas de verão, são comuns registros de 10 t/ha a 15 t/ha, podendo ultrapassar 20 t/ha, em áreas sem restrições hídricas e de fertilidade.
Capítulo: Desempenho das Forrageiras Subtropicais em Sistema de Integração Lavoura-Pecuária e de Integração Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 256
Ano: 2015
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O estabelecimento da pastagem deve ser priorizado no primeiro e segundo anos em um sistema de IPF, quando há pouco sombreamento entre as linhas de árvores, pois a germinação e emergência de sementes e o pegamento de mudas forrageiras são normalmente afetados pelo sombreamento. Os principais problemas de produção e persistência da pastagem observados em sistema de IPF em condições de propriedade rural ocorrem por má formação durante essa fase, principalmente por causa da baixa densidade de plantas forrageiras. Uma alternativa também é estabelecer a pastagem no ano anterior ao plantio das árvores. Nesse caso, depois de garantida a boa formação da pastagem, basta realizar o cultivo mínimo (preparo apenas da linha de plantio) para o estabelecimento das mudas de árvores. Deve-se sempre seguir as recomendações de calagem e adubação de um engenheiro-agrônomo para o estabelecimento da pastagem e das árvores. Ambos precisam ser fertilizados anualmente. Sempre que possível, o preparo convencional do solo (uso de arado e grade sucessivamente) deve ser evitado para que não ocorra a degradação do solo e que se estimule a emergência de plantas invasoras na pastagem e nas linhas das árvores.
Capítulo: Desempenho das Forrageiras Subtropicais em Sistema de Integração Lavoura-Pecuária e de Integração Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 264
Ano: 2015
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Nos primeiros anos de um sistema de IPF, enquanto a altura das mudas ainda não permite a introdução de animais na área, é possível aproveitar a pastagem da seguinte forma: produção de forragem conservada (corte para produção de feno e silagem de pastagem) e produção de sementes forrageiras. Uma alternativa também é proteger as mudas com cerca elétrica instalada dos dois lados da linha de plantio, e adotando um pastejo em faixas e rotacionado no sistema.
Capítulo: Desempenho das Forrageiras Subtropicais em Sistema de Integração Lavoura-Pecuária e de Integração Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 266
Ano: 2015
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Recomenda-se manejar a pastagem com uma carga animal mais leve do que aquelas adotadas em pastagens abertas, tendo em vista que a quantidade de reservas acumuladas da fotossíntese é menor em ambientes sombreados do que a pleno sol. Isso significa adotar uma oferta de forragem de 12% do peso vivo (oferecer 12 kg de matéria seca para cada 100 kg de peso vivo na área). Portanto, a quantidade de matéria seca da forragem deve ser medida em amostras de área conhecida (por exemplo, cortes em quadros de 50 cm x 50 cm) e convertidas para um hectare. Após, então, calcula-se a quantidade de peso vivo necessário por hectare também. Esse procedimento deve ser repetido mensalmente ou estacionalmente. Caso o produtor ou técnico não disponha de meios para realizar essa medida, sugere-se ajustar a carga animal da área, mantendo uma altura residual da pastagem que cubra a bota, isto é, aproximadamente 20 cm de altura para as espécies forrageiras de inverno e do campo nativo melhorado. Para forrageiras tropicais, o critério de altura do pastejo deve ser observado individualmente por espécie, já que há variação na localização das estruturas de armazenamento de reservas e das gemas de crescimento, responsáveis pelo rebrote da pastagem. Contudo, é fundamental evitar condições de sobrepastejo (excesso de carga animal e baixo resíduo ou altura pós-pastejo) em sistema de IPF, situação comumente observada em propriedades rurais, e que podem facilmente comprometer o rebrote, o crescimento e a persistência de plantas forrageiras que crescem sob condições restritivas de luminosidade.
Capítulo: Desempenho das Forrageiras Subtropicais em Sistema de Integração Lavoura-Pecuária e de Integração Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 267
Ano: 2015
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A pesquisa, a assistência técnica oficial e as empresas florestais já testaram diferentes modelos e espaçamentos entre árvores nas latitudes do Sul do Brasil. Dos diferentes estudos e de experiências realizados, conclui-se que o espaçamento entre linhas das árvores, no estabelecimento do sistema, deve ser igual ou superior a 20 m. Nas condições do Sul do Brasil, espaçamentos menores que este têm se mostrado insuficientes para uma persistência da pastagem em longo prazo. É possível adotar plantio de árvores em linhas simples ou em renques de linhas duplas, triplas ou quádruplas, dependendo do objetivo da espécie arbórea e do aproveitamento da madeira. Para conhecer os diversos exemplos de espaçamentos e arranjos arbóreos já estudados, sugere-se acessar a bibliografia disponível nos websites da Embrapa Pecuária Sul1 e da Embrapa Florestas2.
Capítulo: Desempenho das Forrageiras Subtropicais em Sistema de Integração Lavoura-Pecuária e de Integração Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 269
Ano: 2015
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No primeiro inverno, após a implantação das pastagens na sucessão da cultura do arroz, o início do pastejo poderá ocorrer entre 40 e 60 dias após a semeadura das forrageiras (maio-junho), desde que sejam observadas as recomendações técnicas de incorporação da palhada do arroz, drenagem do terreno e recuperação da fertilidade do solo. Quando não são observadas essas recomendações, o início do pastejo vai ocorrer entre 120 e 150 dias após a semeadura, o que se dará entre agosto e setembro. Nesse primeiro ano, o tempo de pastejo poderá ser de 60 ou de 120 dias ou mais, em razão do manejo empregado pelos produtores. A partir do segundo ano, com a ressemeadura natural das forrageiras de inverno e o retorno de espécies nativas de verão, o período de pastejo ao longo do ano poderá chegar entre 280 e 300 dias. Durante a fase das pastagens de inverno, o pastejo ficará entre 120 e 140 dias.
Capítulo: Desempenho das Forrageiras Subtropicais em Sistema de Integração Lavoura-Pecuária e de Integração Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 274
Ano: 2015
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Há muitos pecuaristas que utilizam essas restevas para pastejo em períodos críticos no Sul do Brasil, como o período do vazio forrageiro do outono. No entanto, deve-se destacar que é uma forragem de baixa qualidade nutricional, baixos teores de nutrientes e baixo valor nutritivo, mas, às vezes, é alternativa emergencial a produtores que não possuem outra fonte de alimento nessa época. Um planejamento forrageiro anual, com espécies de inverno e de verão, alternadamente nas rotações com as culturas, é alternativa que deve ser buscada, evitando o uso da resteva. A incorporação da palhada dessa resteva ao solo é a melhor opção técnica e é mais sustentável, considerando que os benefícios na melhoria das características químicas, biológicas e físicas do solo já são bastante conhecidos. Aliando isso ao planejamento forrageiro de inverno, permitirá uma cobertura mais permanente do solo, o que vai reduzir emissões de gases de efeito estufa, além do que atenderá preceitos básicos do Programa Agricultura de Baixo Carbono (Programa ABC): diversificação via sistema de ILP, plantio direto de qualidade, recuperação das pastagens naturais e fixação biológica de nitrogênio com o uso de leguminosas forrageiras, bem adaptadas a esses ambientes.
Capítulo: Desempenho das Forrageiras Subtropicais em Sistema de Integração Lavoura-Pecuária e de Integração Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 278
Ano: 2015
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A taxa de lotação está diretamente relacionada ao acúmulo de massa seca do pasto e o nível de oferta de forragem que o manejador (produtor ou técnico) define. O nível de oferta de forragem que a pesquisa tem delineado como o que permite melhor desempenho dos animais (leite, carne e lã) é em torno de três a quatro vezes o potencial de consumo animal, o qual ficará entre 10% e 12% em relação ao peso vivo, ou seja, deverá haver uma massa de forragem residual que oscila entre 50% e 70%. Então, os animais vão consumir de 30% a 40% da massa de forragem disponível no pasto. Esse ponto é o que se chama de capacidade de suporte das pastagens, isto é, a taxa de lotação ajustada para permitir o máximo desempenho individual dos animais com a produtividade animal por unidade próximo do máximo. Essa capacidade de suporte das pastagens aumentará de acordo com o nível de manejo do pastejo (oferta de forragem) e com o nível de manejo do solo (calagem e fertilizações), considerando que esses aspectos afetarão a taxa de acúmulo de forragem diária, ou seja, a taxa de crescimento do pasto. Pasto melhor fertilizado e melhor manejado produz mais. As taxas de lotação nas pastagens de inverno podem chegar a mais de 2 UA/ha, enquanto, durante o verão, poderão chegar a valores entre 3 UA/ha e 4 UA/ha, 1.500 kg/ha e 2.000 kg/ha.
Capítulo: Desempenho das Forrageiras Subtropicais em Sistema de Integração Lavoura-Pecuária e de Integração Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 275
Ano: 2015
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Sabe-se que as adubações devem ser realizadas nas culturas, e que as forrageiras vão utilizar os resíduos delas quando as culturas forem colhidas. O primeiro aspecto que deverá ser mencionado é que a retirada de nutrientes das culturas é muito maior do que a retirada pelas forrageiras, pelo produto animal. Por outro lado, os animais são catalizadores na ciclagem de nutrientes, via fezes e urina, e melhoram a estruturação do solo por meio da matéria orgânica. Deve ser destacada também a grande incorporação de matéria orgânica ao solo via sistema radicular das forrageiras, principalmente as de inverno. Então, durante a fase pastagem, haverá maior ciclagem de nutrientes e menor retirada, o que tem levado a pesquisa a resultados bastante satisfatórios de adubações nessa fase e redução de adubos colocados no momento da semeadura das culturas em sucessão. Além de reduções de custos das lavouras, o tempo gasto na semeadura é menor, pois as máquinas poderão ter mais autonomia, considerando diminuições de paradas para abastecimento de adubos. Entretanto, é importante mencionar que essas tecnologias deverão ser implantadas de forma escalonada e contínua. Não é possível, num solo pobre, serem esperados efeitos positivos nos primeiros anos do sistema de ILP; é necessário que as práticas ou os processos sejam gradativamente utilizados. Chegará o momento, quando a qualidade do solo melhorar, em que as fertilizações passam ser de sistemas e não de atividades isoladas, ou seja, não por culturas.
Capítulo: Desempenho das Forrageiras Subtropicais em Sistema de Integração Lavoura-Pecuária e de Integração Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 277
Ano: 2015
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Raças especializadas em leite são as mais adequadas para esses sistemas, como, por exemplo, Holandesa, Jersey, Girolando, etc. A utilização de gado de baixo potencial produtivo, mestiços com raças de corte ou animais com eficiência produtiva e reprodutiva comprometida, traze um baixo aproveitamento do sistema e, com isso, ineficiência econômica. O sistema de ILPF é misto e complexo e exige conhecimento técnico para sua plena execução. Por outro lado, é um sistema completo que proporciona aos animais uma pastagem produtiva com sombreamento, amenizando o estresse pelo calor. Nesse sistema, é produzida a lavoura, normalmente, milho ou sorgo para silagem. Essa silagem é fornecida aos animais no período de seca, quando a pastagem está com quantidade e/ou qualidade já prejudicadas pela falta de água. Sendo assim, um sistema de ILPF leite, bem conduzido, oferece forragem de qualidade o ano todo em ambiente otimizado. Dessa forma, os animais de raças leiteiras a serem utilizados no sistema precisam responder a esse potencial produtivo da propriedadspane rural.
Capítulo: Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta como Alternativa de Manejo Sustentável para a Produção de Leite
Número da Pergunta: 282
Ano: 2015
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A mesma consideração para a calagem poderá ser seguida em relação às adubações de plantio e de cobertura. Como a forrageira utilizada para o pastejo será semeada no mesmo dia do milho, por exemplo, a sua necessidade de nutriente será sanada pela adubação de plantio e cobertura do milho. Após a colheita do milho para a silagem (será cortado tanto o milho, quanto a forrageira utilizada), deverá ser realizada uma adubação de cobertura na pastagem aproximadamente 30 dias após o corte para a ensilagem.
A adubação do componente florestal deve ser feita seguindo a orientação para a adubação da espécie arbórea selecionada (seguindo o manual de recomendação para a cultura, com base no resultado de análise do solo). É importante lembrar que o adubo recomendado deverá ser colocado no fundo da cova ou no fundo do sulco de plantio das árvores, para evitar danos causados pelo efeito salino nas raízes da muda. Após a retirada do milho ou do sorgo que foram ensilados ou mesmo colhido para grãos, para serem comercializados ou servirem como matéria-prima na formulação de ração para os animais na própria fazenda, deve-se adubar a pastagem que foi estabelecida juntamente com a lavoura e o componente florestal.
Capítulo: Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta como Alternativa de Manejo Sustentável para a Produção de Leite
Número da Pergunta: 294
Ano: 2015
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O controle manual, com enxadão ou foice, é pouco eficiente e caro, considerando a necessidade de mão de obra. Entretanto, no caso de áreas menores, torna-se importante o controle de plantas daninhas concentradas em reboleiras. A adoção dessa prática deve ser feita antes da floração e frutificação das plantas daninhas, evitando que as sementes se espalhem. É imprescindível a utilização de variados métodos para o controle de focos de plantas daninhas (catação manual, aplicação localizada de herbicidas, etc.).
Capítulo: Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta como Alternativa de Manejo Sustentável para a Produção de Leite
Número da Pergunta: 297
Ano: 2015
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Para garantir bons resultados com o controle químico, é de suma importância a realização do levantamento das espécies daninhas presentes nas áreas de pastagens. Essa informação auxilia na escolha do método mais adequado na tomada de decisão. Auxilia na opção do herbicida mais indicado, possibilitando o controle de maior número possível de espécies infestantes. A rotação de herbicidas e formulações com mecanismos de ação diferentes também é recomendada, pois evita a seleção de plantas daninhas resistentes e/ou tolerantes a determinados produtos.
Capítulo: Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta como Alternativa de Manejo Sustentável para a Produção de Leite
Número da Pergunta: 299
Ano: 2015
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O manejo de pastagens deve ocorrer quando ela atingir uma determinada altura dependendo da espécie, que é correspondente a 95% da interceptação luminosa. Na prática, o produtor deverá entrar com os animais na pastagem de Panicum maximum cv. Mombaça, por exemplo, quando esta estiver com 90 cm de altura, ao passo que, em outras cultivares da mesma espécie, as alturas variam, como, por exemplo: Tanzânia-1, 70 cm; Massai, 50 cm. Para a Urochloa brizantha (syn. Brachiaria brizantha), cv. Marandú, a altura indicada é de 25 cm a 30 cm, ao passo que, para a mesma espécie de Urochloa, porém com a cultivar Xaraés, a altura de início de pastejo é de 35 cm. O capim-elefante (Pennisetum purpureum Schumach.) cv. Cameroon tem como altura meta de entrada 100 cm. Independentemente da época do ano, para o manejo rotacionado das pastagens essas alturas devem ser respeitadas. Esse manejo evita formação de colmos e morte de folhas que é indesejável na produção animal em pasto. Também podem ser utilizados períodos de descanso (intervalo de desfolha) e período de utilização dos piquetes fixos de acordo com a gramínea forrageira que está sendo utilizada. Em geral, são recomendados períodos de utilização que variam de 1 a 5 dias e períodos de descanso de 21 a 45 dias, dependendo da espécie forrageira utilizada.
Capítulo: Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta como Alternativa de Manejo Sustentável para a Produção de Leite
Número da Pergunta: 284
Ano: 2015
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De fato, com o tempo, o sombreamento aumenta, e os benefícios à pastagem diminuem, e pode até haver diminuição da produção de pastagem. Para resolver esse problema, devem ser realizados desbastes das árvores para aumentar a incidência de luz para o pasto. A experiência até o momento indica que a cada 4 ou 5 anos deve ser realizado um desbaste de 50% das árvores (em áreas com densidades em torno de 400 árvores/ha). Em áreas com densidades menores (250 árvores/ha), os desbastes podem ser realizados entre 7 e 8 anos na mesma proporção.
Capítulo: Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta como Alternativa de Manejo Sustentável para a Produção de Leite
Número da Pergunta: 288
Ano: 2015
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Em sistema de integração de produção animal e vegetal, em que se estabelece em uma mesma área a lavoura (milho, sorgo, soja, feijão, etc.), a pecuária (pastagem e o animal) e a floresta, deve-se ter o cuidado de garantir a cada espécie vegetal a quantidade de nutrientes necessária para o seu pleno crescimento e desenvolvimento.
A amostragem do solo, segundo os princípios estabelecidos nos manuais de recomendação de calagem e adubação da região onde será implantado o sistema de ILPF, é de fundamental importância. Além disso, o encaminhamento da amostra a laboratórios de solos credenciados possibilita a interpretação e a recomendação de corretivos e fertilizantes de forma eficiente para as culturas. Caso seja definido o uso do milho como cultura para a produção de silagem, esta deverá ser utilizada como referência de calagem e adubação de plantio e cobertura. Como a forrageira utilizada para o pastejo será plantada no mesmo dia do milho, a sua necessidade de nutriente será sanada pela adubação de plantio e cobertura do milho. Após a colheita do milho para a silagem (será cortado tanto o milho, quanto a forrageira utilizada), deverá ser realizada uma adubação de cobertura na pastagem, aproximadamente 30 dias após o seu corte junto com o milho para a ensilagem. Nessa adubação de manutenção, será utilizado adubo de cobertura para fornecer 50 kg/ha de nitrogênio. Como é um sistema de ILPF, a correção e adubação tanto orgânica quanto mineral serão feitas de forma convencional, quando for realizado o plantio das mudas do componente arbóreo (seguindo o manual de recomendação para a cultura, baseado no resultado de análise do solo). A adubação do componente florestal deve ser feita seguindo a orientação para a adubação da espécie arbórea selecionada, com o adubo sendo colocado na cova ou no sulco de plantio das árvores.
Capítulo: Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta como Alternativa de Manejo Sustentável para a Produção de Leite
Número da Pergunta: 291
Ano: 2015
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Como o plantio da forrageira é realizado junto com a semeadura do milho, não há necessidade de considerar o manejo de estabelecimento da pastagem de forma tradicional. Na implantação do sistema de ILPF, a lavoura, no caso o milho, é o foco da produção devido ao ciclo curto; portanto, é necessário garantir a produtividade do milho para a ensilagem, ou mesmo para grãos a serem vendidos ou mesmo para uso na mistura da ração na própria fazenda. É importante salientar que o correto manejo da calagem e da adubação para a cultura do milho já garantirá os nutrientes necessários para o desenvolvimento da forrageira a ser utilizada para o pastejo.
Capítulo: Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta como Alternativa de Manejo Sustentável para a Produção de Leite
Número da Pergunta: 292
Ano: 2015
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No caso de arbustos de grande porte e resistentes às aplicações foliares, existem dois métodos para aplicar o herbicida. O primeiro é fazer aplicação no toco. Corta-se o caule das plantas daninhas e aplica-se o produto no local. A operação de corte é feita com enxadão ou foice, e, na aplicação, utiliza-se pulverizador costal manual. Outra forma é cortar o tronco entre 30 cm e 40 cm acima do solo e aplicar o herbicida com pulverizador manual ou pincelando a solução. Há ainda a possibilidade de aplicar herbicidas granulados no solo, ao redor do caule das plantas daninhas. A chuva dissolve o produto, que é absorvido pelo sistema radicular da espécie daninha.
Capítulo: Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta como Alternativa de Manejo Sustentável para a Produção de Leite
Número da Pergunta: 301
Ano: 2015
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Os herbicidas mais comumente utilizados em áreas de pastagens brasileiras são: 2,4-D; 2,4-D + picloram, 2,4-D + aminopiralide; picloram; fluroxipir + picloram; glifosato, triclopir, triclopir + picloram; fluroxipir + triclopir e fluroxipir + aminopiralide. Os herbicidas utilizados em qualquer cultivo devem estar registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). O manuseio e a aplicação de herbicidas devem ter sempre o acompanhamento de um engenheiro-agrônomo. Além disso, devem ser seguidas as recomendações de uso correto de cada produto contidas na bula. Na aplicação de herbicidas ou qualquer outro defensivo, é obrigatório o uso de equipamento de proteção individual (EPI).
Capítulo: Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta como Alternativa de Manejo Sustentável para a Produção de Leite
Número da Pergunta: 302
Ano: 2015
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Nas pastagens naturais ou implantadas, os animais tendem a procurar as plantas mais palatáveis. Alimentam-se da espécie forrageira, deixando de lado as plantas daninhas, que, completam seu ciclo, aumentando o banco de sementes do solo. Os principais fatores que influenciam na dinâmica das populações de espécies daninhas são:
- Adaptabilidade da espécie forrageira: espécies forrageiras pouco adaptadas às condições edafoclimáticas de cada região não produzem massa de matéria verde suficiente para cobrir os espaços livres do solo. Com o passar do tempo, as plantas daninhas vão ocupando esses espaços, tornando cada vez mais acirrada a competição. Dessa forma, a escolha da espécie forrageira deve estar focada na sua adaptabilidade às condições de clima e solo do local da implantação.
- Pressão de pastejo: a permanência nas áreas de pastejo de um número de animais por hectare maior do que a capacidade de suporte do pasto leva à degradação da pastagem. O processo de degradação inicia-se nos pontos mais fracos, sendo ocupados pelas plantas daninhas que, com o passar do tempo, aumentam a intensidade de infestação.
- Disponibilidade de água e fertilidade de solo: a disponibilidade de água na superfície do solo é de grande importância no momento da implantação da espécie forrageira. A falta de umidade no solo propicia a redução no estande da forrageira, reduzindo a cobertura da área. Além disso, durante o ciclo vegetativo, o regime pluviométrico influencia na manutenção da pastagem. A falta de água leva ao aparecimento de espaços vazios que são ocupados por populações de plantas daninhas.
- Adubação: as adubações de correção e de implantação da pastagem, bem como as adubações de manutenção, são extremamente importantes, pois possibilitam a espécie forrageira exercer supressão sobre as populações de espécies daninhas. A espécie forrageira que ocupa, de forma rápida, os espaços vazios na superfície do solo, cobrindo rapidamente a área, evita o surgimento de comunidades infestantes.
- Controle inadequado de plantas daninhas: a falta de controle de plantas daninhas em pastagens ou o controle ineficiente dessas espécies é uma das principais causas que leva a baixa produtividade das pastagens no Brasil.
Capítulo: Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta como Alternativa de Manejo Sustentável para a Produção de Leite
Número da Pergunta: 303
Ano: 2015
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Sim, é possível. Recomenda-se a colheita tardia, com o objetivo de aumentar os teores de matéria seca (MS), os quais devem ser superiores a 25%. A colheita deve ser realizada antes da floração (70 a 90 dias de rebrota), permitindo a obtenção de um material com boa proporção de folhas verdes.
Capítulo: Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta como Alternativa de Manejo Sustentável para a Produção de Leite
Número da Pergunta: 290
Ano: 2015
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O processo de degradação é natural e acontece em qualquer tipo/classe de solo e em qualquer cultura. Porém, ele pode ser de menor intensidade se controlado para não reduzir a disponibilidade de alimento para os animais, tanto em pastejo, quanto na produção de silagem. Nesse caso, a adubação é um dos fatores que podem ajudar na recuperação de uma área em processo de degradação, ou na manutenção da produção de uma área para que ela não entre em processo de degradação. Porém, além da adubação, outros fatores são fundamentais. Talvez o que mais tenha efeito negativo é a taxa de lotação acima da capacidade de suporte da pastagem. Mesmo adubando, há um limite que a cultura utilizada para pastejo consegue suportar, ou seja, não adianta colocar mais adubo do que o recomendado, pois há um limite fisiológico de cada cultura em relação à sua capacidade de suporte. Além da cultura, a classe do solo, o relevo e o clima interferem na resposta que se pode esperar de uma forrageira no fornecimento de alimento para animais em pastejo.
Capítulo: Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta como Alternativa de Manejo Sustentável para a Produção de Leite
Número da Pergunta: 295
Ano: 2015
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Essa proteção deverá ser pelo uso de cerca elétrica, protegendo as árvores entre duas linhas de eucalipto, e, com isso, a faixa de gramínea é pastejada naturalmente, até que o resíduo pós-pastejo apresente em torno de 20% de folhas verdes remanescentes. Nesse momento, a cerca elétrica é deslocada para outras duas linhas de eucalipto, e o pastejo reinicia. É aconselhável que, no primeiro ano, após a implantação de sistema de ILPF com componente florestal, utilizem animais na fase de recria (machos ou fêmeas), para pastejarem a área, ao invés de animais adultos. Estes poderão entrar no sistema, a partir do segundo ano, quando as árvores apresentam um sistema radicular mais vigoroso e profundo, não sofrendo arranquios ou tombamento pelo animal.
Capítulo: Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta como Alternativa de Manejo Sustentável para a Produção de Leite
Número da Pergunta: 305
Ano: 2015
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Diversos fatores necessitam ser considerados, entre os quais se destacam:
- Infraestrutura de curral, pastagens, cercas, aguadas e tropa.
- Mercado de insumos e comercialização da produção.
- Recursos financeiros próprios ou acesso ao crédito.
- Domínio de tecnologia de produção em sistema integrado.
- Domínio de tecnologia para a produção da pecuária e floresta.
- Assistência técnica agronômica para as culturas e veterinária para os animais.
- Disponibilidade de arrendamento ou parceria com pecuarista.
- Empresas produtoras de celulose, carvão, entre outros.
Capítulo: Experiências com Pecuária de Corte em Sistema de Integração Lavoura-Pecuária e de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 307
Ano: 2015
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Sim, pois nesses sistemas existe melhor alimentação, em virtude de melhor qualidade e maior oferta das pastagens, especialmente nos períodos críticos de inverno e seca. Isso aliado à maior oferta de outros alimentos como silagens, grãos, coprodutos de armazenagem de grãos possibilita um incremento no desempenho animal com consequente precocidade.
Capítulo: Experiências com Pecuária de Corte em Sistema de Integração Lavoura-Pecuária e de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 310
Ano: 2015
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A genética é sempre muito importante em qualquer sistema de produção, desde que a alimentação e sanidade sejam adequadas. Nos sistemas de integração, em que há maior produção de forragem em quantidade e com melhor qualidade ao longo de todo ano, isso aliado à produção de grãos e resíduos das culturas possibilita melhores condições de alimentação para os animais, com pastagens e suplementação, via semiconfinamento e confinamento, e proporciona melhor desempenho animal. Isso faz com que os animais de melhor genética possam expressar o seu potencial produtivo e tenham alta produtividade, qualidade de carne e rentabilidade do sistema de produção.
Capítulo: Experiências com Pecuária de Corte em Sistema de Integração Lavoura-Pecuária e de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 308
Ano: 2015
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O plantio de árvores no sistema de ILPF deve ter como objetivo principal a produção de toras de madeira, para uso mais nobre como: madeira serrada, laminação, componentes para móveis, produtos de maior valor agregado (portas, portais, janelas e móveis), postes, entre outros. No entanto, desbastes devem ser realizados durante o ciclo de condução do sistema, que gerarão madeira para usos mais comuns, como lenha, carvão, madeira para construções (escoras, postes de menor tamanho, mourões), madeira para a produção de aglomerados, chapas de fibra e celulose. O destino da madeira obtida nos desbastes será em função, principalmente, da distância da propriedade rural do centro consumidor. Além dos usos físicos da madeira, o componente arbóreo no sistema de ILPF também modifica o microclima, proporcionando sombra para os animais, o que está atrelado ao bem-estar animal; algumas espécies produzem frutos que podem ser comercializados; as árvores atuam como quebra-vento natural, reduzindo a incidência de pragas e doenças nos cultivos do sub-bosque; o plantio de árvores está alinhado às práticas de recuperação e preservação do meio ambiente; o componente arbóreo, durante seu crescimento, promove o sequestro de carbono, gerando crédito de carbono; entre outros usos.
Capítulo: Experiências com Pecuária de Corte em Sistema de Integração Lavoura-Pecuária e de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 318
Ano: 2015
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O efeito das árvores sobre os demais componentes do sistema apresenta grande influência do arranjo espacial adotado. As árvores, por apresentarem sistema radicular mais profundo, conseguem absorver os nutrientes nas camadas mais profundas do solo. Esses nutrientes vão retornar para as camadas mais superficiais por meio da matéria orgânica proveniente das árvores, ficando então disponíveis para as plantas com sistema radicular mais superficial. Em relação à compactação do solo, observa-se maior compactação nas faixas de solo mais próximas às árvores, provavelmente em função do maior pisoteio pelos animais, visto que eles preferem caminhar próximos às linhas de árvores, onde há maior sombreamento. Por apresentar sistema radicular maior e já estabelecido, as árvores apresentam vantagens na absorção de água e nutrientes quando comparadas às culturas agrícolas e forrageiras. Dessa forma, a produtividade de grãos e de forrageira tende a ser menor nas faixas de solo mais próximas às linhas de árvores. Além da competição por água e nutrientes, deve-se levar em consideração a competição por luminosidade; para tanto, as plantas do sub-bosque devem apresentar maior tolerância à redução de luz. Apesar da perda em quantidade, as forrageiras geralmente apresentam maior qualidade nutricional quando sombreadas, compensando em parte a perda de produtividade. Para minimizar os problemas com competição por água, luz e nutrientes, devem-se adotar arranjos espaciais que favoreçam os cultivos do sub-bosque, ou seja, adotar maiores espaçamentos entre renques de árvores. Como mencionado anteriormente, existe redução na produtividade da forrageira, podendo então comprometer o ganho animal. Entretanto, o conforto térmico gerado pela sombra das árvores e o ganho em qualidade da forrageira tende a compensar a redução na disponibilidade de forrageira, o que pode resultar em manutenção ou até aumentar o ganho animal, desde que a lotação seja adequada.
Capítulo: Experiências com Pecuária de Corte em Sistema de Integração Lavoura-Pecuária e de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 320
Ano: 2015
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Essas atividades são perfeitamente compatíveis e complementares, pois para condução correta de sistema de ILPF são necessárias práticas corretas para o manejo do solo e das culturas. Nesses sistemas, é possível proporcionar boa alimentação aos animais bem como boas condições de saúde e bem-estar animal, com benefícios para a pecuária de corte. Isso resulta em bons índices de produtividade dos componentes, e essas técnicas estão alinhadas às exigências do programa de boas práticas agropecuárias (BPA), que possui como objetivo produzir alimentos de qualidade e de forma segura para todos os participantes da cadeia produtiva e para o consumidor final, com a obtenção de produtos de melhor qualidade e com benefícios ambientais.
Capítulo: Experiências com Pecuária de Corte em Sistema de Integração Lavoura-Pecuária e de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 323
Ano: 2015
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O Brasil é um dos países onde caem mais raios. Os raios ocorrem porque as nuvens se carregam eletricamente, formando o equivalente a uma bateria, com um polo ligado na nuvem e outro polo ligado na terra. Se ligarmos um fio entre a nuvem e a terra, passará uma grande corrente elétrica pelo fio. O raio seria justamente este fio que liga a nuvem à terra. O raio provoca o curto-circuito da nuvem para a terra e, pelo caminho formado pelo raio, passa uma corrente elétrica de milhares de ampères. Os raios caem nos pontos mais altos da paisagem, como árvores altas e isoladas e torres de igreja, porque eles sempre procuram achar o menor caminho entre a nuvem e a terra. O que atrai o raio é a altura relativa do objeto ou animal em relação ao solo ("efeito antena") de modo que, em sistemas silvipastoris, a densidade de árvores que recobre o solo provoca o equivalente a uma elevação de todo o piso, onde nada se destaca. Nessas condições, não há caminho preferencial para a queda do raio e, portanto, o risco para animais e trabalhadores não é maior do em uma pastagem sem árvores. Por isso também, é muito importante planejar corretamente a distância entre renques de árvores e o número de árvores por hectare, pois grandes distâncias entre árvores podem gerar o "efeito antena" e favorecer a descarga elétrica.
Capítulo: Bem-estar Animal em Sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 347
Ano: 2015
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O melhor tipo de árvore é aquele que apresente características que favoreçam o bem-estar animal a campo:
- Não ter efeitos tóxicos para o animal, caso o animal venha a comer ramos, folhas, casca e/ou frutos.
- Não produzir efeitos alelopáticos sobre as pastagens.
- Não apresentar raízes expostas na superfície do solo, pois o piso fica desconfortável para a acomodação do gado sob a copa da árvore.
- Produzir frutos pequenos (menores do que 5 cm de diâmetro), já que frutos maiores podem engasgar o animal.
Capítulo: Bem-estar Animal em Sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 344
Ano: 2015
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Diferentes materiais podem ser empregados para produzir sombra: quando a sombra é proporcionada por árvores, considera-se como "sombra natural"; quando proporcionada por construções civis (coberturas de telha de barro, de palha, de metal, de madeira, de telas de polietileno na cor preta, e de outros materiais), são consideradas "sombras artificiais".
A diferença entre essas "sombras" está relacionada ao ambiente que elas promovem. De fato, as características dos materiais (folha das árvores, palha, cerâmica, polietileno, plástico, etc.) e o formato das coberturas (copa de árvore, cobertura plana ou inclinada, cobertura de "duas águas", etc.) promovem efeitos diferentes sobre as variáveis microclimáticas que determinam o conforto térmico para o gado que se protege sob essas estruturas produtoras de sombra. Por exemplo, na "sombra natural" produzida por árvores, a umidade do ar poderá ser maior do que na "sombra artificial" proporcionada por uma tela de sombreamento de polietileno ou polipropileno (tipo sombrite). Os estudos que existem mostram que a sombra de árvores é mais adequada ao conforto animal do que as "sombras artificiais"; sem contar que as árvores podem gerar produtos e serviços ambientais a um custo bem mais baixo do que as construções civis em meio a uma pastagem.
Capítulo: Bem-estar Animal em Sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 345
Ano: 2015
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Em pastagens adequadamente arborizadas, a cobertura de copa das árvores deve estar entre 10% e 40%, para não comprometer a produção da pastagem, e dependerá muito da densidade e altura de inserção da copa. Ainda não há consenso na literatura em relação à quantidade de sombreamento da pastagem que é recomendada. É provável que, na região Norte do país, a cobertura de copa possa ser maior do que nos estados do Sul e Sudeste, mas fatores como, características morfológicas das espécies utilizadas e altura de desrama podem também influenciar a taxa de cobertura aceitável. Na prática, consegue-se fazer desrama até 6 m ou 7 m de altura, caso seja realizada por pessoa no piso do sistema. Com auxílio de grua ou escada, pode-se chegar a alturas maiores. Em ambos os casos, aumenta-se consideravelmente a entrada de luz no sistema, especialmente em se tratando de linha simples. Em suma, se considerarmos 30% de sombreamento, em 1 ha, a área diretamente embaixo das copas das árvores deverá ser entorno de 3.000 m2, quantidade suficiente para abrigar, sem disputa por sombra, os animais também. Para saber quanto há de área coberta pelas copas das árvores, é necessário medir o terreno que fica exatamente debaixo da copa da árvore.
Capítulo: Bem-estar Animal em Sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 346
Ano: 2015
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As atividades agropecuárias geram emissões diretas e indiretas de GEE por diversos processos, tais como: fermentação entérica dos alimentos nos herbívoros ruminantes (metano), na decomposição de dejetos de animais (metano e óxido nitroso); degradação da matéria orgânica do solo (MOS) ocasionada pelo preparo convencional do solo (CO2 ou dióxido de carbono); decomposição da celulose em condições anaeróbias, como no cultivo de arroz inundado (metano), durante a liberação de carbono proveniente da queima de resíduos agrícolas (dióxido de carbono, metano, óxido nitroso, entre outros); emissão de CO2 e óxido nitroso em solos pelo uso de corretivos e por meio da desnitrificação de fertilizantes nitrogenados; queima pelo consumo de combustíveis fósseis (dióxido de carbono) na produção e no transporte de produtos agrícolas e utilização de insumos que para sua produção demandam consumo de energia na industrialização (fertilizantes, herbicidas, fungicidas). Mudanças no uso da terra também podem ser importantes fontes de emissões de GEE e estão relacionadas também ao setor agropecuário.
Capítulo: Potencial de Mitigação da Emissão de Gases de Efeito Estufa por Meio da Adoção da Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 357
Ano: 2015
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São observadas frequentes frustrações na produtividade de lavouras de soja, feijão e milho quando elas são desenvolvidas de forma tradicional, com preparo do solo e aplicação de corretivos (calcário, gesso e fósforo) no período seco do ano, que geralmente ocorre de maio a setembro, não possibilitando a reação dos corretivos. Com o plantio das culturas de grãos em solos ácidos, de baixa fertilidade e sem palhada para o plantio direto, normalmente obtêm-se baixas produtividades de grãos e que não remuneram os custos de produção no primeiro ano de cultivo, desestimulando os produtores a realizarem a recuperação das pastagens com o uso de sistema de ILP.
Capítulo: Experiências com Pecuária de Corte em Sistema de Integração Lavoura-Pecuária e de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 322
Ano: 2015
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Desde a década de 1970, os cientistas tentam definir ou conceituar o bem-estar animal. Sumariamente, bem-estar animal (BEA) pode ser considerado o estado de harmonia entre o animal e seu ambiente, caracterizado por condições físicas e fisiológicas ótimas e alta qualidade de vida do animal. Também se refere à capacidade de o animal conseguir adaptar-se ao ambiente e ao grau de sucesso com que isso acontece. Os principais motivos que levam as pessoas a se preocuparem com o bem-estar de animais de fazenda são: primeiro, inquietações de origem ética; depois, saber qual efeito potencial que o bem-estar acarreta na produtividade e na qualidade dos alimentos; e, por último, as conexões entre bem-estar e barreiras comerciais não tarifárias aos produtos de origem animal.
Capítulo: Bem-estar Animal em Sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 327
Ano: 2015
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O bem-estar animal pode variar entre muito ruim e muito bom. O estresse fisiológico é um dos principais indicadores usados na avaliação do bem-estar animal, pois à medida que o estresse aumenta, o bem-estar diminui. Uma das formas atualmente mais utilizadas para se estabelecer o grau de bem-estar animal de um sistema produtivo baseia-se no conceito das "cinco liberdades", que definem as condições necessárias para se promover esse estado. São elas:
1. Liberdade fisiológica (ausência de fome, sede e desnutrição) – dada pela oferta de alimentos e água em quantidade e qualidade adequadas às condições fisiológicas dos animais.
2. Liberdade ambiental (ausência de desconforto) – quando o ambiente de criação é corretamente planejado e oferece conforto térmico e físico.
3. Liberdade sanitária (ausência de dor, lesões e doenças) – atendida pelo correto manejo sanitário dos animais.
4. Liberdade comportamental (possibilidade de expressar os comportamentos característicos da espécie) – possível em ambientes com espaços e instalações adequados, e também relacionada ao correto manejo do rebanho e formação dos lotes, entre outros.
5. Liberdade psicológica (ausência de medo e estresse) – facilitada por condições do ambiente e pelo manejo correto, que evitem sofrimentos.
Capítulo: Bem-estar Animal em Sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 328
Ano: 2015
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Em sistemas de ILPF, as árvores dispostas em renques funcionam como quebra-ventos, e a velocidade dos ventos pode ser significativamente reduzida, mantendo-se na faixa recomendada para a produção de bovinos e outros ruminantes. Em regiões quentes, ventos de 7 km/h a 9 km/h (1,9 m/s e 2,5 m/s) favorecem a perda de calor por sudação em bovinos. Em regiões mais frias, a proteção contra ventos excessivos traz também vantagens, como: maior consumo de alimentos; melhor manutenção da temperatura corporal, sem dispêndio de energia para isso, dando condições para aumento da produção; e melhor sobrevivência de animais jovens, com redução na incidência de doenças respiratórias, como pneumonia.
Capítulo: Bem-estar Animal em Sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 341
Ano: 2015
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O vento é um dos componentes do ambiente que afetam o conforto térmico dos animais a campo, e sua velocidade é fundamental para as trocas de calor. O vento pode ser prejudicial ao conforto dos animais nas seguintes condições:
a) Com baixa velocidade dos ventos, o animal não consegue perder calor para o ambiente, é o chamado "ar abafado", que não deixa o suor secar, e aumenta a sensação de calor.
b) Com vento muito forte, ocorre excesso de perda de calor pelo corpo do animal, e pode aumentar a sensação de frio.
É nessas condições de sensação térmica de calor ou de frio que a energia para mantença é maior. Daí, se o animal gasta mais energia para a mantença, produz menos. Se o vento prejudicar o conforto térmico, também influenciará negativamente no bem-estar dos animais.
Capítulo: Bem-estar Animal em Sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 342
Ano: 2015
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Se as demais condições que são necessárias para o bem-estar animal estiverem satisfeitas, a proteção das árvores em relação ao estresse térmico vai influenciar positivamente na produtividade das vacas de leite. Vacas que dispõem de acesso à sombra, no verão, podem produzir, em geral, 25% a mais de leite que suas companheiras mantidas ao sol durante as horas mais quentes do dia.
Capítulo: Bem-estar Animal em Sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 349
Ano: 2015
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De modo geral, considera-se que a zona de conforto para ovinos situa-se entre 15 °C e 30 °C, mas pode ser modificada dependendo da idade, nutrição, exposição ao vento, umidade, cobertura de lã, raça e aclimatação. Do mesmo modo que para bovinos, a presença de árvores nos sistemas de produção para ovinos pode favorecer a produção de lã, carne, leite e cordeiros.
Capítulo: Bem-estar Animal em Sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 350
Ano: 2015
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A proteção dos animais da incidência direta de raios solares pode ter um papel importante na melhoria do bem-estar de ovinos, principalmente em relação à fotossensibilização. As gramíneas forrageiras tropicais mais frequentemente utilizadas na formação de pastagens para ovinos são espécies e cultivares de Urochloa spp. (syn. Brachiaria spp.), Cynodon spp., Paspalum spp., Pennisetum spp., Chloris gayana, Cenchrus ciliaris (buffel), Digitaria decumbens e Panicum maximum. Já foram relatados problemas de fotossensibilização em ovinos pastejando Urochloa decumbens e U. ruziziensis. As classes mais afetadas são as ovelhas paridas e animais jovens mantidos exclusivamente em pastagem de Urochloa spp. Para contornar parcialmente o problema de fotossensibilização dos animais em áreas de U. decumbens, foi sugerido o pastejo noturno e maior rebaixamento das plantas, criando condições desfavoráveis ao desenvolvimento da doença. Assim, a introdução de árvores, com oferta de sombra, nos sistemas de produção de ovinos, pode contribuir para minimizar o problema.
Capítulo: Bem-estar Animal em Sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 351
Ano: 2015
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O fenômeno conhecido como efeito estufa ocorre quando a radiação solar que chega ao planeta Terra transpassa a atmosfera, aquece a superfície terrestre, e parte dessa radiação é refletida novamente na forma de calor para a atmosfera. Nesse momento, o calor é bloqueado por alguns gases da atmosfera, os chamados gases causadores do efeito estufa. Dessa forma, intensifica-se a retenção de calor nas camadas mais baixas da atmosfera próximas à superfície. Esse fenômeno natural é importante para manutenção da temperatura, considerada dentro dos limites aceitáveis à vida no planeta Terra. Porém, se ocorrer um desequilíbrio nesse processo, e maior quantidade de calor ficar retida, a temperatura pode aumentar e muitas consequências negativas podem ocorrer.
Capítulo: Potencial de Mitigação da Emissão de Gases de Efeito Estufa por Meio da Adoção da Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 352
Ano: 2015
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São gases atmosféricos que têm a capacidade de reter o calor na atmosfera terrestre. Os principais GEE são: dióxido de carbono ou gás carbônico (CO2), metano (CH4), óxido nitroso (N2O), clorofluorcarbonos (CFCs), hidrofluorcarbonos (HFCs), perfluorcarbonos (PFCs) e hexafluoreto de enxofre (SF6). O potencial de aquecimento de cada um desses gases é comparado ao do CO2. Por exemplo, uma molécula de metano tem um poder de aquecimento 25 vezes maior que o CO2. Já o óxido nitroso, 310 vezes. Existem debates científicos quanto à métrica a ser usada para a determinação do CO2 equivalente. Mas, por enquanto, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) adota o potencial de aquecimento global (PAG) – em inglês, global warming potential (GWP) –, que estará valendo até 2020.
Capítulo: Potencial de Mitigação da Emissão de Gases de Efeito Estufa por Meio da Adoção da Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 353
Ano: 2015
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Em sistema de ILP e ILPF, podem ser exploradas diversas formas de atividades de pecuária, em função das características produtivas da região, das condições locais e do interesse e conhecimento do produtor. Em região onde predomina a pecuária de corte, como o Centro-Oeste, são mais utilizados os sistemas de exploração de bovinos de corte, com as suas fases características de cria, recria e engorda; mas, de modo geral, o mais comumente utilizado é a recria-engorda com produção de bovinos precoces, pela facilidade de aquisição de animais de criadores locais. Isso também é frequente nas regiões Sudeste e Sul. Também é utilizado sistema que objetiva pecuária leiteira e está mais voltado para propriedades e produções de médio e pequeno porte, pois, com o sistema de ILP, é possível fazer a recuperação de pastagens degradas e produzir pastagens e forragens (feno e silagens) com boa qualidade para atender às necessidades nutricionais de vacas leiteiras. Para esse tipo de exploração, também tem sido considerado o sistema de ILPF por proporcionar melhoras substanciais no conforto animal, já que o componente florestal é incluído com objetivo de proteção contra radiação, calor ou frio. Mais recentemente, pela expansão da ovinocultura nas regiões Centro-Oeste e Sudeste, tem surgido o interesse pela exploração dessa espécie em sistema de ILP e ILPF pela possibilidade de ter menos problemas com parasitoses e melhorar o conforto animal. Para a região Nordeste, é comum sistema de ILPF com ovinos ou caprinos ou ainda a criação conjunta das duas espécies, e em muitas situações também são incluídos bovinos.
Capítulo: Experiências com Pecuária de Corte em Sistema de Integração Lavoura-Pecuária e de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 313
Ano: 2015
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Praticamente em todas as regiões do Brasil. Destacam-se propriedades rurais nos estados do Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Paraná, Rio Grande do Sul, Goiás, Minas Gerais, Tocantins, Maranhão, Bahia e Pará.
Capítulo: Experiências com Pecuária de Corte em Sistema de Integração Lavoura-Pecuária e de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 315
Ano: 2015
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Cada espécie animal tem uma "zona de conforto" ou de "termoneutralidade", que corresponde à faixa de temperatura ambiente na qual o calor dissipado pelo animal corresponde ao calor mínimo produzido metabolicamente. Nessas condições, o animal encontra-se livre de estresse por calor ou por frio. A zona de conforto varia de 1 °C a 16 °C para o gado bovino europeu e de 10 °C a 27 °C para o gado zebuíno. Em temperaturas acima de 16 °C, para gado bovino europeu, e de 27 °C, para zebuíno, há ativação de mecanismos termorreguladores (aumento do ritmo respiratório e evaporativo, por exemplo); acima de 26,5 °C para gado europeu e de 35 °C para gado zebuíno, os mecanismos de compensação começam a falhar, acarretando rápido aumento da temperatura retal e declínio na ingestão de alimentos, na produção de leite e no peso corporal, podendo levar à morte dos animais por hipertermia. Abaixo de 1 °C para o gado europeu e de 10 °C para o gado zebuíno, também há a ativação de mecanismos termorreguladores (aumento do metabolismo, diminuição do consumo de água e aumento da ingestão de alimentos, tremor muscular), na tentativa de se aumentar a temperatura corporal. Eventuais falhas desses mecanismos podem levar à morte pelo frio (hipotermia).
Capítulo: Bem-estar Animal em Sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 330
Ano: 2015
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Na zona de termoneutralidade, o gasto de energia para mantença do animal permanece constante e em um nível mínimo, dessa forma a retenção da energia da dieta é máxima. Desse modo, a energia do organismo pode ser dirigida para a produção e reprodução, não havendo desvio de energia para manter o equilíbrio fisiológico. Dentro dessa zona, o animal mantém a variação normal de temperatura corporal, o apetite é normal e a produção, ótima. Sob estresse por calor, o animal reduz, ou até paralisa, a ingestão de alimento com o objetivo de diminuir a produção de calor, logo seu desempenho é prejudicado.
Capítulo: Bem-estar Animal em Sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 331
Ano: 2015
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As principais modificações promovidas pela presença de árvores no microclima local em sistemas de ILPF com componente florestal ocorrem sobre a velocidade dos ventos, a temperatura do ar, a pressão de saturação de vapor e a radiação solar incidente. É a combinação desses elementos que afeta, por exemplo, o conforto térmico animal.
Capítulo: Bem-estar Animal em Sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 334
Ano: 2015
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Pastagens arborizadas em sistemas de ILPF proporcionam um microclima melhor, pois as árvores geram sombras que podem diminuir a radiação solar direta que atinge os animais em até 30%, a depender da espécie florestal. Também por conta da sombra, a temperatura do ar diminui. Nos trópicos, a temperatura sob a copa das árvores é cerca de 2 °C a 4 °C menor que sob céu aberto; há relatos de reduções de até 9 °C.
Capítulo: Bem-estar Animal em Sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 335
Ano: 2015
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O ambiente confortável proporcionado pelos sistemas ILPF com a presença de árvores diminui a necessidade de consumo de energia dos animais para manter sua temperatura corporal constante; dessa forma mais energia poderá ser dispensada para funções produtivas e reprodutivas. Isso, aliado a mudanças favoráveis no comportamento ingestivo em razão da disponibilidade adequada de sombra, faz com que aumente o consumo de alimento, diminua a necessidade de água e melhore a conversão alimentar, influenciando na produtividade. Isto é, ao consumir menos energia para manter-se vivo, sobrará mais energia para produzir leite, carne, couro e bezerros mais pesados.
Capítulo: Bem-estar Animal em Sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 337
Ano: 2015
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A agricultura e a pecuária são dependentes das condições climáticas, uma vez que são atividades desenvolvidas em ambientes naturais abertos e transformados para produção (agroecossistemas), onde existe cultivo de plantas e criação de animais com exposição direta a elementos meteorológicos (luz, temperatura, umidade, precipitação, ventos, gases atmosféricos, pressão atmosférica). Portanto, a mudança do clima pode afetar a produção agropecuária e trazer consequências imprevisíveis para este setor, em decorrência dos seguintes fatores: aumento na concentração de CO2 (alterando a fotossíntese e o crescimento de plantas); maior consumo de água pelas plantas e animais; aumento da temperatura do ar e do solo; aumento da evapotranspiração (esvaziando o reservatório do solo); redução do ciclo de culturas; aumento das taxas respiratórias de plantas e animais com aumento do gasto energético e redução da produtividade; estresse térmico; redução da fertilidade; mudança na dinâmica de pragas e doenças; atrasos no plantio e perda de calendários agrícolas pelas secas prolongadas; falhas na germinação/emergência e no estabelecimento de lavouras pela falta de chuvas; deficit hídrico nas fases vegetativas e reprodutivas com comprometimento na produtividade vegetal; chuvas mais intensas, mais frequentes e/ou erosivas e maior ocorrência de erosão; encharcamento excessivo do solo; alteração das propriedades dos solos de forma que se tornem menos produtivos; aumento da infestação de plantas daninhas; chuvas excessivas na colheita; aumento na mortandade de aves; abortamento em porcas; redução da produção de leite por causa das fortes ondas de calor, entre outros.
Capítulo: Potencial de Mitigação da Emissão de Gases de Efeito Estufa por Meio da Adoção da Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 355
Ano: 2015
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O sequestro ou remoção do carbono ocorre normalmente pela captura do CO2 da atmosfera pelas plantas verdes que o transforma em compostos orgânicos por meio da fotossíntese. Após esse processo de remoção do carbono da atmosfera e da incorporação pelas plantas verdes, o elemento passa a desempenhar inúmeras funções na formação da biomassa e no metabolismo vegetal, e é o componente de diversos compostos orgânicos. Por exemplo, em sistemas de integração com componente florestal – integração pecuária-floresta (IPF), integração lavoura-floresta (ILF) ou integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) –, considera-se que há sequestro de carbono pelas árvores, desde que a madeira produzida seja destinada à produção de papel, construção civil ou mobiliário. Com a morte das plantas, tem-se a formação dos resíduos vegetais (serrapilheira em áreas de floresta, material residual em pastagens ou palhada de culturas após a colheita). Com o passar do tempo, esses resíduos sofrem um processo de fragmentação por macrorganismos e, posteriormente, a decomposição por microrganismos do solo. Dessa forma, se esse material não for protegido da ação biológica dos organismos do solo, ou se essa ação não for lenta, a maior parte dele retornará em pouco tempo para a atmosfera na forma de CO2. A manutenção dos resíduos na superfície diminui seu contato com o solo e reduz a taxa de decomposição. Além disso, a ausência de revolvimento por implementos agrícolas, associada ao aumento da atividade biológica, promove a formação de estruturas denominadas agregados. Os resíduos vegetais recém-adicionados ao solo são incorporados no interior dos agregados, onde são protegidos da ação decompositora dos microrganismos do solo. O resultado final é o aumento da quantidade de compostos orgânicos preservados da ação biológica e o aumento da quantidade de carbono orgânico e de matéria orgânica do solo. Ao longo do tempo, e lentamente, esse processo propicia aumento do chamado estoque de carbono no solo.
Capítulo: Potencial de Mitigação da Emissão de Gases de Efeito Estufa por Meio da Adoção da Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 361
Ano: 2015
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O incremento nos estoques de carbono do solo provenientes da adoção de sistemas de integração lavoura-pecuária (ILP) sob sistema de plantio direto (SPD) é maior quando comparados aos de áreas sob SPD sem a presença da pecuária ou quando a forrageira é utilizada somente para produção de palhada.
A elevação dos níveis de matéria orgânica do solo e a melhoria da qualidade física do solo com a introdução das pastagens em áreas agrícolas demonstram que o sistema de ILP tem potencial para reduzir o impacto ambiental das atividades produtivas, reduzindo as emissões de gases de efeito estufa (GEE). Há maior potencial de estoque de carbono, considerando o papel das forrageiras tropicais nos sistemas de produção, na seguinte ordem decrescente: 1) pastagem permanente com manejo adequado; 2) ILP sob SPD; 3) lavoura em SPD; 4) lavoura em cultivo mínimo; 5) lavoura em preparo convencional do solo.
Alguns levantamentos revelaram que as taxas de acúmulo de carbono no sistema de ILP sob SPD variaram entre 0,43 t/ha/ano e 0,60 t/ha/ano. A taxa de acúmulo de carbono na conversão do sistema de lavouras sob SPD para o sistema de ILP sob SPD pode ser de 0,8 t/ha/ano a 2,8 t/ha/ano na região do Cerrado. Em sistemas mais complexos, como o ILPF, por conter os componentes forrageiro e florestal, existe grande potencial de aumento na retenção de carbono no solo e na biomassa, bem como na redução de emissões de GEE. Além disso, em sistemas de ILPF, parte do CO2 removido poderá auxiliar na redução de emissões em outros setores além da agricultura, desde que a madeira produzida seja utilizada para a produção de móveis ou para a geração de energia. A produção de energia a partir de árvores plantadas pode substituir o uso de combustíveis fósseis. Essa substituição de uma fonte não renovável de energia (petróleo) por uma fonte renovável (carvão vegetal) pode ser contabilizada como redução de emissão de GEE.
Capítulo: Potencial de Mitigação da Emissão de Gases de Efeito Estufa por Meio da Adoção da Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 363
Ano: 2015
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Estratégias relevantes para mitigação ou redução da emissão dos GEE consistem em redução da queima de combustíveis fósseis (petróleo, gasolina, diesel, carvão mineral), minimização de desmatamentos e queimadas, manejo nutricional adequado de animais, manejo adequado das pastagens, manejo adequado do solo e estratégias de maximização das remoções de CO2, popularmente chamadas de sequestro de carbono da atmosfera.
Na produção animal, existem estratégias nutricionais que utilizam aditivos específicos, suplementos e dietas balanceadas que podem reduzir a emissão de metano entérico. É importante destacar que as práticas de mitigação das emissões de GEE no setor agropecuário estão, na maioria das vezes, associadas a aumentos de produtividade e eficiência no uso de insumos, contribuindo para o desenvolvimento de sistemas de produção de grãos, cereais, carnes, fibras e agroenergia mais sustentáveis.
Capítulo: Potencial de Mitigação da Emissão de Gases de Efeito Estufa por Meio da Adoção da Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 360
Ano: 2015
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Normalmente, o sistema de ILP é implantado por meio da sucessão de cultura anual com forrageira anual ou perene; do consórcio de culturas anuais com forrageiras (ex.: sistema Santa Fé); ou da rotação de cultura anual com forrageira perene (ex.: sistema São Mateus). De uma forma geral, o que se tem é a presença do componente forrageiro (intercalado com culturas anuais) por um período que pode variar de alguns meses (por exemplo, na entressafra seca ou no inverno) a alguns anos, dependendo do sistema adotado na fazenda. Nesse sentido, o componente forrageiro é utilizado para pastejo e produção animal por um período e pode ser transformado em palhada para o SPD da cultura subsequente. O consórcio de milho para produção de grãos com braquiária, por exemplo, tem potencial para gerar um volume entre 10 t/ha e 20 t/ha de matéria seca na superfície do solo logo após a colheita. Além disso, dependendo das condições de fertilidade do solo, pode haver uma contribuição equivalente em biomassa pelo sistema radicular que aumenta o potencial de transformação desse material em carbono do solo. Com esses volumes, é possível manter o equilíbrio entre adição de biomassa e oxidação da matéria orgânica do solo, mantendo um balanço positivo e sucessivos incrementos de carbono ao longo do tempo.
Capítulo: Potencial de Mitigação da Emissão de Gases de Efeito Estufa por Meio da Adoção da Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 364
Ano: 2015
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Pastagens tropicais estabelecidas em sistemas de integração apresentam maior valor nutritivo e elevadas produtividades, principalmente nos primeiros anos após a implantação. Uma vez que grande parte da emissão de metano por ruminantes é determinada pela qualidade da dieta, bovinos mantidos nessas pastagens emitirão menos metano por quilo de produto produzido (carne, leite), aumentando sua eficiência na conversão de pasto em proteína de alta qualidade. Dessa forma, as emissões individuais tendem a ser menores em sistemas de integração do que em sistemas extensivos com baixo nível tecnológico. Além disso, a criação de bovinos em pastagens produtivas pode impactar positivamente outros coeficientes técnicos, como taxa de natalidade, idade ao abate e mortalidade. O aumento da taxa de natalidade de 55% para 68%, a redução na idade de abate de 36 para 28 meses e a redução na mortalidade até 1 ano de 7% para 4,5% permitiriam que, em 2025, a produção de carne brasileira aumentasse 25,4% e, ao mesmo tempo, as emissões de metano em relação ao equivalente-carcaça produzido reduzissem em 18%. Os sistemas de integração podem ainda contribuir com a produção de grãos para alimentação animal em que parte da dieta é baseada em concentrados, como, por exemplo, confinamentos e semiconfinamentos, bastante comuns nas regiões subtropicais e temperadas.
Capítulo: Potencial de Mitigação da Emissão de Gases de Efeito Estufa por Meio da Adoção da Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 366
Ano: 2015
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Sim, as emissões de metano podem ser reduzidas com as seguintes medidas: adequado manejo de pastagens, uso de leguminosas fixadoras de nitrogênio em consórcio com capins e melhoramento genético vegetal e dos rebanhos, buscando, respectivamente, forrageiras com melhor valor nutritivo e animais mais eficientes para produção. Outra forma de redução de emissões de metano, porém com efeitos mais individuais, é o uso de aditivos ruminais antimetanogênicos.
Capítulo: Potencial de Mitigação da Emissão de Gases de Efeito Estufa por Meio da Adoção da Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 368
Ano: 2015
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As etapas da degradação de pastagens são:
- Implantação e estabelecimento das pastagens.
- Utilização das pastagens (ação climática e biótica, práticas culturais e manejo animal).
- Queda do vigor e da produtividade (efeito na capacidade de suporte).
- Queda na qualidade nutricional (efeito no ganho de peso animal).
- Degradação dos recursos naturais.
Capítulo: Potencial para Adoção da Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária e de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta para Recuperação de Pastagens Degradadas
Número da Pergunta: 379
Ano: 2015
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Os dados oficiais sobre área e proporção de pastagens degradadas são desencontrados e pouco precisos, em razão das dificuldades em fazer esse tipo de avaliação em mais de 100 milhões de hectares de pastagens cultivadas no Brasil. Estima-se que 10% a 20% das pastagens estejam produzindo em seu potencial; 40% a 50% estejam em algum estágio de degradação; e 20% a 30% já se encontrem muito degradadas. Portanto, o potencial que a adoção de sistemas de ILP e ILPF tem para a recuperação de pastagens degradadas é imenso, com a incorporação de grandes extensões de terra ao processo produtivo, sem a necessidade de abertura ou desmatamento de novas áreas, produzindo alimentos e renda de forma sustentável.
Capítulo: Potencial para Adoção da Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária e de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta para Recuperação de Pastagens Degradadas
Número da Pergunta: 381
Ano: 2015
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Para a introdução do sistema de ILP, inicialmente deve ser realizado um completo levantamento ou diagnóstico na área, assim como saber qual a potencialidade da região e a situação econômica do produtor. Esse diagnóstico determinará qual alternativa é mais compatível para a recuperação da pastagem ou pastagens do local, qual sistema de ILP pode ser implantado e quais metas de produção e de investimentos serão necessários para ser bem sucedido na implantação e exploração do sistema. O apoio de um técnico experiente é fundamental para um bom começo.
Capítulo: Potencial para Adoção da Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária e de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta para Recuperação de Pastagens Degradadas
Número da Pergunta: 398
Ano: 2015
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Os níveis de calagem e adubação a serem adotados para a recuperação de pastagens com cultivos devem seguir as recomendações básicas para a cultura a ser implantada (por exemplo, soja, milho, sorgo, etc.). Esse procedimento deve ser levado em consideração inclusive em sistemas de ILP e ILPF. As culturas mais exigentes a serem usadas no sistema devem ser observadas como referência para a manutenção do sistema de forma sustentável.
Capítulo: Potencial para Adoção da Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária e de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta para Recuperação de Pastagens Degradadas
Número da Pergunta: 401
Ano: 2015
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São solos de textura leve, ou seja, com composição granulométrica, nas seguintes classes texturais: areia, areia franca ou francoarenosa. Isso significa que são solos que possuem aproximadamente entre 50% e 100% de areia, 0 e 20% de argila e 0 e 40% de silte.
Capítulo: Potencial para Adoção da Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta para o Uso Sustentável de Solos Arenosos
Número da Pergunta: 402
Ano: 2015
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Os solos arenosos são caracterizados fisicamente por terem baixa capacidade de retenção de água e originalmente altas taxas de percolação e de infiltração de água. São solos com maior facilidade de preparo mecânico, porém muito sensíveis ao manejo intensivo por causa da sua estrutura simples ou fraca e pouca consistência. Normalmente são solos com baixa capacidade de troca catiônica (CTC) e baixa fertilidade natural.
Capítulo: Potencial para Adoção da Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta para o Uso Sustentável de Solos Arenosos
Número da Pergunta: 405
Ano: 2015
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Alguns problemas causados pelo excessivo manejo mecânico dos solos arenosos são:
- Erosão.
- Compactação superficial e subsuperficial.
- Encharcamento.
- Dispersão da fração argila e consequente perda por carreamento ou eluviação.
A condição geográfica dos locais onde ocorre esse tipo de solo favorece a agricultura intensiva, com a utilização de grade aradora pesada associada à utilização de subsoladores e escarificadores. É comum observar nesses solos, quando manejados inadequadamente com esses implementos, a formação de crosta ou camada adensada na superfície.
Capítulo: Potencial para Adoção da Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta para o Uso Sustentável de Solos Arenosos
Número da Pergunta: 408
Ano: 2015
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São vários os itens financiáveis que podem fazer parte de um projeto de crédito rural, como, por exemplo, elaboração de projeto técnico e georreferenciamento das propriedades rurais; assistência técnica necessária até a fase de maturação do projeto; aquisição de sementes e mudas para a formação de pastagens e de florestas; aquisição, construção ou reformas de bebedouros e de saleiros ou cochos para sal; aquisição de bovinos, ovinos e caprinos para reprodução, recria e terminação, e sêmen, óvulos e embriões dessas espécies, limitada a 40% do valor financiado. Esses itens são financiáveis desde que vinculados a projetos em conformidade com os empreendimentos apoiáveis.
A lista completa dos itens financiáveis pode ser consultada no texto da Resolução nº 3.896, do Banco Central do Brasil (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2010).
Há uma forte aderência entre o financiamento do Programa ABC e o Cadastro Ambiental Rural (CAR) uma vez que é possível obter até 35% do valor financiado, quando destinado à implantação e manutenção de florestas comerciais ou recomposição de áreas de preservação permanente ou de reserva legal.
BANCO CENTRAL DO BRASIL. Resolução nº 3.896, de 17 de agosto de 2010. Institui, no âmbito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o Programa para Redução da Emissão de Gases de Efeito Estufa na Agricultura (Programa ABC). Disponível em: <http://www.bcb.gov.br/pre/normativos/busca/normativo.asp?tipo=res&ano=2010&numero=3896>.
Capítulo: Potencial de Mitigação da Emissão de Gases de Efeito Estufa por Meio da Adoção da Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 375
Ano: 2015
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Os sistemas de integração (ILP, IPF, ILF e ILPF) aparecem como tecnologias elencadas para compor os compromissos brasileiros de redução de emissões específicas para o setor agropecuário. Dessa forma, a contribuição de sistemas de integração na mitigação de gases de efeito estufa (GEE) ocorrerá pela expansão de área de adoção desses sistemas em 4 milhões de hectares até 2020. Para tal, e como as demais tecnologias do Plano ABC, existem várias ações planejadas visando a esse aumento da adoção de sistemas de integração nas diferentes regiões brasileiras.
Capítulo: Potencial de Mitigação da Emissão de Gases de Efeito Estufa por Meio da Adoção da Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 372
Ano: 2015
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Para adoção dos sistemas de integração, são necessárias diversas condições, que são determinadas pelo diagnóstico realizado na região e na propriedade, de acordo com os objetivos do proprietário, da disponibilidade e qualificação da mão de obra e do nível gerencial e operacional da propriedade. O tempo de exploração da lavoura ou da pecuária depende do sistema de ILP a ser adotado, podendo-se utilizar a pecuária por um período curto de meses ou até vários anos e retornar novamente com a lavoura, e assim em ciclos sucessivos.
Capítulo: Potencial para Adoção da Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária e de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta para Recuperação de Pastagens Degradadas
Número da Pergunta: 388
Ano: 2015
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A cultura mais indicada para a recuperação das pastagens depende da alternativa de recuperação ou renovação que será utilizada, assim como de qual estágio de degradação se encontra a pastagem. Em alguns casos, o condicionamento químico e físico da área, por meio da recuperação direta da pastagem, é recomendado antes da introdução de uma cultura anual. Esse pode ser o caso do uso do sistema São Mateus, sugerido pela Embrapa.
Capítulo: Potencial para Adoção da Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária e de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta para Recuperação de Pastagens Degradadas
Número da Pergunta: 393
Ano: 2015
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As pastagens em rotação no sistema ILP ou ILPF, quando bem manejadas e com adubação de manutenção, mantêm seu potencial produtivo, e podem garantir fertilidade no solo próxima, ou suficiente, aos níveis requeridos para a implantação da cultura anual que virá em seguida. Esse procedimento reduz os custos. Pastagens bem manejadas, com lotação adequada e adubação de manutenção, também produzem sistemas radiculares que melhoram as propriedades físicas e biológicas do solo. Isso favorece a cultura que vem a seguir no sistema de rotação em ILP ou ILPF.
Capítulo: Potencial para Adoção da Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária e de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta para Recuperação de Pastagens Degradadas
Número da Pergunta: 394
Ano: 2015
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Na 15ª Conferência das Partes (COP-15), realizada no ano de 2009, em Copenhague, Dinamarca, com o intuito de informar as Partes da Convenção, o governo brasileiro indicou um compromisso nacional voluntário, mais conhecido como Ações de Mitigação Nacionalmente Apropriadas – em inglês, Nationally Appropriate Mitigation Actions (Nama) –, com potencial da redução das emissões de GEE entre 36,1% e 38,9% em relação às emissões brasileiras projetadas até 2020. Para tanto, está implantando diferentes ações em diversos setores da economia.
No caso específico da agricultura, os compromissos se referem à expansão da adoção ou do uso de tecnologias que podem ser adotadas para mitigar emissões de GEE e, em contrapartida, promover a retenção ou remoção de CO2 na biomassa e no solo. A esse conjunto de tecnologias denominou-se "agricultura de baixa emissão de carbono", entre as quais se encontram os sistemas integrados. Esses compromissos foram ratificados na lei que institui a Política Nacional sobre Mudanças do Clima – PNMC (BRASIL, 2009).
Em 2010, foi publicado o Decreto nº 7.390, que regulamenta artigos da Lei nº 12.187 (BRASIL, 2010). Para efeito dessa regulamentação, no caso específico da agricultura ficou estabelecido que fosse constituído o Plano Setorial para a Consolidação de uma Economia de Baixa Emissão de Carbono na Agricultura, também denominado Plano de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (Plano ABC).
BRASIL. Decreto nº 7.390, de 9 de dezembro de 2010. Regulamenta os arts. 6º, 11 e 12 da Lei nº 12.187, de 29 de dezembro de 2009, que institui a Política Nacional sobre Mudança do Clima - PNMC, e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 10 dez. 2010. Seção 1, p. 4.
BRASIL. Lei nº 12.187, de 29 de dezembro de 2009. Institui a Política Nacional sobre Mudança do Clima - PNMC e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 29 dez. 2009. Seção 1, p. 109.
Capítulo: Potencial de Mitigação da Emissão de Gases de Efeito Estufa por Meio da Adoção da Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 369
Ano: 2015
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O Plano ABC é um dos planos setoriais estabelecidos pela Política Nacional sobre Mudanças do Clima (PNMC) cujo objetivo é consolidar uma economia de baixa emissão de carbono na agricultura brasileira. Muitas ações de divulgação, capacitação de técnicos e produtores rurais e transferência de tecnologia vêm sendo desenvolvidas em todo o território nacional, coordenadas regionalmente pelos Grupos Gestores Estaduais do Plano ABC já estabelecidos em todos os estados da Federação.
Já o Programa ABC é uma linha de crédito instituída no Plano Agrícola e Pecuário 2010–2011 pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que disponibiliza anualmente recursos com juros mais baixos e prazos diferenciados para financiar projetos de investimento e custeio que promovam a utilização de práticas adequadas, tecnologias adaptadas e sistemas produtivos eficientes que contribuam para a mitigação da emissão dos gases de efeito estufa (GEE).
Capítulo: Potencial de Mitigação da Emissão de Gases de Efeito Estufa por Meio da Adoção da Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 370
Ano: 2015
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A degradação das pastagens é uma forma sutil de queda de vigor, de produtividade, em seus estágios iniciais, por isso nem sempre é muito notada, principalmente, quando não se tem um monitoramento adequado da lotação animal e da produção animal por área/ano. Primeiramente a degradação diminui a oferta de forragem e a capacidade de lotação por área, e, posteriormente, afeta o desempenho individual dos animais, com queda nos valores nutritivos da forrageira.
Capítulo: Potencial para Adoção da Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária e de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta para Recuperação de Pastagens Degradadas
Número da Pergunta: 382
Ano: 2015
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Propõem-se, para entendimento didático das alternativas de recuperação de pastagens degradadas, conceitos como: recuperação, renovação e reforma de pastagens.
- Recuperação: é utilizada basicamente quando se quer reverter o processo de degradação utilizando-se a mesma espécie ou cultivar forrageira.
- Renovação: é quando se pretende trocar a espécie ou cultivar forrageira.
- Reforma: embora reforma seja um termo bastante utilizado quando intervenções mais profundas são feitas, esse conceito causa certa confusão, e deveria ser usado para designar intervenções pontuais nas pastagens.
Capítulo: Potencial para Adoção da Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária e de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta para Recuperação de Pastagens Degradadas
Número da Pergunta: 383
Ano: 2015
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Tanto a alternativa recuperação, como a renovação, pode ser utilizada de forma direta ou indireta. Dizemos que as alternativas são diretas quando o processo não utiliza um mecanismo intermediário para se atingir a meta final. Esse intermediário pode ser uma pastagem anual, como, milheto (Pennisetum glaucum) ou sorgo forrageiro (Sorghum bicolor), ou culturas anuais como: arroz (Oryza sativa), soja (Glycine max), milho (Zea mays), sorgo forrageiro, etc. O cultivo de uma cultura intermediária favorece várias situações, principalmente quando se quer trocar as espécies forrageiras, pois a alternância de culturas, assim como o uso de herbicidas, facilita a diminuição ou quase eliminação, em muitos casos, do banco de sementes no solo da forrageira que se quer trocar. A ILP pode se enquadrar nas duas situações, tanto na forma direta, como na indireta.
Capítulo: Potencial para Adoção da Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária e de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta para Recuperação de Pastagens Degradadas
Número da Pergunta: 384
Ano: 2015
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Os solos arenosos acumulam menores quantidades de carbono e MOS por causa da maior presença de poros, aspecto que confere maior aeração. Isso gera condições mais favoráveis à oxidação ou mineralização da MOS. Com o manejo ou preparo mecânico convencional do solo, esse fenômeno é acelerado, e as perdas por oxidação são maiores do que as adições de carbono na forma de resíduos vegetais (palhada). Em condições tropicais e subtropicais, as perdas de carbono em solos arenosos pelo excessivo manejo mecânico ou preparo convencional pode ser de 30% a mais de 70% do teor original em poucos anos (5 a 10 anos). Por sua vez, com a adoção de sistemas de produção sustentáveis, como o sistema de plantio direto (SPD) e os sistemas de integração, é possível observar aumento dos teores de carbono do solo e da MOS, com melhoria da qualidade do solo e de sua produtividade.
Capítulo: Potencial para Adoção da Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta para o Uso Sustentável de Solos Arenosos
Número da Pergunta: 410
Ano: 2015
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Não. O pousio, ou a interrupção no cultivo de solos, não é uma prática desejável em solos arenosos, pois não contribui para a sua melhoria tampouco para seu uso sustentável. O que era chamado de "descanso" de terras, na verdade é apenas uma forma de proliferação de plantas daninhas, de insetos-praga e de doenças, além de aumentar a desuniformização das áreas. Além disso, existem formas mais adequadas de promover a melhoria da qualidade do solo. Em vez de abandonar seu cultivo, deve-se promover a sua ocupação permanente, com plantas comerciais intercaladas com plantas de produção de biomassa, ou a formação de palhada num sistema de rotação de culturas, de modo que haja aumento da atividade biológica e incremento nos teores de carbono e MOS.
Capítulo: Potencial para Adoção da Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta para o Uso Sustentável de Solos Arenosos
Número da Pergunta: 411
Ano: 2015
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A movimentação de água no perfil de solos arenosos é mais facilitada e rápida, por causa da predominância de poros grandes e da estrutura típica desses solos. Com essa movimentação mais intensa de água, associada à baixa capacidade de troca catiônica (CTC), ocorre a lixiviação ou perda de elementos químicos essenciais das camadas superficiais para as camadas mais profundas do solo, dificultando a absorção radicular. Os macronutrientes mais importantes que se perdem por lixiviação em solos arenosos são o potássio e o nitrogênio. Para evitar as perdas, de uma maneira geral deve-se optar por sistemas de produção que proporcionem aumento dos teores de matéria orgânica do solo, pois, dessa forma, podem-se aumentar não somente as cargas da CTC do solo, mas também a reciclagem de nutrientes e a capacidade de retenção de água no solo.
Capítulo: Potencial para Adoção da Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta para o Uso Sustentável de Solos Arenosos
Número da Pergunta: 415
Ano: 2015
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Deve-se aplicar gesso agrícola (sulfato de cálcio), pois isso diminui, em menor tempo, a saturação de alumínio nas camadas mais profundas do solo. Desse modo, criam-se condições para que o sistema radicular das plantas se aprofunde no solo e, consequentemente, o efeito de veranicos sejam minimizados. Deve ficar claro, porém, que o gesso não neutraliza a acidez do solo e deve ser utilizado em áreas onde a análise de solo, na profundidade de 30 cm a 50 cm, indique a saturação de alumínio maior que 20% e/ou quando a saturação do cálcio for menor que 60% (cálculo feito com base na capacidade de troca efetiva de cátions). A dose de gesso agrícola (15% de enxofre) a ser aplicada deve ser de 700 kg/ha para solos de textura arenosa. O efeito residual dessa dosagem é de, no mínimo, 5 anos.
Capítulo: Potencial para Adoção da Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta para o Uso Sustentável de Solos Arenosos
Número da Pergunta: 414
Ano: 2015
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Não é mais difícil, porém o manejo da fertilidade não deve seguir as mesmas recomendações indicadas para solos argilosos. Além disso, o conhecimento da composição granulométrica, incluindo o fracionamento da areia, é fundamental, pois há grande variação com predominância de areia fina em algumas regiões. A aplicação de calcário em solos arenosos, tanto para correção de acidez quanto para reposição de cálcio e magnésio, deve ser feita a lanço, em área total, seguindo as recomendações de calagem vigentes. Porém, a diferença é que essa operação deve ser mais frequente e com doses menores. Para se construir fertilidade de solos anerosos, deve-se ter em mente que são solos com maiores possibilidades de perdas por lixiviação de alguns nutrientes, baixa capacidade de retenção de elementos e restrição hídrica mais frequente. Por sua vez, o manejo do fósforo em solos arenosos é menos crítico, pois a fixação é menor em comparação a solos argilosos.
Capítulo: Potencial para Adoção da Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta para o Uso Sustentável de Solos Arenosos
Número da Pergunta: 413
Ano: 2015
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Condicionador de solo é um produto que promove a melhoria das propriedades físicas, físico-químicas ou da atividade biológica do solo, podendo recuperar solos degradados ou desequilibrados nutricionalmente. Existem produtos comerciais que se classificam como condicionadores de solo, os quais devem seguir as normas previstas na legislação brasileira. Esses produtos podem ser de diversas fontes, como rochas, húmus, "biochar", entre outros. Contudo, na natureza existem plantas, como as braquiárias, que atuam como condicionadores de solo, melhorando-o para a produção agrícola.
Capítulo: Atributos da Braquiária como Condicionador de Solos sob Integração Lavoura-Pecuária e Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 427
Ano: 2015
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A braquiária pode ser cultivada na maioria dos solos do Brasil, mas existe uma combinação entre a espécie de braquiária e a fertilidade do solo. De maneira geral, a espécie Urochloa decumbens (syn. Brachiaria decumbens) se desenvolve em solos de baixa a média fertilidade, enquanto a U. ruziziensis (syn. B. ruziziensis) e a U. brizantha (syn. B. brizantha) se desenvolvem em solos de média a alta fertilidade. A espécie U. humidicola (syn. B. humidicola), por sua vez, se adapta a condições de solos alagados, fato que não ocorre com as braquiárias anteriormente citadas. Por serem espécies de clima tropical, têm crescimento reduzido com a diminuição da temperatura e não toleram geadas. Nos sistemas de integração lavoura-pecuária (ILP) e integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), várias espécies são utilizadas com sucesso.
Capítulo: Atributos da Braquiária como Condicionador de Solos sob Integração Lavoura-Pecuária e Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 429
Ano: 2015
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Os atributos são as características inerentes do solo, identificadas no campo ou analisadas em laboratório. Os atributos estão relacionados a características que melhor expressam a formação (gênese) do solo. Eles fornecem informações essenciais para o manejo e uso agrícola dos solos e podem ser classificados em três grandes grupos:
- Químicos: compreendem elementos químicos que podem ou não ser nocivos aos vegetais, incluindo os nutrientes essenciais para as plantas, como cálcio, magnésio, enxofre, nitrogênio, fósforo, potássio, boro, cloro, cobre, ferro, manganês, molibdênio, zinco, entre outros.
- Físicos: compreendem porosidade, agregação, densidade do solo, entre outras características, como a textura do solo (fator esse que não pode ser alterado por condicionador de solo algum).
- Biológicos: compreendem a matéria orgânica do solo, os microrganismos e a fauna do solo.
Capítulo: Atributos da Braquiária como Condicionador de Solos sob Integração Lavoura-Pecuária e Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 432
Ano: 2015
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As braquiárias podem ser utilizadas para enriquecimento da fertilidade do solo, principalmente nas camadas superficiais, pois recuperam os nutrientes em profundidade. Isso ocorre porque elas acumulam boa quantidade de nutrientes em sua matéria seca, que, aliado a sua grande produção de fitomassa aérea e radicular, que explora grande volume do perfil do solo, proporciona a ciclagem desses nutrientes, tornando-os disponíveis para os cultivos subsequentes. Esse fato se deve ao posterior processo de decomposição do material vegetal, em que esses nutrientes serão mineralizados e disponibilizados para o sistema solo-planta. Além de ser benéfico para a reciclagem de nutrientes, impede que esses elementos fiquem vulneráveis aos processos de perdas no solo, como volatilização (no caso do nitrogênio), lixiviação (no caso do potássio), fixação (no caso do fósforo) e erosão (desses e de outros nutrientes).
As braquiárias também possuem a capacidade de absorver formas de fósforo (P) e potássio (K) que outras culturas não têm acesso. No entanto, após sua decomposição, esse nutriente é disponibilizado para o solo em formas que outras culturas podem absorver. O potássio, vulnerável à lixiviação, é liberado da palhada em período diferente da adubação potássica, reduzindo esse prejuízo. Já o fósforo é altamente vulnerável ao processo de fixação, cuja presença da cobertura morta rica em fósforo, com decomposição gradual dos resíduos orgânicos, proporciona a formação de formas orgânicas de fósforo menos suscetíveis às reações de adsorção, que, com o processo de mineralização, vão lentamente abastecer o fósforo na solução do solo. Em estudo realizado na Embrapa Cerrados, uma área cultivada exclusivamente com culturas anuais por 22 anos, obteve-se, em média, 44% de recuperação do fósforo aplicado (medido na cultura da soja), enquanto, na área onde se introduziu a pastagem, a recuperação média de fósforo (também medida na cultura da soja) foi de até 85%, ou seja, a recuperação do fósforo na ILP foi 93% maior do que no sistema grão-grão. Portanto, na ILP e ILPF, o cultivo de braquiárias em sistemas de sucessão ou rotação de culturas pode implicar modificações na atividade química relacionada à ciclagem de nutrientes no solo.
Estudos têm demostrado que as braquiárias também podem realizar simbiose com bactérias fixadoras de nitrogênio atmosférico, destacadamente aquelas do gênero Azospirilum. Essa relação pode fornecer até 40 kg de nitrogênio por hectare por ano. Não é o suficiente para disponibilizar nitrogênio para culturas subsequentes, porém auxilia, e muito, a nutrição das plantas de braquiária. Da palhada das braquiárias, podem ser liberados também ácidos orgânicos, que funcionam como ligantes orgânicos aniônicos, capazes de movimentar o cálcio e o magnésio no perfil, aumentando a saturação por bases em subsuperfície. Podem também complexar alumínio tóxico, ocupar sítios de adsorção do fósforo, solubilizar fosfatos indisponíveis, como as apatitas, ou aumentar a eficiência de fosfatos naturais poucos solúveis.
Somado a todos esses efeitos individuais, o aporte de braquiária pode, ao longo dos anos, aumentar os teores de matéria orgânica do solo nos sistemas ILP e ILPF, proporcionando todos os benefícios já conhecidos.
Capítulo: Atributos da Braquiária como Condicionador de Solos sob Integração Lavoura-Pecuária e Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 433
Ano: 2015
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No sistema de plantio direto (SPD), o nitrogênio (N) é o elemento que tem a dinâmica mais afetada, pois, com a decomposição mais lenta da palhada, deixada sobre a superfície do solo, processos como a imobilização, mineralização e lixiviação são alterados. Mais especificamente no cultivo consorciado em SPD, de gramíneas graníferas com plantas de braquiária, isso pode significar comprometimento da quantidade de nitrogênio necessária para o adequado desenvolvimento das espécies graníferas, não apenas pelo fenômeno da imobilização de nitrogênio por parte dos microrganismos do solo, mas também pela competição entre as espécies pelo elemento, que é o mais exigido pela cultura do milho, bem como pelas braquiárias. Esse efeito é menos significativo para culturas leguminosas, que suprem suas necessidades desse nutriente por meio da fixação biológica de nitrogênio. Como alternativa para esse problema, recomenda-se a aplicação antecipada de nitrogênio, que pode ser realizada em pré-semeadura da cultura comercial, na própria braquiária, favorecendo a produção de palha dessa cultura e beneficiando também a cultura subsequente, à medida que o nitrogênio mineralizado da palhada e o nitrogênio do fertilizante, temporariamente imobilizado nos resíduos, ficam disponíveis para próxima cultura. Isso porque o nitrogênio é um dos nutrientes mais requeridos pela braquiária; assim a fertilização com nitrogênio reflete diretamente na produção de fitomassa. As doses de nitrogênio para suprir a demanda variam de acordo com o ambiente e a rotação de culturas, sendo maiores quando a rotação é realizada com gramíneas. Dessa forma, a aplicação de nitrogênio nas doses preconizadas pelos boletins podem não atender as necessidades das culturas. Contudo, estudos dessa natureza são incipientes, ficando o manejo de nitrogênio nessas culturas, quando consorciadas com forrageiras perenes, sem embasamento científico suficiente para promover alterações do que é preconizado pelos boletins para cultivos solteiros. Cabe ao produtor, conhecendo sua rotação de culturas, seu solo e sua capacidade de produção, fazer o uso racional do fertilizante nitrogenado, um dos mais impactantes nos custos de produção das lavouras comerciais.
Capítulo: Atributos da Braquiária como Condicionador de Solos sob Integração Lavoura-Pecuária e Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 443
Ano: 2015
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Quando a braquiária é cultivada durante o verão, ela produz sementes que podem permanecer no solo e se tornar planta infestante nas culturas em sucessão. Mas a braquiária pode ser controlada com herbicidas específicos para culturas anuais, como milho, sorgo, feijão e soja, sem danificar essas culturas. A dessecação tem mais eficiência quando realizada sobre folhas novas, e por isso prioriza-se dessecar após o pastejo por animais, pois eles se alimentam das folhas velhas da braquiária quando ocorre o chamado "superpastejo". Mesmo que eles se alimentem das folhas novas da braquiária, pode-se esperar uma rebrota, se necessário, para então dessecar. No que se refere à dose de herbicida dessecante, ressalta-se que ela é variável de acordo com a espécie de braquiária a ser dessecada, a altura da pastagem e a formulação do produto comercial. De modo geral, a U. ruziziensis é dessecada com dose menor que a U. brizantha, por exemplo. Além disso, é importante respeitar o intervalo entre a dessecação da braquiária e a semeadura da cultura de verão seguinte. Esse intervalo varia entre uma a quatro semanas, de acordo com a quantidade de massa de braquiária presente na área e que será dessecada: quanto mais massa, maior o intervalo.
Capítulo: Atributos da Braquiária como Condicionador de Solos sob Integração Lavoura-Pecuária e Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 444
Ano: 2015
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O cultivo consorciado de milho com braquiária no sistema de ILP e ILPF já é bem conhecido e proporciona exploração do solo por raízes de diferentes diâmetros e exigências de fertilidade e umidade, crescendo em profundidade, durante o ano todo e deixando mais poroso o solo. Além disso, é uma forma de introduzir as forrageiras no sistema de produção sem deixar de produzir grãos, ou seja, utiliza-se a janela de plantio para duas culturas, sendo uma delas graníferas e de maior retorno econômico. É uma forma mais eficiente de uso da terra. A consorciação com culturas de menor porte pode ser realizada, com acompanhamento rigoroso no campo, mas, quando a colheita da cultura é realizada rente ao solo, como é o caso da soja, a recuperação da braquiária é lenta.
Capítulo: Atributos da Braquiária como Condicionador de Solos sob Integração Lavoura-Pecuária e Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 445
Ano: 2015
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A braquiária pode ser um importante aliado contra algumas espécies e raças de nematoides. A decomposição da cobertura vegetal sobre o solo aumenta a matéria orgânica e, com isso, muitos microrganismos benéficos às plantas se multiplicam e ocupam grandes volumes de solo. Assim, a velocidade de multiplicação, quando o teor de matéria orgânica é elevado, diminui o espaço e aumenta a competição com os nematoides, que, por sua vez, têm sua multiplicação reduzida. Já existem comprovações científicas sobre algumas espécies de braquiária utilizadas como cobertura do solo no SPD que reduzem a população de Rotylenchulus reniformis. Porém, deve-se ressaltar que muitas vezes os produtores adquirem sementes de braquiária com grandes quantidades de impurezas, principalmente solo. É justamente nesse solo que vem junto das sementes onde os nematoides podem estar e, a partir de então, se multiplicarem na área.
Outra consideração a ser feita é a respeito do fator de multiplicação dos nematoides no solo em razão de cultivos. Estudos mostram que o fator de reprodução de Pratilenchus brachiurus em solo cultivado com determinado cultivar de milheto é mais que o dobro se comparado a U. ruziziensis (3,4 e 1,5, respectivamente). Dessa forma, o produtor deve sempre ficar atento a recomendações importantes. Adquirir sementes de forrageiras de qualidade e procedência, com alto valor cultural e livre de impurezas, é a garantia de sucesso e a forma mais eficiente de evitar a proliferação de nematoides na área.
Capítulo: Atributos da Braquiária como Condicionador de Solos sob Integração Lavoura-Pecuária e Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 446
Ano: 2015
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Sistemas de ILPF propiciam importantes vantagens, pois potencializam melhor dinâmica hídrica, principalmente com a inserção do componente florestal, pois promove a melhoria na distribuição de vapor de água, a estabilização da temperatura e da umidade relativa do ar, além de proteger a superfície do solo. As diferentes espécies florestais nesses sistemas atuam como estabilizadores térmicos e interceptadoras de radiação solar. Além disso, com seus resíduos vegetais sobre o solo, atuam como interceptadores e armazenadores da água da chuva.
Capítulo: Potencial para Adoção da Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta para o Uso Sustentável de Solos Arenosos
Número da Pergunta: 422
Ano: 2015
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Entre as espécies comumente utilizadas, as braquiárias U. decumbens, U. brizantha e U. ruziziensis têm se destacado pela elevada capacidade de produção de massa de matéria seca, tolerância à deficiência hídrica, absorção de nutrientes em camadas mais profundas do solo e reciclagem de nutrientes, desenvolvendo-se em condições ambientais em que a maioria das culturas produtoras de grãos e das espécies utilizadas para cobertura do solo não se desenvolveriam, garantindo-as como excelentes alternativas para a produção de fitomassa durante a entressafra de regiões de inverno seco. No entanto, não só essas espécies podem trazer benefícios múltiplos ao solo. A escolha deve se basear nas características que cada uma das braquiárias possui para se adaptar as condições de cada propriedade, em diversas modalidades de ILP e ILPF. Algumas características das braquiárias mais utilizadas hoje no Brasil são:
- Urochloa decumbens: é a espécie de maior difusão no País após a introdução do gênero Urochloa. Por emitir grandes quantidades de estolões e se ramificar vigorosamente, é recomendada para áreas de topografia acidentada, contribuindo para a recuperação de áreas com processo inicial de erosão. Também é tolerante ao sombreamento e à estiagem moderada, especialmente na entressafra das culturas graníferas. É comumente propagada via sementes, e floresce durante todo o estágio de crescimento. Contudo, essas sementes apresentam certo grau de dormência, podendo resultar problemas com seu banco de semente, especialmente quando se deseja substituir essa cultura na área. Essa espécie produz, em média, 15 t/ha/ano de matéria seca, variando de acordo com o manejo, a fertilidade do solo e a adubação. É moderadamente susceptível à cigarrinha-das-pastagens. Atualmente vem sendo substituída por espécies mais produtivas. No Brasil a cultivar que predomina é a Basilisk.
- Urochloa brizantha: essa espécie ganhou destaque por sua alta produtividade. Diferencia-se das demais braquiárias pelo seu hábito de crescimento, de ereto a semiereto, garantindo maior interceptação luminosa. Também é propagada por sementes, porém produzidas em menor número que a U. decumbens. É resistente à cigarrinha-das-pastagens e possui tolerância ao sombreamento. Sua produção de matéria seca atinge, em média, 25 t/ha/ano, respondendo bem à adubação. Por se ramificar menos e formar touceiras, possui alguma restrição para o cultivo de grãos em sequência. Para minimizar esse problema e reduzir o número de touceiras, recomenda-se o aumento da taxa de semeadura e (ou) o manejo adequado do pastejo. As principais cultivares dessa espécie são Marandu, Xaraés, BRS Piatã e BRS Paiaguás.
- Urochloa ruziziensis: atualmente, a mais difundida das braquiárias, especialmente para rotação e/ou consorciação com culturas produtoras de grãos e florestas. Isso se deve a sua facilidade de manejo, especialmente quanto à semeadura, que pode ser realizada a lanço ou em sulco; à ausência de touceiras grandes; e à facilidade da dessecação com herbicidas. É sensível à cigarrinha-das-pastagens e não tolera longos períodos de estiagem. Produz em média cerca de 20 t/ha/ano de matéria seca, porém com persistência de palha inferior se comparada às demais braquiárias, principalmente porque possui menor relação caule/folhas.
Capítulo: Atributos da Braquiária como Condicionador de Solos sob Integração Lavoura-Pecuária e Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 430
Ano: 2015
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Sim, a irrigação é uma importante ferramenta para o aumento do potencial produtivo de solos arenosos, pois possibilita aumento da produção de biomassa de forma contínua ao longo do ano, e não somente favorece a produtividade das culturas, mas também promove a melhoria de outros fatores, como a matéria orgânica do solo (MOS) e a disponibilidade e reciclagem de nutrientes.
Capítulo: Potencial para Adoção da Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta para o Uso Sustentável de Solos Arenosos
Número da Pergunta: 424
Ano: 2015
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Basta regular a altura de entrada e da saída dos animais na pastagem. Existe uma altura ideal para cada espécie. Esse manejo garante que, após cada ciclo de pastejo, as folhas remanescentes sejam responsáveis pela produção de fotoassimilados, proporcionando a produção de novas folhas e perfilhos a partir das gemas que estão posicionadas na base da planta, garantindo a perenidade da pastagem por mais tempo. Para saber a altura correta, existem algumas estratégias. A Embrapa Gado de Corte desenvolveu uma régua de manejo de pastagens em que é possível encontrar o ponto ideal de entrada e de saída da pastagem. Nos piquetes sob pastejo contínuo, a régua de manejo indica o momento de aumentar ou reduzir a lotação do pasto. Quando o capim atinge a altura máxima, é hora de aumentar o número de animais no piquete. Quando chega à altura mínima, deve-se retirar os animais do pasto e deixá-lo em descanso. A taxa de lotação mais adequada será aquela que mantiver a pastagem numa altura intermediária entre a máxima e a mínima e que permitir o consumo de toda a forragem entre a altura de entrada e a altura de saída num determinado período de tempo. O produtor também pode utilizar uma régua graduada em centímetros e posicioná-la próximo de uma planta, determinando a altura entre a superfície do solo e a última folha expandida na parte superior da planta.
Capítulo: Atributos da Braquiária como Condicionador de Solos sob Integração Lavoura-Pecuária e Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 448
Ano: 2015
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Sim. A quantidade de cobertura sobre o solo aliado a uma baixa velocidade de decomposição diminui a incidência de plantas daninhas, por exemplo. Existem evidências de que essa redução da quantidade e diversidade de plantas daninhas na área reduz a necessidade de uso de herbicidas para o controle dessas invasoras. Numa área convencional, há necessidade de aplicação de herbicidas específicos para o controle de plantas de folhas largas e estreitas. Já, com cobertura de braquiária, a diminuição da presença e diversidade das plantas faz com que o produtor utilize somente um único produto, reduzindo os custos e aumentando os benefícios ambientais. O mesmo pode acontecer com algumas doenças que se originam do solo, como a Fusarium. A braquiária, por não ser uma espécie hospedeira, diminui a pressão da doença para a cultura que vier na sequência, reduzindo o uso de fungicidas para controle da fusariose em feijoeiro, por exemplo.
Capítulo: Atributos da Braquiária como Condicionador de Solos sob Integração Lavoura-Pecuária e Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 450
Ano: 2015
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Considerando que a eficiência econômica é a busca contínua por melhores retornos econômicos, tendo como condicionantes a relação entre os custos de produção, o preço de venda do produto e a tecnologia empregada no processo produtivo, pode-se identificar, por meio de análises econômico-financeiras, os fatores críticos para que sejam obtidos os resultados esperados. Nesse sentido, análises econômico-financeiras realizadas em diversos sistemas integrados de produção, além de seu acompanhamento ao longo do tempo, têm demonstrado ser a disponibilidade e a qualificação da mão de obra, especialmente durante o período de implementação dos sistemas, fator determinante para seu sucesso.
O nível de entendimento, por parte do produtor, de todas as etapas envolvidas na produção, bem como a sua capacitação na adoção dessas tecnologias também contribuem de forma decisiva para tal. Projetos de sistemas integrados já demonstraram ter alta sensibilidade às taxas de juros dos financiamentos e empréstimos tomados para sua implementação, e isso ressalta a importância de um planejamento minucioso do sistema, antes de colocar as atividades de campo em prática. Além disso, a falta de maquinário específico para determinadas atividades assim como a falta de infraestrutura necessária para a realização de atividades simultâneas podem comprometer a eficiência do sistema. Por fim, as relações de troca de insumos e produtos também têm influência na eficiência econômica, uma vez que determinam os resultados econômicos obtidos pelos produtores rurais.
Capítulo: Análise Econômico-Financeira da Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 452
Ano: 2015
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A diversificação agropecuária por meio de sistemas de integração é uma metodologia de trabalho de suma importância para o produtor rural. Não importa o tamanho da propriedade (pequena ou grande), ou o tipo (familiar ou empresarial), ou o ramo de atividade (lavoura ou pecuária ou floresta), a diversificação é a melhor forma de evitar as incertezas e vulnerabilidades de clima, mercado, pragas e doenças. A principal vantagem da diversificação é a redução dos riscos e das incertezas associadas a uma atividade agrícola exclusiva. Com a diversificação, é possível obter ganhos financeiros diretos e indiretos como:
- Redução dos custos de produção.
- Diminuição da necessidade de insumos externos.
- Potencial redução dos impactos ambientais negativos da agricultura convencional.
Além disso, ela pode reduzir o impacto econômico negativo pelo surgimento de crises no setor rural, uma vez que um número maior de culturas e/ou criações tende a diminuir as variações da renda líquida anual do estabelecimento. Dessa forma, a diversificação da produção tende a aumentar a eficiência dos fatores de produção.
Como desvantagem, pode-se citar a maior complexidade administrativa, pois quanto mais diversificada a empresa rural, maiores são os desafios gerenciais.
Capítulo: Análise Econômico-Financeira da Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 453
Ano: 2015
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Ao ser considerado qualquer sistema de produção, especialmente aqueles mais complexos, em que mais espécies interagem e demandam atenções específicas em momentos diferentes, deve-se ter em mente que diferentes aspectos podem influenciar decisivamente a obtenção dos resultados. De forma geral, é necessário contextualizar o local onde o sistema será instalado. Para isso, é necessário especialmente:
- Levar em conta a origem da família, a quantidade de pessoas, a disponibilidade de mão de obra familiar, as experiências, a origem da renda, a escolaridade, entre outros fatores socioeconômicos, que são determinantes para o sucesso do projeto, a fim de que o sistema dimensionado seja adequado.
- Conhecer as características edafoclimáticas do local onde será implantado o sistema (solos, declividade, temperatura, precipitação, altitude, luminosidade), considerando as necessidades ecofisiológicas das espécies selecionadas (ciclo de vida, ritmo de crescimento, necessidades nutricionais, água, luz, temperatura, alelopatia, características morfológicas).
- Conhecer a infraestrutura e a logística da região, os locais onde é possível adquirir os insumos que serão utilizados, se há disponibilidade de máquinas e implementos, os meios de transporte disponíveis e sua qualidade e como a produção da região poderá ser enviada para outros centros, a fim de definir adequadamente os custos de produção e de pós-colheita.
- Saber onde serão comercializados os produtos, uma vez que a inclusão do componente de mercado, algumas vezes desconsiderada, é de importância reconhecida, refletindo a própria segurança e subsequência do empreendimento. Além disso, é importante conhecer as condições de comercialização e os preços, uma vez que questões como certificação e preços diferenciados podem influenciar fortemente na viabilidade financeira do projeto.
Capítulo: Análise Econômico-Financeira da Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 458
Ano: 2015
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Não. Em projetos de implantação de ILP, o horizonte tende a ser menor do que em projetos que envolvem também o componente florestal, atingindo a rentabilidade esperada já nos primeiros ciclos de produção, a depender da cultura, do tipo (leite/corte) e da categoria animal (recria ou engorda) empregados. Dado o longo prazo envolvido em projetos de implantação de sistemas de ILPF com componente florestal, o fluxo de caixa pode, ocasionalmente, ser negativo nos primeiros anos por causa do descompasso entre despesas com o sistema integrado e a sua capacidade de geração de receitas. Logo, o produtor rural deve estar preparado financeiramente para superar os eventuais momentos de fluxo de caixa negativo, seja por meio de recursos próprios seja por meio de empréstimos e financiamentos.
Capítulo: Análise Econômico-Financeira da Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 459
Ano: 2015
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A generalização das recomendações que consideram os solos de textura leve como similares aos demais tipos de solos, com a adoção parcial dos princípios dos sistemas conservacionistas, como o SPD, e com o uso de algumas práticas consagradas, como a correção com a utilização de calcário dolomítico ou calcítico em excesso e de formulações de fertilizantes não indicadas, tem como consequência a rápida degradação físico-química desses solos. Ressalta-se ainda que, do ponto de vista ambiental, muitas dessas áreas onde predominam solos arenosos com grande potencial para serviços ambientais normalmente correspondem às áreas de recarga de aquíferos e de afloramento de aquíferos superficiais. Portanto, caso não se observem precauções no manejo desses solos, pode ocorrer a contaminação de reservatórios subterrâneos de água.
Capítulo: Potencial para Adoção da Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta para o Uso Sustentável de Solos Arenosos
Número da Pergunta: 419
Ano: 2015
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Sim. E melhora muito, quando comparado a solo submetido a cultivos sequenciais de uma só cultura, por exemplo, no verão somente soja, ou durante o ano todo só feijão, e quando comparado a rotações de culturas graníferas, a chamada rotação grão-grão. A rotação grão-grão não altera nem diminui a matéria orgânica do solo. Na prática, uma das melhores opções para se elevar esse atributo no solo é o estabelecimento sistemático da rotação lavoura-pastagem. No sistema ILP, as braquiárias melhoram a biologia do solo principalmente em razão do expressivo aumento do teor de matéria orgânica do solo, como pouquíssimas espécies fazem. A abundância e agressividade das raízes das forrageiras tropicais e a constante emissão de novas raízes promovem a deposição de altas quantidades de matéria orgânica na superfície e no perfil do solo e a sua consequente "aração biológica", numa profundidade que dificilmente seria alcançada por equipamentos convencionais. Além disso, as braquiárias promovem ambiente propício para as micorrizas, ou dos fungos micorrízicos arbusculares, que, associados às raízes das plantas, atuam como "um sistema radicular adicional", absorvendo nutrientes de um volume maior de solo. Essa capacidade é muito importante no caso do nutriente fósforo, que tem baixa mobilidade no solo. Estudos realizados na Embrapa Cerrados demonstram que os sistemas de ILP são benéficos para a comunidade micorrízica, tanto no aspecto quantitativo (pelo aumento de esporos por grama de solo no período em que há pastagem pura ou consorciada no campo) quanto no aspecto qualitativo, ou seja, no aumento do número de espécies de fungos micorrízicos arbusculares quando o solo é cultivado por culturas graníferas. Outras melhorias na biologia do solo são decorrentes do aumento da matéria orgânica, as quais se citam:
- Maior competitividade entre os microrganismos do solo, ou seja, o solo torna-se mais supressivo ou saudável. Isso significa que os fitopatógenos que habitam o solo sofrem competição pelos microrganismos benéficos, que, por sua vez, têm suas populações restabelecidas ou aumentadas, como, por exemplo, espécies de Trichoderma.
- Maior atividade biológica do solo e melhor quociente metabólico do solo.
- Maior quantidade de insetos e invertebrados benéficos e melhor distribuição da fauna no solo.
- Redução de inóculos de pragas e doenças, inclusive com quebra de seus ciclos; entre outros.
Ressalta-se que o aumento de matéria orgânica do solo é importante em qualquer solo tropical, mas é ainda mais importante e necessário em áreas de produção de silagem, pois, nesses locais, a retirada de material do campo, por meio da colheita, é muito maior, e o retorno de matéria orgânica ao solo, por meio da parte aérea das plantas colhidas para silagem, ou seja, da "palhada", é mínimo. Além disso, o trânsito de máquinas com maior carga nas áreas de silagem pode ocasionar adensamento do solo mais severo que em áreas em que se colhem grãos. Esses problemas de exaustão do solo sob cultivos para silagem podem ser corrigidos com a inserção da braquiária em consórcio com o milho ou o sorgo, em uma modalidade de ILP, como o Sistema Santa Fé, por exemplo.
Capítulo: Atributos da Braquiária como Condicionador de Solos sob Integração Lavoura-Pecuária e Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 435
Ano: 2015
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A braquiária semeada no início de março e pastejada de abril a outubro proporciona as melhores condições para alimentação do gado na entressafra e semeadura da soja em sucessão, com período de 8 meses. No entanto, um período em torno de 20 meses proporciona melhores condições à propriedade física do solo e ainda, nesse período maior, é possível ter a rotação de culturas, com soja e milho safrinha.
Capítulo: Atributos da Braquiária como Condicionador de Solos sob Integração Lavoura-Pecuária e Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 437
Ano: 2015
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Sim. Na ILP, especificamente na rotação lavoura-pastagem, há uma quebra do ciclo das espécies daninhas, ou seja, a palhada de braquiária diminui a germinação de muitas espécies daninhas, como amendoim-bravo (Euphorbia heterophylla); caruru (Amaranthus hybridus); capim-colchão (Digitaria horizontalis); buva (Conyza spp.); entre outras. A redução da germinação ocorre por um ou dois motivos associados: pela barreira física da palhada e (ou) mecanismos químicos (alelopáticos) no solo. Além disso, o consórcio de braquiária com a cultura do milho reduz a infestação e suprime o crescimento de plantas daninhas no sistema de produção, pois a forrageira é um fator a mais de competição sobre as plantas daninhas. Nesse sentido, em estudo realizado em Piracicaba, SP, a U. decumbens foi a forrageira que menos reduziu a infestação de plantas daninhas e a U. brizantha foi a forrageira mais eficiente em reduzir a infestação de corda-de-viola (Ipomoea grandifolia), apesar de não ter suprimido o crescimento do caruru-roxo (Amaranthus hybridus). Com a redução da população ou infestação de plantas daninhas na área, a necessidade de uso de herbicidas pós-emergentes nas lavouras de grãos na ILP é reduzida.
Tanto pela palhada quanto pelo consórcio, a redução de plantas daninhas na área resulta, ao longo dos anos, na diminuição do banco de sementes de plantas indesejáveis nas lavouras.
Capítulo: Atributos da Braquiária como Condicionador de Solos sob Integração Lavoura-Pecuária e Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 440
Ano: 2015
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Nem sempre. Em virtude do tempo de exploração da braquiária e do manejo extensivo sem a reposição de nutrientes, a pastagem se degrada e, com isso, o potencial das raízes de explorar grandes volumes de solo também é reduzido. Além disso, a não adubação após cada período de pastejo dificulta a produção de massa, reduzindo o potencial da planta em produzir novos perfilhos e folhas, culminando com baixa produção de pasto. Nessas condições, a pastagem degradada pouco pode contribuir nas características químicas, físicas e biológicas do solo. Para auxiliar o produtor na tomada de decisão sobre como está seu pasto de braquiária, ele deve analisar sua área para avaliar o estado de degradação dessa pastagem. Caminhando pela área, é possível verificar se há presença de plantas daninhas, a quantidade de plantas por metro quadrado e como está a produção de folhas e perfilhos. No escritório, o produtor deve verificar há quanto tempo essa forrageira não recebe algum trato cultural como adubação, por exemplo. Além disso, recomenda-se que seja feita uma análise do solo para constatar a fertilidade naquele momento. Se, em algum dessas avaliações, o produtor observar que existem problemas, deve-se eliminar a braquiária degradada e a área deve ser trabalhada, eliminando os problemas que por ventura possam existir. A alternativa é adotar sistemas de ILP ou ILPF, com uso de consórcios de culturas graníferas com espécies forrageiras para a implantação de uma nova pastagem.
Capítulo: Atributos da Braquiária como Condicionador de Solos sob Integração Lavoura-Pecuária e Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 441
Ano: 2015
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Existem vários tipos de riscos. Embora muitos deles possam ser reduzidos em sistemas de integração, quando comparados a sistemas exclusivos, alguns podem, de fato, aumentar. Em um sistema exclusivo, no qual o produtor cultiva apenas uma espécie, com todas as etapas de produção estabelecidas, com a comercialização assegurada e mercado definido, há uma tendência de que os riscos sejam menores do que aqueles oriundos de sistemas de integração, tecnicamente mais complexos e que, em algumas situações, não possuem um mercado consolidado para comercialização.
Até atingir sua maturação, o sistema de integração geralmente apresenta custos de implantação, manutenção e demanda de mão de obra maiores do que os de sistemas exclusivos; isso se configura como um possível risco financeiro ao sistema de produção. Por sua vez, sistemas de integração reduzem drasticamente os riscos associados à renda, proporcionando ao produtor uma renda mais segura pela diversidade de produtos comercializados e melhor distribuída ao longo dos anos, ou seja, menos sensível às oscilações de mercado. A minimização dos riscos em sistemas de integração está associada à capacidade de aprendizagem do produtor, seu nível de organização e planejamento, escala de produção e comercialização, e não exclusivamente ao tipo de sistema de produção. Para assegurar bons resultados e reduzir riscos, o produtor deve planejar minuciosamente a implantação do sistema de integração, quer seja por conta própria quer seja com a ajuda de técnicos da extensão rural ou de consultoria especializada.
Capítulo: Análise Econômico-Financeira da Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 455
Ano: 2015
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Na implantação de sistemas de integração, o produtor rural deve levar em conta a necessidade de infraestrutura específica para cada tipo de atividade. Para que o produtor de grãos desenvolva a pecuária (carne, leite, etc.), os investimentos estão voltados para a aquisição de animais, instalações (cercas, curral, água, etc.) e mão de obra especializada no trato com os animais. Para o pecuarista produzir grãos, fibras e energia, há a necessidade de investimento mínimo com máquinas, equipamentos, benfeitorias (abrigo de máquinas e de insumos, armazenamento, oficina, etc.) e mão de obra especializada no manejo de máquinas agrícolas e de extrativismo. Para o produtor florestal, são necessários ambos os investimentos. Segundo dados experimentais da Embrapa Gado de Corte, na comparação dos sistemas de ILPF com o sistema de integração lavoura-pecuária (ILP) – recria de bovinos + soja (Glycine max) –, os custos de implantação por hectare foram 19% maiores para ILPF com densidade de 227 árvores de eucalipto/ha, e 27% maiores para ILPF com 357 árvores de eucalipto/ha. Esses resultados preliminares sugerem que o produtor que pretende introduzir árvores no sistema de integração deverá estar preparado para arcar com custos de implantação mais elevados, afora a infraestrutura adicional necessária.
Capítulo: Análise Econômico-Financeira da Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 456
Ano: 2015
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A melhor forma é pela realização de uma análise financeira, em que fatores econômicos e financeiros, juntamente com os fatores biofísicos, sejam avaliados tendo em conta a dinâmica do sistema de produção. A análise financeira representa um marco conceitual lógico, no qual clima, solo, tecnologia, mercado e outros elementos interagem e definem a continuidade do processo produtivo. A partir da multiplicação da matriz de coeficientes técnicos pelo vetor de preços dos fatores de produção, são identificados os custos de produção do sistema. As receitas são obtidas pela produção estimada de cada cultura, considerando-se as características e necessidades biofísicas de cada espécie, as condições edafoclimáticas locais, os respectivos ciclos e o manejo utilizado. A análise financeira examina os custos e benefícios de acordo com os preços de mercado e determina suas relações com os diferentes indicadores, permitindo refletir a possível viabilidade de um empreendimento ou projeto. Dessa forma, ao realizar a análise financeira, o investidor é informado sobre quando e quanto deve investir ou receber de um projeto sob a forma de receitas, podendo mensurar quando serão realizadas as atividades produtivas e o fluxo real de custos e receitas durante o período da análise e, consequentemente, a avaliação da viabilidade econômico-financeira do investimento.
Capítulo: Análise Econômico-Financeira da Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 457
Ano: 2015
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Teoricamente, não há motivos para que os custos de produção de sistemas de integração sejam maiores que aqueles de sistemas exclusivos. Sendo o custo de produção resultante da soma de custos fixos e variáveis, há uma tendência de redução do custo de produção em sistemas de integração em razão da diluição de custos fixos (ex.: menor ociosidade de mão de obra e infraestrutura) para todos os produtos gerados. Além disso, espera-se melhor aproveitamento de efeitos residuais de itens que compõem o custo variável, como, por exemplo, a adubação, que, ao ser realizada para a cultura, beneficia igualmente a pastagem que a sucederá. Por sua vez, um produto específico (ex.: soja) poderá apresentar custo de produção inferior em sistemas exclusivos, em comparação com os sistemas de integração, caso aqueles trabalhem com alta eficiência técnico-econômica e alta escala de produção. Na prática, cada propriedade rural experimentará custos de produção diferenciados, e é difícil sua generalização. O importante é que o produtor rural garanta sempre boa eficiência técnica em todas as atividades que fazem parte do seu sistema integrado, assegurando-lhes, também, bons resultados financeiros.
Capítulo: Análise Econômico-Financeira da Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 463
Ano: 2015
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O controle de custos em sistemas de integração pode ser feito da mesma maneira em que é feito nos sistemas de produção, nos quais há diversificação, sem integração. Nessa situação, os custos variáveis e fixos associados exclusivamente a um dos produtos da integração, como, por exemplo, a pecuária, devem ser alocados apenas para essa atividade. Os custos compartilhados (ex.: mão de obra, administração, etc.) devem ser rateados proporcionalmente ao quanto cada produto demandou do item. A título de ilustração, se a mão de obra despende 15%, 35% e 50% do tempo lidando com as árvores, lavoura e pecuária, respectivamente, os salários, encargos e outros benefícios sociais devem ser alocados nessas proporções para cada uma dessas atividades. No caso de itens que possuem efeito residual positivo nas culturas adjacentes ou subsequentes, como a adubação, cabe ao produtor rural decidir se alocará os custos apenas na cultura principal a qual se destina o item, ou se dividirá, com base em algum critério particular, entre todos os beneficiários do item. Outra possibilidade de controle de custos é o uso de centro de custos, nos quais são controladas as operações agropecuárias, entre elas o estabelecimento das culturas, da pastagem e/ou das árvores, tratos culturais, manejo animal, colheita, etc.
Capítulo: Análise Econômico-Financeira da Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 464
Ano: 2015
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Os benefícios potenciais dos sistemas de integração não se restringem ao espaço "dentro da porteira", mas se difundem por toda a região onde estão presentes, assim como ao longo das cadeias produtivas envolvidas. Em regiões onde é possível a produção de grãos, pecuária e floresta, ocorre uma diversificação da matriz de produção e, consequentemente, da economia local/regional, o que reduz os riscos econômicos para o setor produtivo, para os governos locais/regionais que dependem do pagamento de impostos sobre a produção e sobre os serviços relacionados, bem como para os consumidores intermediários e finais.
Além disso, a diversificação na oferta de produtos atrai indústrias e serviços de vários tipos, fomentando o mercado de trabalho local, que passa a buscar maior variedade de perfis profissionais, criando oportunidades de emprego para um maior conjunto de pessoas. Ainda nessa situação de grande diversificação na pauta de produção, os custos de aquisição e comercialização de insumos, produtos, serviços e conhecimentos tende a se reduzir, pois há aumento de disponibilidade desses itens em âmbito local e/ou regional. A consolidação de sistemas de integração em uma determinada região também contribui para o desenvolvimento de capital humano, pois a experiência vivenciada por diferentes grupos sociais (produtores, empregados, consultores, analistas de crédito bancário, estudantes, etc.) passa a ser mais compartilhada e favorece o conhecimento coletivo sobre esses sistemas, propiciando sua maior difusão.
Capítulo: Análise Econômico-Financeira da Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 467
Ano: 2015
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Existem muitas definições de Transferência de Tecnologia (TT). Por exemplo, a TT pode ser considerada como um componente do processo de inovação, no qual diferentes estratégias de comunicação e interação são utilizadas por grupos de atores com o objetivo de dinamizar arranjos produtivos, mercadológicos e institucionais, por meio do uso de soluções tecnológicas. De forma simplificada, a TT também pode ser definida como qualquer processo pelo qual o conhecimento básico, a informação e as inovações se movem de um meio acadêmico, de um instituto de pesquisa ou de um laboratório para a aplicação prática por um indivíduo ou por empresas. Portanto, a TT é processo que só se completa com a efetiva utilização de um conhecimento ou uma tecnologia por um usuário.
Capítulo: Transferência de Tecnologias para Adoção da Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 476
Ano: 2015
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O sistema de ILPF contempla diferentes sistemas de integração que envolvem a coexistência espaço-temporal de diferentes componentes e atividades (agrícola, pecuária e florestal), sendo, portanto, sistemas mistos, mais complexos e mais dependentes de tecnologia e conhecimentos. Parte desses conhecimentos é gerada pelos centros de pesquisa e universidades; porém, muitos conhecimentos são também gerados pelas experiências dos próprios agricultores. Dessa forma, a integração entre os atores (pesquisadores, professores, técnicos, empresários e produtores rurais) permite produzir inovações apropriadas, encurtando, assim, o tempo para a sua adoção. Essa integração deverá contemplar a capacitação contínua de multiplicadores e a avaliação dos processos e das atividades empregados na transferência de conhecimento e tecnologia, baseada em demandas e considerações a partir da prospecção junto aos atores envolvidos. São aspectos que transcendem os referenciais agronômico, florestal e zootécnico que também deverão ser considerados na adaptação e na aplicação desse tipo de sistema às diferentes unidades de produção e regiões brasileiras. Dessa forma, fazem-se necessárias diferentes ações de TT com objetivo principal de capacitar continuamente, de forma teórica e prática, tanto os técnicos como os produtores rurais para a adequada adoção de sistemas de integração.
Capítulo: Transferência de Tecnologias para Adoção da Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 481
Ano: 2015
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A lei confere novas atribuições referentes ao fomento da adoção do sistema de ILPF enquanto estratégia de produção. Entre elas estão: definir planos de ação regional e nacional para expansão e aperfeiçoamento dos sistemas, com a participação das comunidades locais; estimular a adoção da rastreabilidade e da certificação dos produtos pecuários, agrícolas e florestais oriundos de sistemas integrados de produção; capacitar os agentes de extensão rural, públicos, privados ou do terceiro setor, a atuarem com os aspectos ambientais e econômicos dos processos de diversificação, rotação, consorciação e sucessão das atividades de agricultura, pecuária e floresta; criar e fomentar linhas de crédito rural consoantes com os objetivos e princípios da Política Nacional de ILPF e com os interesses da sociedade; estimular a produção integrada, o associativismo, o cooperativismo e a agricultura familiar; promover a geração, adaptação e transferência de conhecimentos e tecnologias; fiscalizar a aplicação dos recursos provenientes de incentivos creditícios e fiscais; difundir a necessidade de racionalização do uso dos recursos naturais nas atividades agropecuárias e florestais, por meio da capacitação de técnicos, produtores rurais, agentes do poder público, agentes creditícios, estudantes de ciências agrárias, meios de comunicação e outros; assegurar a infraestrutura local necessária aos mecanismos de fiscalização do uso conservacionista dos solos; estimular a mudança de uso das terras de pastagens convencionais em pastagens arborizadas para a produção pecuária em condições ambientalmente adequadas, a fim de proporcionar aumento da produtividade pelas melhorias de conforto e bem-estar animal; e estimular e fiscalizar o uso de insumos agropecuários (BRASIL, 2013). Dessa forma, essa lei se torna um importante instrumento para apoiar políticas públicas para a ampliação da adoção do sistema de ILPF em todo o território brasileiro.
BRASIL. Lei nº 12.805, de 29 de abril de 2013. Institui a Política Nacional de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta e altera a Lei nº 8.171, de 17 de janeiro de 1991. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 30 abr. 2013. Seção 1, p. 1.
Capítulo: Transferência de Tecnologias para Adoção da Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 497
Ano: 2015
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Sim, a intensificação do uso do solo por meio do sistema de ILPF proporciona resultados produtivos e econômicos expressivos em qualquer tipo de propriedade rural e por qualquer tipo de produtor rural, desde que seja adotado adequadamente. No caso específico da pequena propriedade rural, um exemplo importante de sistema de integração são os sistemas silvipastoris, ou IPF, utilizados na pecuária de leite. Nesses sistemas, o conforto térmico proporcionado pela presença do componente florestal pode promover ganhos e melhoria na produção de leite. Outra alternativa são os arranjos de sistemas agroflorestais (SAFs) com configurações envolvendo espécies fruteiras, espécies florestais madeireiras e não madeireiras, cultivos agrícolas e/ou criações de animais. Para condições de pequena propriedade rural, existem outras modalidades de sistema de ILPF, como a adoção do sistema Santa Fé de ILP com consórcio de milho (Zea mays) com braquiárias nas áreas de produção de silagem, produção de ovinos em sistemas silvipastoris com diferentes espécies florestais madeireiras e não madeireiras, reforma de pastagens degradadas com lavouras em parceria com agricultores, etc.
Capítulo: Transferência de Tecnologias para Adoção da Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 499
Ano: 2015
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De acordo com a Embrapa, soluções tecnológicas são o conjunto de conhecimentos técnicos testados e validados que assumem o sentido de utilidade para a sociedade. Abrange o conjunto de produtos, processos e serviços da Embrapa em atendimento às demandas produtivas e tecnológicas da população ou do público a que se destinam.
Capítulo: Transferência de Tecnologias para Adoção da Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 477
Ano: 2015
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É a Lei Federal no 12.805, sancionada em 29 de abril de 2013, que institui a Política Nacional de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) (BRASIL, 2013). Os objetivos dessa legislação incluem: melhorar de forma sustentável a produtividade, a qualidade dos produtos e a renda das atividades agropecuárias, por meio da aplicação de sistemas integrados de exploração de lavoura, pecuária e floresta em áreas já desmatadas, como alternativa aos monocultivos tradicionais; mitigar o desmatamento e contribuir para a manutenção das áreas de preservação permanente e reserva legal; e fomentar novos modelos de uso da terra, conjugando a sustentabilidade do agronegócio com a preservação ambiental. Além disso, essa lei visa estimular atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação tecnológica, assim como atividades de transferência de tecnologias voltadas para o desenvolvimento de sistemas de produção que integrem, entre si, ecológica e economicamente, a pecuária, a agricultura e a floresta. Outro objetivo da lei é promover a recuperação de áreas de pastagens degradadas, por meio de sistemas produtivos sustentáveis, principalmente por diferentes modalidades de sistema de ILPF e apoiar a adoção de práticas e de sistemas agropecuários conservacionistas que promovam a melhoria e a manutenção dos teores de matéria orgânica no solo e a redução da emissão de gases de efeito estufa (GEE) (BRASIL, 2013).
BRASIL. Lei nº 12.805, de 29 de abril de 2013. Institui a Política Nacional de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta e altera a Lei nº 8.171, de 17 de janeiro de 1991. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 30 abr. 2013. Seção 1, p. 1.
Capítulo: Transferência de Tecnologias para Adoção da Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 495
Ano: 2015
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A Política Nacional de ILPF anseia diversificar a renda do produtor rural e fomentar novos modelos de uso da terra, conjugando a sustentabilidade do agronegócio com a preservação ambiental, bem como difundir e estimular práticas alternativas ao uso de queimadas na agropecuária, com vistas a mitigar seus impactos negativos nas propriedades químicas, físicas e biológicas do solo, reduzir seus danos sobre a flora e a fauna e a emissão de GEE.
Por fim, a lei pretende fomentar a diversificação de sistemas de produção com inserção de recursos florestais, visando à exploração comercial de produtos madeireiros e não madeireiros por meio da atividade florestal, à reconstituição de corredores de vegetação para a fauna e à proteção de matas ciliares e de reservas florestais, ampliando a capacidade de geração de renda do produtor, além de estimular e difundir sistemas agrossilvipastoris aliados às práticas conservacionistas e ao bem-estar animal (BRASIL, 2013).
BRASIL. Lei nº 12.805, de 29 de abril de 2013. Institui a Política Nacional de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta e altera a Lei nº 8.171, de 17 de janeiro de 1991. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 30 abr. 2013. Seção 1, p. 1.
Capítulo: Transferência de Tecnologias para Adoção da Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 496
Ano: 2015
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Sim. Com a crescente preocupação em relação aos impactos ambientais da atividade de produção agropecuária, tanto por parte dos produtores rurais, que vem sofrendo com alterações nas condições de produção, quanto por parte dos consumidores, que sentem os impactos dessas mudanças quando, nos locais de comercialização, há limitação na oferta de determinado produto ou elevação repentina dos preços dos itens adquiridos, a busca por modelos alternativos e sustentáveis de produção pode representar o aproveitamento de nichos de mercado específicos com preços de comercialização diferenciados. Entretanto, para isso, além do conhecimento das oportunidades de mercado, é preciso que haja um mercado consumidor disposto a pagar um preço diferenciado pelos produtos. É necessária ainda a criação de certificações e processos de avaliação, monitoramento e controle, em relação às práticas associadas ao processo de produção, para que seja possível identificar e certificar os produtos advindos de sistemas de produção sustentáveis. Nesse sentido, aliado à atividade de pesquisa em relação aos sistemas de produção e à adoção desses sistemas por parte dos produtores, é preciso que sejam criados mecanismos de mercado que favoreçam a comercialização dos bens certificados em relação às origens e ao processo de produção desses produtos.
Capítulo: Análise Econômico-Financeira da Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 475
Ano: 2015
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A metodologia para realizar essa implementação consiste em:
- Selecionar uma propriedade (pública ou privada), dentro de um polo agroeconômico relevante do Estado, que tenha condições favoráveis a realizações de eventos de Transferência de Tecnologia (TT), cujo proprietário demande URT em sistema de ILPF e seja ávido por tecnologias e tenha boa credibilidade e respeito entre seus pares.
- Formar um grupo gestor da URT composto pelo proprietário rural, por pesquisadores e analistas da Embrapa que atuarão na URT, técnicos da propriedade selecionada e potenciais parceiros locais, como professores de instituições de ensino superior da região, consultores autônomos e demais técnicos locais.
- Elaborar, em consonância com o grupo gestor da URT, o projeto da unidade e acompanhar sua implantação que deverá ser realizada pela propriedade selecionada.
- A partir do 2º ano de implantação, elaborar em consonância com o grupo gestor da URT, no final do ano agrícola anterior, e gerenciar o plano anual de trabalho (PAT) que deverá ser desenvolvido na URT da fazenda selecionada no ano agrícola subsequente. Nesse PAT, deverão estar contempladas todas as atividades técnicas de preparo de solo, semeadura e/ou plantio, manejo integrado de pragas e doenças (lavoura, forragens e silvicultura), manejo de pastagens e do rebanho bovino (pecuária), manejo do componente florestal, colheita (lavoura e silvicultura) e venda e/ou abate de animais. Ainda deverão estar contempladas todas as atividades de TT planejadas para o ano agrícola.
Capítulo: Transferência de Tecnologias para Adoção da Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 489
Ano: 2015
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Além dos instrumentos tradicionais de TT (dias de campo, cursos de capacitação, eventos, etc.), a Embrapa estabelece parcerias públicas e público-privadas, em nível estadual, regional ou nacional, para fortalecer as ações de TT. Em nível estadual, um ótimo exemplo é a parceria da Embrapa com a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (Famato) para realização de dias de campo sobre o tema de sistema de ILPF em todos os polos agroeconômicos relevantes do Estado de Mato Grosso. Já em nível nacional, um excelente exemplo é a rede de fomento do sistema de ILPF.
Capítulo: Transferência de Tecnologias para Adoção da Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 492
Ano: 2015
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A rede de fomento à integração lavoura-pecuária-floresta, ou rede de fomento ILPF, é uma parceria público-privada que busca fortalecer e oferecer suporte aos sistemas de integração. O objetivo principal da rede é incentivar o aumento da adoção de sistema de ILPF em diferentes regiões do Brasil. Constituída pela união de esforços da Embrapa e de instituições privadas, ela foi estabelecida mediante a assinatura de um acordo de cooperação geral, datado de 25 de abril de 2012. Atualmente, a rede é composta pela Embrapa e por algumas empresas privadas parceiras. Outras instituições poderão compor a rede e se tornar parceiras dessa política, desde que adiram ao acordo geral de cooperação. Após firmada a parceria, poderão eleger as ações, as atividades e os projetos que desejem patrocinar, desde que se alinhem com a perspectiva conceitual e as orientações estratégicas e prioridades da programação de P&D e Transferência de Tecnologia (TT) da Embrapa.
Capítulo: Transferência de Tecnologias para Adoção da Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 493
Ano: 2015
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É o sistema de produção que integra os componentes florestal e agrícola pela consorciação de espécies arbóreas e agrícolas perenes ou a consorciação de espécies arbóreas e agrícolas (anuais) em rotação e/ou sucessão.
Capítulo: Conceitos e Modalidades da Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 5
Ano: 2015
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O consórcio é um sistema de cultivo no qual duas ou mais espécies vegetais são cultivadas na mesma área simultaneamente.
A sucessão de cultivos ocorre quando diferentes espécies vegetais são semeadas, uma após a colheita da outra, dentro do mesmo ano agrícola, tendo como exemplo para a região central do Brasil a sucessão soja - milho safrinha.
A rotação ocorre quando há alternância de espécies vegetais, ocupando o mesmo espaço físico e período do ano, dentro de princípios técnicos, visando principalmente sanar problemas fitossanitários.
Capítulo: Conceitos e Modalidades da Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 7
Ano: 2015
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É o sistema de produção que integra os componentes agrícola e pecuário, em rotação, consórcio ou sucessão, na mesma área e no mesmo ano agrícola ou por múltiplos anos, em consórcio com o componente florestal.
Capítulo: Conceitos e Modalidades da Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 6
Ano: 2015
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Nas condições tropicais do Brasil, pode-se afirmar que os sistemas de integração caracterizam-se por ser uma nova forma de produção rural. Porém, apesar de esse contexto ser recente, os sistemas agrossilvipastoris (ou ILPF) são conhecidos desde a antiguidade, com vários tipos de plantios associados entre culturas anuais e culturas perenes ou entre frutíferas e árvores madeireiras, bem como a criação de animais entre árvores, remontando relatos de vários escritores romanos do século 1 d.C.
Capítulo: Conceitos e Modalidades da Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 10
Ano: 2015
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Ambos os sistemas promovem a integração de atividades. Entretanto, o sistema agropastoril (ou ILP) não contempla o componente florestal, enquanto o sistema agrossilvipastoril (ou ILPF) e os outros sistemas de integração (IPF e ILF) caracterizam-se pela presença desse componente.
Os sistemas de integração com componente florestal são baseados no arranjo espacial de aleias (em inglês, alley cropping), em que as árvores são plantadas em faixas ou renques de linhas simples ou linhas múltiplas com espaçamentos amplos, e o cultivo de culturas anuais e/ou espécies forrageiras ocorre nos espaços entre as linhas de árvores (ou seja, nas aleias).
Capítulo: Conceitos e Modalidades da Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 11
Ano: 2015
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Os princípios são os seguintes:
- Diversificação das atividades de produção rural.
- Ocorrência e proveito de efeitos sinérgicos decorrentes das atividades de produção rural desenvolvidas na mesma área ao longo do tempo.
- Aumento da viabilidade econômica e da sustentabilidade ambiental de propriedades rurais.
Capítulo: Conceitos e Modalidades da Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 12
Ano: 2015
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Porque são alternativas para conciliar a produção de alimentos, fibras e energia, aliando viabilidade econômica com sustentabilidade ambiental.
A demanda crescente por alimentos, bioenergia e produtos florestais, em contraposição à necessidade de redução de desmatamento e mitigação da emissão de gases de efeito estufa (GEEs), requer soluções que permitam incentivar o desenvolvimento socioeconômico, sem comprometer a sustentabilidade dos recursos naturais. A intensificação do uso da terra em áreas agrícolas e pastoris e o aumento da eficiência dos sistemas de produção podem contribuir para harmonizar esses interesses.
A integração é uma forma de produzir a mesma quantidade de produto, ou até aumentar a produção, sem a necessidade de incorporar novas áreas ao processo produtivo, característica que tem sido denominada de "efeito poupa-terra".
Capítulo: Conceitos e Modalidades da Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 21
Ano: 2015
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Sim. Os sistemas de integração podem contribuir porque são:
- Tecnicamente eficientes: reduzem a emissão dos gases que provocam os GEEs e permitem o aumento de produtividade na mesma área.
- Economicamente viáveis: melhoram a utilização dos recursos e da terra, pois diversificam, suplementam e/ou ampliam receitas, com promoção da diminuição dos riscos.
- Socialmente justos: podem ser aplicados em qualquer tamanho de propriedade, geram empregos diretos e indiretos, aumentam e distribuem melhor a renda, aumentam a competitividade do agronegócio brasileiro e contribuem para a segurança alimentar e de abastecimento do País.
- Ambientalmente responsáveis: priorizam a utilização de práticas conservacionistas e de uso mais eficiente da terra.
Capítulo: Conceitos e Modalidades da Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 23
Ano: 2015
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Sim. Os sistemas de integração são mais complexos, pois, conceitualmente, envolvem mais de uma atividade e nem sempre os produtores têm domínio técnico, capacidade gerencial e operacional, e infraestrutura para todas elas.
Entretanto, apesar de exigirem alguns requisitos a mais do que os sistemas monoculturais, os sistemas de integração apresentam inúmeras vantagens e benefícios sociais, econômicos e ambientais àqueles que os adotam.
O potencial de adoção de sistemas de integração em diferentes ecossistemas brasileiros está condicionado a diversos fatores que incluem:
- Disponibilidade de solos favoráveis.
- Infraestrutura para produção e armazenamento da produção.
- Recursos financeiros próprios ou acesso ao crédito.
- Domínio da tecnologia para produção agrícola e pecuária.
- Acesso a mercado para compra de insumos e comercialização da produção.
- Acesso à assistência técnica.
- Possibilidade de arrendamento da terra ou de parceria.
Capítulo: Conceitos e Modalidades da Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 24
Ano: 2015
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Não, porque os modelos monoculturais, com base em práticas inadequadas não sustentáveis, têm causado perda de produtividade, ocorrência de pragas e doenças, além de degradação do solo e dos recursos naturais, ou seja, apresentam sinais de fragilidade, em virtude da elevada demanda por energia e por recursos naturais.
Além disso, os sistemas com base na monocultura têm alto risco econômico, pois não são diversificados. Já os sistemas de integração promovem a diversificação de atividades, com maior estabilidade de renda, aumento da biodiversidade e interações biofísicas sinérgicas entre os componentes, com benefícios à produtividade agropecuária e à sustentabilidade das propriedades rurais.
Capítulo: Conceitos e Modalidades da Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 25
Ano: 2015
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Atualmente, o sistema agropastoril ou ILP é a forma mais adotada nas regiões produtoras brasileiras, possivelmente como forma de intensificar a produção em regiões agrícolas e recuperar áreas com pastagens em alguma fase de degradação.
Capítulo: Conceitos e Modalidades da Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 26
Ano: 2015
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Os sistemas de integração são sistemas mistos e mais complexos, pois contemplam diferentes atividades (lavoura, pecuária e floresta; não necessariamente as três, porém no mínimo duas delas). Por sua vez, os sistemas simples de produção agropecuária contêm apenas uma dessas atividades.
Quando comparados, os sistemas de integração são mais lucrativos por causa da diversificação das atividades econômicas, da redução de custos e dos aumentos de produtividade. Quando se trata de integração lavoura-pecuária (ILP), especialmente no sistema de rotação lavoura-pasto, há aumento de produtividade de grãos cultivados após a pastagem, que também produz mais após o solo ter sido utilizado para cultivo de grãos. E essa pastagem mais produtiva resultará em maior ganho de peso de bovinos ou produção leiteira. Em sistemas de integração que contêm o componente florestal, pode-se adicionar ainda a receita proveniente da comercialização de produtos madeireiros e não madeireiros obtidos no mesmo espaço, além de outros benefícios.
Capítulo: Benefícios da Adoção da Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 27
Ano: 2015
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Entende-se por efeito sinérgico o resultado decorrente da ação simultânea dos componentes do sistema de integração. Ou seja, existe interação de fatores sobre o ambiente, e o efeito resultante é maior que a soma dos efeitos de cada um dos componentes utilizados isoladamente – o todo supera a soma das partes.
Como exemplo desses efeitos, podemos citar:
- Maior qualidade de diferentes gramíneas forrageiras em sistemas com árvores.
- Maior tolerância das lavouras aos veranicos.
- Maior eficiência de adubos.
- Melhoria no desempenho de bovinos criados em pasto, entre outros.
Capítulo: Benefícios da Adoção da Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 28
Ano: 2015
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Os benefícios econômicos são os mesmos do sistema de ILP, acrescidos dos ganhos com os produtos extraídos do componente florestal, advindos de várias possibilidades de cultivos florestais, como de eucalipto (Eucalyptus sp.) ou acácia-negra (Acacia mearnsii) – madeira grossa para serraria ou lenha, carvão, palanques para cerca, cacos para celulose, etc. –, plantio de erva-mate (Ilex paraguariensis), citros/pessegueiros (Prunus persica), entre outros.
A produção animal pode ser melhorada por causa da melhor ambiência dos animais nesses sistemas. Com a floresta, o produtor deve considerar que possui uma poupança de médio e de longo prazo, além de, em alguns casos, poder utilizar a madeira na própria propriedade com significativa redução de custos, por eliminar a dependência de insumos externos à propriedade rural.
Capítulo: Benefícios da Adoção da Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 30
Ano: 2015
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Para a sociedade, os principais benefícios podem ser percebidos não somente "dentro da fazenda", como também "do lado de fora da porteira", e vão do melhor uso da terra à diversificação da paisagem.
O fato de não haver pousio nesses sistemas é garantia de solo vegetado o ano todo. E isso significa:
- Produção de alimentos simultânea à conservação do solo e da água.
- Aumento da oferta de alimentos de qualidade superior e de baixo custo no mercado.
- Redução da sazonalidade de oferta de alimentos.
- Preços de mercado ao consumidor mais estáveis.
Uma vez que os sistemas integrados têm, no seu conjunto de premissas, a conformidade com a legislação pertinente ao meio rural, a sociedade também é beneficiada pela adequação do uso da terra, pela proteção de nascentes e pela produção de grãos, carne, leite e madeira, de modo que o ambiente seja preservado.
Além disso, a maior utilização de conhecimentos e tecnologias implica maior qualificação de toda a mão de obra envolvida nos sistemas produtivos, com reflexos na formação profissional e na economia regional.
Por fim, a produção diversificada requer estrutura adequada não apenas para a produção, mas também para o escoamento, a comercialização e a industrialização desses produtos, estimulando o desenvolvimento econômico regional.
Capítulo: Benefícios da Adoção da Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 32
Ano: 2015
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Sim. Os microrganismos do solo estão presentes tanto na matriz do solo como na rizosfera, onde realizam atividades metabólicas relevantes para o crescimento das plantas. O uso de plantas de coberturas nos sistemas produtivos influencia positivamente a qualidade do solo.
Assim, há um grande benefício para a atividade microbiológica por causa do aumento da diversidade de plantas no ambiente de produção. A rotação ou o consórcio com diferentes culturas promove no solo um ambiente diversificado para os microrganismos. Os constantes ciclos de desenvolvimento e morte de plantas no solo, com elevado acúmulo de biomassa residual (palhada e raízes mortas) e de matéria orgânica, favorecem o aumento da população e da diversidade de microrganismos, em razão da maior disponibilidade de alimentos e do microclima favorável, quando comparado aos sistemas simples.
Capítulo: Benefícios da Adoção da Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 33
Ano: 2015
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Sim. A diversidade de espécies vegetais em sistemas, seja por rotação, seja por sucessão de culturas, diminui a pressão de seleção sobre espécies de nematoides fitoparasitas.
Especificamente no sistema de ILP, a rotação entre lavouras e pastagens propiciará a quebra do ciclo reprodutivo de várias espécies de nematoides de importância agrícola, que, pela falta de culturas hospedeiras, permanecerão em densidades populacionais baixas o bastante para não causarem danos às plantas.
Além disso, a maior diversidade biológica em solos sob sistemas integrados e diversificados de produção, com maiores teores de matéria orgânica, contribui para o controle natural dos nematoides fitoparasitas.
Capítulo: Benefícios da Adoção da Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 40
Ano: 2015
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Em geral, há uma redução na ocorrência de pragas por causa da maior presença de inimigos naturais, que são beneficiados pela diversificação do sistema de produção. Porém, dependendo do esquema de rotação utilizado, pode ocorrer aumento de alguma praga específica, que não necessariamente é a mesma praga problemática dos sistemas não integrados.
Portanto é necessário levar em consideração as pragas específicas de cada cultura no momento de planejar a rotação de culturas. Quanto maior a diversificação de culturas num sistema e o uso de produtos seletivos, maior será a chance de os inimigos naturais contribuírem para o controle de pragas. A diversificação de espécies também irá resultar na diversificação dos defensivos utilizados, o que é importante para obtenção de maior eficiência nos métodos de controle.
Capítulo: Benefícios da Adoção da Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 41
Ano: 2015
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Sim. Em sistemas de integração, a seleção de espécies daninhas é menor, porque as práticas de manejo mudam constantemente. Por consequência, ocorre aumento na diversidade e redução na ocorrência daquelas espécies daninhas mais problemáticas. O resultado é a possibilidade de redução da dose de herbicidas, eliminação de alguns produtos usados em associação no tanque e redução no número de aplicações de herbicidas conforme o sistema se estabiliza.
Capítulo: Benefícios da Adoção da Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 43
Ano: 2015
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Sim. Nesses sistemas, a qualidade física do solo é melhorada. Com isso, ocorre melhoria da dinâmica de infiltração de água no solo e a sua capacidade de retenção de água é aumentada. É verificado também o aumento da matéria orgânica do solo, o que permite maior armazenamento de água e maior enraizamento das culturas anuais. Essas melhorias contribuem para o aumento da tolerância do sistema às estiagens e aos veranicos.
Nos sistemas com presença do componente florestal, existe também o benefício decorrente da presença das árvores, que melhoram o microclima para o cultivo intercalar (lavoura e/ou pasto). Nesse sistema, as temperaturas máximas são mais baixas e as mínimas são mais altas, o que ajuda a combater problemas relacionados à temperatura excessivamente alta e à ocorrência de geadas.
Além disso, a velocidade do vento é reduzida por causa do efeito de quebra-vento provocado pelas árvores, o que ajuda a minimizar problemas de acamamento e de troca excessiva de calor pelos animais. Por fim, a sombra das árvores diminui a radiação solar que incide sobre o cultivo intercalar e sobre os animais. Isso ajudar a melhorar a ambiência animal e a diminuir o excesso de radiação que incide sobre as plantas, já que elas não conseguem aproveitar toda a radiação incidente.
De maneira geral, a melhoria provocada pelo microclima também ajuda a reduzir o consumo hídrico do cultivo intercalar e assegura maior tolerância a estiagens e veranicos. Considerando-se todos os aspectos positivos dos sistemas de integração na qualidade do solo, pode-se afirmar que seu uso proporcionará um ambiente com maior resiliência após os impactos das adversidades climáticas sobre as culturas.
Capítulo: Benefícios da Adoção da Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 46
Ano: 2015
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Sim, já que a grande maioria dos defensivos (agrotóxicos) em uso são degradados principalmente pela ação dos microrganismos presentes no solo. Como os sistemas integrados aumentam a atividade microbiológica do solo, há uma degradação mais rápida dos defensivos nesses sistemas, e isso diminui sua persistência no ambiente.
Estudos demonstram que ocorre diminuição de até 50% do tempo de permanência de alguns inseticidas no solo quando aplicados nos sistemas de integração, em especial no sistema de ILP em comparação ao sistema convencional.
Capítulo: Benefícios da Adoção da Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 44
Ano: 2015
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Inicialmente a vantagem que mais se destaca é o aumento da fertilidade do solo por causa das correções e adubações necessárias ao cultivo das lavouras. Nessas condições, verifica-se maior oferta de forragem ao longo do ano e manutenção da sua qualidade, visto que a pastagem é renovada a cada rotação com a lavoura.
Ao retornar com a pecuária em uma mesma gleba, também é possível introduzir uma nova espécie de forrageira, mais exigente em fertilidade e mais produtiva, o que pode resultar em maior produtividade de carne ou leite. É possível obter incrementos médios na produtividade animal na recria-engorda de cerca de quatro vezes (600 kg de peso vivo/ha/ano) em comparação à recria-engorda na pecuária tradicional (120 kg a 150 kg de peso vivo/ha/ano).
Na atividade de cria, há casos em que foram obtidos incrementos médios de produtividade de cerca de três vezes (300 kg de bezerro desmamado/ha/ano) em relação à cria na pecuária tradicional (85 kg a 110 kg de bezerro desmamado/ha/ano). A alternância entre lavouras e pastagens também é importante não somente para reduzir as ocorrências de problemas sanitários no rebanho, mas também para reduzir o consumo de sal mineral.
Capítulo: Benefícios da Adoção da Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 48
Ano: 2015
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Vários procedimentos devem ser considerados. Os principais são os seguintes:
Econômicos
- Analisar a adequabilidade da espécie arbórea na região e fazer estudo do mercado, com a finalidade de identificar as espécies com produtos economicamente promissores para a região.
- Estudar o mercado regional para assegurar a aquisição de insumos e a viabilidade de comercialização dos produtos do sistema (principalmente para produtos madeireiros e não madeireiros).
- Estabelecer planejamento plurianual em médio e longo prazo com base nos princípios da rotação e diversificação de culturas.
- Analisar a capacidade de investimento e/ou buscar fontes de financiamento acessíveis para a aquisição de animais, máquinas, mudas florestais, etc.
- Implantar o sistema mais viável e adequado à realidade da região e do tipo de propriedade rural.
Técnicos
- Capacitar pessoas para a compreensão de dois aspectos essenciais: motivos para combinar árvores com lavouras e/ou com pastagens e forma de combinar lavouras (cultivos anuais e/ou forrageiras), pecuária (gado) e árvores (para produtos e/ou serviços).
- Procurar profissionais experientes para assistência técnica e/ou consultoria.
- Diagnosticar as áreas com maior potencial de resposta, setorizar a propriedade e iniciar o sistema aos poucos (20% a 30% da propriedade).
- Fazer o preparo do solo, analisar o tipo de solo, realizar a correção e adubação do solo e os tratos culturais (dessecação das pastagens, etc.).
- Definir o número de linhas por faixa ou renque de árvore.
- Definir a distância entre as faixas ou renques (largura das aleias ou ruas), por exemplo, pela dimensão de equipamentos disponíveis (com razões dessas dimensões, uma vez, duas vezes, etc.).
- Demarcar as linhas de plantio das árvores antes do plantio da lavoura.
- Plantar as árvores em nível e a jusante de terraços (se houver).
- Plantar as lavouras com afastamento das linhas de árvore em, pelo menos, 1 m de cada lado.
- Planejar a entrada de animais preferencialmente após o estabelecimento das árvores.
Capítulo: Implantação e Manejo do Componente Florestal em Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 79
Ano: 2015
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Os sistemas de integração que contêm o componente florestal podem ser classificados da seguinte forma:
- Sistema silvipastoril ou integração pecuária-floresta (IPF): sistema de produção que integra, por meio de consórcio, os componentes pecuário (pastagem e animal) e florestal (árvores e/ou arbustos).
- Sistema silviagrícola ou integração lavoura-floresta (ILF): sistema de produção que integra os componentes florestal e agrícola pela consorciação de espécie(s) arbórea(s) e/ou arbustiva(s) com cultivo(s) agrícola(s), anuais ou perenes.
- Sistema agrossilvipastoril ou integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF): sistema em que é feito, na mesma área, o silvipastoril seguido do silviagrícola, ou vice-versa. Por exemplo, em um consórcio de soja com árvores, pratica-se o sistema silviagrícola. Se, depois da soja (ou outra lavoura), for plantada uma forrageira entre as linhas de árvore e for colocado o gado para pastejo, o sistema é o silvipastoril. Então, na mesma área ocorre, num momento, o sistema silviagrícola e, no outro, o silvipastoril.
Capítulo: Implantação e Manejo do Componente Florestal em Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 78
Ano: 2015
- Sistema silviagrícola ou integração lavoura-floresta (ILF): sistema de produção que integra os componentes florestal e agrícola pela consorciação de espécie(s) arbórea(s) e/ou arbustiva(s) com cultivo(s) agrícola(s), anuais ou perenes.
- Sistema agrossilvipastoril ou integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF): sistema em que é feito, na mesma área, o silvipastoril seguido do silviagrícola, ou vice-versa. Por exemplo, em um consórcio de soja com árvores, pratica-se o sistema silviagrícola. Se, depois da soja (ou outra lavoura), for plantada uma forrageira entre as linhas de árvore e for colocado o gado para pastejo, o sistema é o silvipastoril. Então, na mesma área ocorre, num momento, o sistema silviagrícola e, no outro, o silvipastoril.
Não. Nas propriedades rurais, deve ser atendida a exigência legal de áreas destinadas às atividades agropecuárias segundo o Novo Código Florestal (BRASIL, 2012). A produção agropecuária deve ser realizada em Áreas de Uso Alternativo do Solo, ou seja, áreas onde ocorre a substituição de vegetação nativa e formações sucessoras por outras coberturas do solo, como atividades agropecuárias, industriais, de geração e transmissão de energia, de mineração e de transporte, assentamentos urbanos ou outras formas de ocupação humana. Entretanto, nessa legislação também ficou definido que pequenas propriedades rurais podem utilizar plantios de sistemas agroflorestais ou agrossilvipastoris em suas Áreas de Preservação Permanente e de Reserva Legal, desde que esses sistemas sejam submetidos a planos de manejo sustentáveis aprovados pelo órgão estadual do meio ambiente responsável. Para isso, é recomendável que seja elaborado um projeto técnico e que seja implantado em áreas menores inicialmente. Somente depois de conhecer melhor os processos e as práticas necessárias para implantação e manejo do sistema com árvores, o produtor deverá ampliar a área.
BRASIL. Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012. Dispõe sobre a proteção da vegetação nativa; altera as Leis nºs 6.938, de 31 de agosto de 1981, 9.393, de 19 de dezembro de 1996, e 11.428, de 22 de dezembro de 2006; revoga as Leis nºs 4.771, de 15 de setembro de 1965, e 7.754, de 14 de abril de 1989, e a Medida Provisória nº 2.166- 67, de 24 de agosto de 2001; e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 28 maio 2012. Seção 1, p. 1.
Capítulo: Implantação e Manejo do Componente Florestal em Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 80
Ano: 2015
Os principais critérios são:
- Finalidade de produção das árvores.
- Declividade e face de exposição do terreno.
- Proteção dos demais componentes (cultivos e/ou rebanhos).
- Conservação do solo e da água.
Capítulo: Implantação e Manejo do Componente Florestal em Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 81
Ano: 2015
O Brasil possui elevada pluviosidade e alta incidência luminosa durante todo o ano na maioria das regiões. Assim, a distribuição das árvores deverá ser em renques perpendiculares ao sentido pendente ou ao declive do terreno, que é uma forma eficiente de impedir a erosão do solo e a perda de água por escorrimento superficial. Além disso, as árvores dispostas em renques perpendiculares ao sentido da declividade do terreno atuam como estruturas que orientam o trânsito de máquinas e implementos, o sentido do plantio de lavouras e forrageiras, o caminhamento do rebanho, minimizando a formação de sulcos de escoamento superficial das águas de chuva no sentido da declividade do terreno, de modo que haja maior infiltração da água das chuvas.
O espaçamento entre os renques de árvores (linhas simples ou linhas múltiplas) são maiores do que o utilizado nos monocultivos de árvores. A distância entre as árvores, o número de linhas de árvores que forma o renque, bem como a distância entre os renques, podem ser ajustados previamente de acordo com o interesse estabelecido por produtos das árvores.
Para mais detalhes, é recomendada a consulta ao documento de Porfírio-da-Silva et al. (2009).
PORFÍRIO-DA-SILVA, V.; MEDRADO, M. J. S.; NICODEMO, M. L. F.; DERETI, R. M. Arborização de pastagens com espécies florestais madeireiras: implantação e manejo. Colombo: Embrapa Florestas, 2009. 48 p. Disponível em: <https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/132912/1/2014-reimp-Cartilha-Arborizacao-2014.pdf>.
Capítulo: Implantação e Manejo do Componente Florestal em Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 82
Ano: 2015
Podem ou não ser mais onerosos em virtude da dependência de fatores, tais como: local de implantação, preços das mudas, insumos, mão de obra, máquinas agrícolas, etc. A implantação de sistemas com árvores pode ser de maior escala do que a do monocultivo agrícola, da pastagem pura ou mesmo do sistema de ILP. Porém, os sistemas de integração com componente florestal têm grande potencial de ganhos econômicos em médio e em longo prazo.
Capítulo: Implantação e Manejo do Componente Florestal em Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 84
Ano: 2015
Os principais passos são:
- Definir quais são os produtos esperados das árvores (madeira fina para lenha, carvão, celulose, moirões de cerca, ou madeira grossa para serraria, laminação, faqueados). Para isso, é fundamental planejar o sistema que será adotado, ou seja, o espaçamento entre renques, o espaçamento entre árvores no renque e a quantidade de linhas de árvores em cada renque.
- Selecionar corretamente as espécies de árvores que serão plantadas na área, que devem ser adaptadas ao clima e ao solo do local onde serão plantadas.
- Contratar a produção de mudas para que estejam prontas na época correta para o plantio na região onde serão plantadas.
- Aprender como e quando realizar o plantio e os tratos culturais necessários para o bom desenvolvimento das árvores.
Capítulo: Implantação e Manejo do Componente Florestal em Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 85
Ano: 2015
As dificuldades e os cuidados que o produtor rural deve ter na implantação de árvores em sistemas de ILPF dependerão da região onde o sistema será implantado. Em algumas regiões, não existem recomendações ou experiências que possam servir de base orientadora. Nesses casos, é importante que o produtor implante o sistema em uma pequena área, para que possa aprender mais sobre o ele nas condições de sua área/região, antes de implantar em larga escala.
A busca por assessoria técnica experiente no tema previne a ocorrência de erros que podem atrasar ou impedir o sucesso da implantação de sistemas de ILPF, além de causar prejuízos ao empreendimento. É recomendável visitar propriedades rurais ou Unidades de Referência Tecnológica (URTs) que já estejam utilizando sistemas de integração, bem como participar de palestras, dias de campo ou cursos de capacitação sobre ILPF. Isso auxilia na compreensão a respeito do funcionamento dos sistemas de integração e dos cuidados que terá de adotar na sua propriedade. O uso de herbicidas no controle de plantas daninhas entre as mudas das árvores deve ser feito com cuidado para evitar a deriva de herbicidas sobre as árvores. Além disso, deve-se estabelecer o controle de formigas cortadeiras, que afetam as mudas de árvores.
Capítulo: Implantação e Manejo do Componente Florestal em Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 86
Ano: 2015
A densidade populacional do componente florestal, ou seja, a quantidade de árvores por hectare, deve ser definida de forma que:
- Atenda aos interesses previamente estabelecidos para a produção das árvores.
- Estabeleça, ou não, a necessidade futura de desbastes.
- Proporcione espaçamento amplo entre renques para o desenvolvimento das plantas de lavoura e de forragem.
De maneira geral, os principais produtos madeireiros são a madeira fina (lenha, carvão, escoras, palanques, etc.), a madeira grossa (serraria, laminação, faqueados, etc.) ou a combinação desses dois tipos, quando é possível obter ambos. Na produção de madeira fina, o objetivo é obter o maior volume de madeira por área no menor tempo possível. Para isso, o plantio deve ser feito com o maior número de árvores, geralmente entre 600 e 1.000 árvores por hectare. Dessa forma, haverá maior quantidade de árvores por hectare e elas serão mais finas. A previsão de desbaste poderá ser desnecessária, já que todas as árvores serão colhidas (corte raso) quando atingirem o ponto de colheita.
Na produção de madeira grossa, o objetivo é obter o maior volume de madeira por árvore e por unidade de área, e isso pode levar mais ou menos tempo de acordo com a espécie plantada e a fertilidade da área. A quantidade de árvores plantadas poderá variar da seguinte maneira:
- De 600 a 1.000 árvores por hectare, com desbastes obrigatórios no momento em que as árvores apresentarem competição entre si.
- De 200 a 600 árvores por hectare, com desbastes obrigatórios no momento em que as árvores apresentarem competição entre si.
No primeiro caso, os desbastes acontecerão mais cedo (árvores mais jovens) do que no segundo caso, quando as árvores poderão ser desbastadas em idade mais avançada (árvores mais velhas). Os primeiros desbastes produzirão madeira fina.
Os desbastes cumprem duas funções: favorecer o crescimento das melhores árvores para a produção de toras e regular a sombra (evitando que o sistema fique com excesso de sombreamento, o que é prejudicial para o crescimento da lavoura e da pastagem). Também podem escalonar a produção de madeira e de grãos. Por exemplo, nos primeiros dois a três anos do sistema, é possível cultivar grãos. Depois do segundo ou terceiro ano, a sombra das árvores desfavorece o cultivo de grãos, então é possível ter pastagens e gado em pastejo. No momento de desbaste, é possível retornar ao cultivo de grãos por mais uma safra e depois novamente com a pastagem até o próximo desbaste.
Capítulo: Implantação e Manejo do Componente Florestal em Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 88
Ano: 2015
Para o agricultor que tem interesse na produção pecuária, dois sistemas podem atender perfeitamente esse objetivo: o sistema de sucessão de culturas com forrageiras anuais ou o sistema de rotação de culturas com pastagens perenes.
Caso ele tenha pouco interesse na pecuária e queira apenas intensificar o uso das glebas na entressafra, a sucessão com pastagens anuais é o mais indicado. Para esse sistema, existem muitos negócios na modalidade de parceria, em que as pastagens são alugadas ao pecuarista na entressafra. Nesse caso, o produtor não terá envolvimento com a pecuária e não terá de dispor de recursos para aquisição dos animais.
Quando o interesse pela pecuária aumenta, o sistema de rotação de culturas com pastagens perenes passa a ser interessante. O agropecuarista deverá estar bem assessorado para decidir sobre as estratégias de condução, tanto da parte agrícola quanto da pecuária, em especial na definição do modelo de rotação pastagem-lavoura, que mais se adequa ao seu negócio. Muitos agricultores não aderem à pecuária em virtude das adaptações que devem ser feitas nas áreas para os animais, como a instalação de cochos, bebedouros e cercas nas áreas que, além do custo, trazem problemas operacionais no cultivo agrícola nos anos seguintes. Além disso, a escolha dos animais, a mão de obra no manejo e a necessidade maior de recursos humanos para o trabalho trazem custos adicionais ao negócio. Porém, ao longo dos anos, a verticalização do negócio irá suprimir esses custos e aumentar as receitas de forma significativa.
Capítulo: Implantação de Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária
Número da Pergunta: 54
Ano: 2015
- Para o agricultor: aumento da produtividade e do lucro da atividade, com maior estabilidade de renda por causa da produção diversificada, que reduz a vulnerabilidade aos efeitos do clima e do mercado. Essa nova realidade do produtor permite a ele decidir se aumenta o seu rebanho ou a produção agrícola em um novo patamar tecnológico. Isso é decisivo para a inserção desse produtor no agronegócio. Além disso, a propriedade é valorizada. Uma consideração a ser feita é a de que a pecuária é uma atividade de menor risco em comparação à agricultura. O pecuarista que adota o sistema de ILP aumenta o risco do seu negócio, ao passo que o agricultor tem seus riscos diminuídos.
- Para o pecuarista: embora o risco com agricultura seja grande, ele pode ser compensado com a possibilidade de recuperação da pastagem. A depender da escolha da cultura produtora de grãos no mercado da região onde se localiza a propriedade, a agricultura paga os custos de implantação da nova pastagem e ainda pode trazer lucro adicional se a venda dos grãos for feita no momento oportuno. Além disso, após uma cultura produtora de grãos, a pastagem tem maior produtividade, proporcionando maior ganho de peso por animal e menor custo com suplementação.
- Para a pastagem: como o potencial produtivo do solo é melhorado mediante as correções químicas e adubações realizadas para cultivos de lavouras, a produtividade e a longevidade da pastagem são aumentadas. Adequando o manejo da pastagem por meio do controle de lotação animal e da reposição de nutrientes após cada ciclo de pastejo, essa pastagem permanecerá por muito tempo sendo explorada sem a necessidade de uma nova recuperação da área.
- Para a lavoura: a correção do solo por meio da adição de nutrientes e diminuição do alumínio tóxico proporciona melhoria do ambiente produtivo. Além disso, a pastagem produz muita massa tanto de raízes quanto de parte aérea, aumentando a matéria orgânica, a quantidade de microrganismos benéficos e a porosidade do solo. Esse novo ambiente produtivo diminui a incidência de pragas e doenças com origem no solo. A presença de cobertura permanente no solo traz benefícios no controle da erosão, por causa da proteção mecânica que os resíduos vegetais proporcionam, além de controlar a temperatura do solo e o aumento da infiltração e reduzir a evaporação de água, diminuindo os riscos de perdas de produtividade em casos de regiões com problemas de veranicos.
Capítulo: Implantação de Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária
Número da Pergunta: 56
Ano: 2015
Os primeiros passos são o diagnóstico da propriedade e o planejamento com antecedência, pois a falta de um planejamento completo pode comprometer a eficiência e os custos do projeto.
É importante procurar assistência técnica para o planejamento de todas as etapas, obedecendo aos critérios agronômicos e ao zoneamento de risco agroclimático da região, no que se refere à escolha das culturas a serem semeadas e à melhor forma de implantação do sistema de ILP de acordo com os seguintes aspectos: vocação, experiência e preferências do produtor e realidade do mercado local e regional.
Capítulo: Implantação de Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária
Número da Pergunta: 57
Ano: 2015
O SPD é recomendado em áreas agrícolas com solo parcial ou adequadamente corrigido, que não necessitem de uso constante de equipamentos para preparo do solo para descompactar o solo, mesmo em situações em que a área foi pastejada por animais antes do plantio de uma nova lavoura.
Este sistema está sendo largamente empregado na sequência da recuperação ou na reforma de pastagens degradadas feitas, na maioria das vezes, com o preparo convencional com o uso de gradagens, subsolagens e arações. Embora práticas dessa natureza já sejam utilizadas há bastante tempo, a elas vêm sendo agregados avanços tecnológicos com o objetivo de aumentar sua eficiência, ou seja, possibilitar a formação de pastagem de boa qualidade sem queda significativa de produtividade da cultura associada.
Normalmente, ao ser implementado um modelo de ILP, os custos de uma área degradada são altos inicialmente, mas depois da adoção do SPD reduzem consideravelmente. Mesmo em casos em que a forrageira possa competir com a cultura produtora de grãos, a redução de custos proporcionados pelo SPD não compromete o negócio que, além dos grãos, ainda poderá ser compensado pelo tempo de exploração da pastagem, que terá maior produção e qualidade e compensará possíveis prejuízos que porventura possam ocorrer.
Capítulo: Implantação de Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária
Número da Pergunta: 67
Ano: 2015
A implantação do sistema Santa Brígida segue, basicamente, as premissas dos sistemas de produção convencional de milho, acrescentando-se a espécie leguminosa.
Dessecação da área
Obedece às recomendações convencionais. Porém deve-se respeitar o fato de, no SPD, a dessecação ser feita por, pelo menos, duas a três semanas antes da semeadura do milho e/ou da leguminosa. Esse procedimento evita que exsudatos com moléculas do dessecante passem da planta-alvo para as raízes das culturas principais.
Semeadura e adubação
A braquiária pode ser semeada imediatamente antes da cultura do milho, em áreas que não apresentem infestação de plantas daninhas de folha estreita, ou em pós-emergência da cultura do milho. A quantidade de sementes de guandu-anão obedece às recomendações convencionais no que se refere à quantidade de quilos por hectare, contudo é desejável que se obtenha uma população final entre quatro e cinco plantas por metro linear ou entre oito e dez plantas por metro linear. No caso da produção de milho com espaçamento reduzido, a semente do guandu-anão pode ser misturada ao fertilizante, desde que sua incorporação não seja muito profunda, estabelecendo-se o consórcio na mesma fileira do milho. Esse mesmo procedimento pode ser usado para espaçamentos maiores de milho (0,8 m a 1,0 m), porém é recomendável a adição de uma fileira da leguminosa centralizada nas entrelinhas do milho.
Para fazer esse consórcio triplo de maneira mais prática, deve-se misturar superfosfato simples com as sementes de guandu-anão e braquiária e semeá-las nas entrelinhas do milho em profundidade de 2 cm a 3 cm. A adubação do milho deve ser feita de acordo com as recomendações convencionais, especialmente a aplicação do nitrogênio em cobertura.
Consórcio
O consórcio pode ser estabelecido via semeadura simultânea ou defasada, ou seja, as leguminosas podem ser semeadas em operação distinta, cerca de 10 a 15 dias após a emergência das plantas de milho.
A escolha entre o consórcio simultâneo ou defasado deve considerar:
- O espaçamento entre linhas de milho, pois, à medida que se diminui o espaçamento, o fechamento da cultura ocorre mais rapidamente. Nesse caso, a semeadura do guandu-anão pode ser realizada no mesmo dia que o milho, uma vez que a capacidade de competição pela leguminosa, que já é baixa, é ainda mais suprimida pelo sombreamento proporcionado pelo milho em espaçamento reduzido.
- A infestação da área por plantas daninhas de folhas largas. Nesse caso, recomenda-se que seja adotada alguma prática de controle precoce das plantas daninhas antes da implantação do consórcio, para garantir que a emergência das plantas de guandu-anão ocorra após a aplicação dos herbicidas. Em áreas muito infestadas por plantas daninhas, folhas estreitas e largas, não é recomendável fazer o consórcio simultâneo do milho com a leguminosa. Nesse caso, recomenda-se fazer um manejo precoce das plantas daninhas, com herbicida pós-emergente, e imediata semeadura das leguminosas em pós-emergência do milho. A colheita do milho não deve ser tardia, pois podem ocorrer dificuldades operacionais em razão do volume de massa verde, tanto de guandu quanto de braquiária, que tendem a crescer vigorosamente após a senescência do milho, por causa da entrada de radiação solar nas entrelinhas da cultura. Essa medida deve evitar embuchamentos na colhedora pela forrageira.
Capítulo: Implantação de Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária
Número da Pergunta: 75
Ano: 2015
- Recuperar ou reformar pastagens degradadas: as lavouras são utilizadas a fim de que a produção agrícola pague, pelo menos em parte, os custos da recuperação ou da reforma das pastagens. A pastagem na sequência terá maior produtividade em virtude do aproveitamento dos nutrientes deixados pela cultura produtora dos grãos. Para a maioria dos solos do Brasil, caso não sejam feitas adubações de manutenção, esse método dá resultado nos primeiros 2 ou 3 anos. Após esse período, a pastagem já apresenta acentuada degradação, em razão do esgotamento dos nutrientes que entraram no sistema via adubação das lavouras. Então, é necessário cultivar lavouras novamente na área para reposição de nutrientes.
- Melhorar as condições físicas e biológicas do solo com a pastagem na área de lavoura: as pastagens deixam quantidades consideráveis de palha sobre o solo. Além disso, as espécies exploram grandes volumes de solo com suas raízes, que, com a dessecação da parte aérea, aumentam a infiltração de água. Isso tende a aumentar a matéria orgânica, que é fundamental na melhoria da estrutura física, além de ser responsável pela reciclagem de alguns nutrientes essenciais às plantas, como o potássio, por exemplo. A matéria orgânica também aumenta a quantidade de meso-organismos (minhocas e insetos) e microrganismos, por ser fonte de alimento e também de carbono para esses seres vivos. A decomposição das raízes cria uma rede de canalículos no solo de grande importância nas trocas gasosas e na movimentação descendente de íons e de água. Esse novo ambiente criado no solo pelo sistema de ILP é fundamental para impactar positivamente tanto a sua sustentabilidade quanto a produtividade do sistema agropecuário.
- Recuperar a fertilidade do solo com a lavoura na área de pastagens degradadas: a correção química do solo e a adubação para cultivo de lavouras recuperam a fertilidade do solo, aumentando a oferta de nutrientes residuais para o pasto que aumenta o seu potencial de produção. Vale insistir no fato de que esse condicionamento é temporário, pois a exploração intensiva sem a reposição de nutrientes no pasto e com altas lotações animais é nociva e de pouca rentabilidade.
- Produzir pasto, forragem conservada e grãos para alimentação animal na estação seca: além da produção de silagem e de grãos, o sistema de ILP possibilita que a pastagem produzida no consórcio ou em sucessão seja utilizada durante a estação seca. A correção do perfil do solo proporciona melhor desenvolvimento do sistema radicular da forrageira, que, assim, aprofunda-se no perfil e absorve água em maiores profundidades, conferindo ao pasto maior persistência durante a estação seca. Além disso, há possibilidade de que os resíduos pós-colheita de grãos possam ser utilizados para alimentação dos animais, outro grande benefício indireto que as culturas produtoras de grãos podem fornecer para a pecuária, além da produção de silagem e de feno.
- Diminuir a dependência de insumos externos: a pastagem recuperada ou reformada passa a contribuir em maior proporção na dieta dos animais, e os grãos produzidos na fazenda são usados na produção da própria ração, diminuindo a necessidade de aquisição no mercado.
- Reduzir os custos tanto da atividade agrícola quanto da pecuária: como há ganhos em produtividade tanto das lavouras quanto das pastagens, menor demanda por defensivos agrícolas e melhor aproveitamento da mão de obra, entre outros fatores, os custos de produção são reduzidos ao longo dos anos de adoção do sistema de ILP.
- Aumentar a estabilidade de renda do produtor: o sistema de ILP possibilita a diversificação de culturas e de atividades econômicas na propriedade, conferindo maior estabilidade de renda, pois os riscos inerentes ao cultivo de uma única cultura diminuem. Mesmo em anos de estiagem, durante os quais pode haver perda de produtividade na agricultura, a pecuária pode diminuir os prejuízos. Em outras palavras, tendo somente uma atividade econômica na propriedade, o agropecuarista fica sujeito a prejuízos que, caso aconteçam, podem ser de difícil recuperação em curto tempo.
Capítulo: Implantação de Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária
Número da Pergunta: 55
Ano: 2015
A introdução de árvores no sistema de ILP irá causar alterações no microclima da área produtiva e maior diversificação de culturas no ambiente. Nesse caso, os ganhos imediatos são associados ao potencial econômico da nova atividade introduzida na área.
Para evitar sombreamento excessivo, as condições ideais são as seguintes: espaçamentos maiores entre linhas e alinhamento das árvores, preferencialmente no sentido leste-oeste, quando o declive do terreno permitir.
Há também um significativo ganho relacionado ao conforto animal, especialmente na produção leiteira. As pastagens produzidas sob sombreamento não excessivo podem apresentar, em alguns casos, maior digestibilidade, com maior teor de proteínas e menor de fibras, quando comparadas às pastagens em pleno sol.
Além disso, as árvores contribuem para aumentar o bem-estar e o conforto térmico dos animais, inclusive para raças zebuínas (Nelore, Gir, Guzerá, etc.), bem adaptadas ao calor. As árvores diminuem os extremos de temperatura no ambiente. Por causa do sombreamento, as temperaturas elevadas são reduzidas assim como os efeitos do frio, pela barreira natural contra o vento. A barreira física proporcionada pelas árvores também contribui para reduzir os efeitos de geadas sobre a pastagem.
Capítulo: Benefícios da Adoção da Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 50
Ano: 2015
Nesse caso, as glebas de terra já têm sua fertilidade corrigida. Mesmo assim, pode haver necessidade de algum ajuste, especialmente quanto à gestão pecuária por parte de agricultores. De qualquer maneira, observa-se que esses absorvem com maior facilidade as necessidades gerenciais da pecuária quando comparados aos pecuaristas, que demonstram maior dificuldade em assimilar as exigências no manejo das lavouras. O planejamento tem de ser global.
Para integrar a pecuária nessas condições, é necessário que o investimento, que pode ser elevado, considere a necessidade de construção de estruturas físicas para os animais (cercas, cochos, bebedouros, curral, etc.). Muitas vezes o agropecuarista já desenvolve essas duas atividades em sua fazenda de maneira complementar, entretanto sem integração entre elas. Nesse caso, o sistema de ILP torna-se bem mais simples, pois parte da estrutura da pecuária e de correção do solo já está pronta. Há necessidade também de avaliar com que animais a propriedade irá trabalhar, além de definir o método de exploração da atividade pecuária (cria, recria, engorda ou produção de leite).
Observando-se esses aspectos, pode-se optar pela espécie forrageira que melhor se adeque às necessidades do agropecuarista, bem como definir o tempo de exploração de cada uma das atividades e as produtividades que poderão ser trabalhadas.
Capítulo: Implantação de Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária
Número da Pergunta: 59
Ano: 2015
Não existe regra para isso. A definição depende da atividade principal do agricultor/pecuarista e da forma como a área será explorada. As condições de produção e de degradação das pastagens são reguladas pelas condições de clima e de solo locais, além dos manejos de solo e animais adotados.
Quanto mais produtiva a pastagem, maior a carga animal e, consequentemente, maior a remoção dos nutrientes do solo. Então, mais acelerada poderá ser a degradação da pastagem caso não se tomem medidas para reposição dos nutrientes. Nessa situação, ciclos mais curtos entre pastagens e lavouras são a garantia de entrada de nutrientes no sistema via fertilizantes residuais usados nas lavouras.
Geralmente, nos dois primeiros anos com pastagens depois de lavouras obtêm-se boas produtividades e, daí em diante, observa-se queda mais acentuada. Nessa ocasião, o pecuarista deve tomar a decisão: ou aduba a pastagem ou faz novo ciclo com lavoura. Isso vai depender também de como está o número de plantas forrageiras na área, pois o solo exposto sem pastagem tem maior presença de plantas invasoras. Quando a área de pastagem impossibilita a implantação de uma cultura produtora de grãos, a recomendação é que se faça um plano de adubação e de ocupação dessas pastagens, visando aumentar o tempo de exploração por longos períodos sem degradá-la.
Por sua vez, quando não há limitação operacional para o cultivo de grãos, a recomendação é intensificar o ciclo de rotação lavoura-pastagem até um ponto de equilíbrio com os interesses do pecuarista ou do agricultor. Cada situação depende de uma série de fatores econômicos e ambientais, mas que são possíveis de ajustes desde que bem planejados, com auxílio técnico. O planejamento é fator crucial, pois, ao definir estratégias de acordo com a atividade principal da propriedade, podem ser estabelecidas metas de recuperação da pastagem ou produtividades de grãos que devem ser buscadas a fim de que os custos sejam pagos e o lucro seja atingido no menor espaço de tempo possível.
Capítulo: Implantação de Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária
Número da Pergunta: 60
Ano: 2015
Consiste na produção consorciada de culturas de grãos, especialmente milho, soja (Glycine max), arroz (Oryza sativa), sorgo e milheto com espécies forrageiras tropicais, principalmente as do gênero Urochloa e Panicum, tanto no SPD quanto no preparo convencional, em áreas de lavoura com solo parcial ou devidamente corrigido.
Os principais objetivos desse sistema são:
- Produzir forrageira para a entressafra e palhada em quantidade e qualidade para o SPD.
- Aumentar a produtividade da cultura de milho e das pastagens e, com isso, baixar os custos de produção, tornando a propriedade agrícola mais competitiva e sustentável.
- Viabilizar o plantio direto em várias regiões com a geração de palhada em quantidade adequada.
Os principais benefícios são:
- Bom desenvolvimento inicial da cultura do milho, exercendo com isso alta competição sobre as forrageiras, a fim de evitar redução significativa nas suas capacidades produtivas de grãos.
- Apresenta a vantagem de não alterar o cronograma de atividades do produtor e não exigir equipamentos especiais para sua implantação.
- Efeito supressor da palhada de braquiária em plantas daninhas e em fungos de solo.
Capítulo: Implantação de Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária
Número da Pergunta: 70
Ano: 2015
Não. Hoje existem consórcios de culturas que são exploradas com espécies leguminosas, como o guandu-anão (Cajanus cajan) – sistema Santa Brígida – e o estilosantes (Stylosanthes spp.), por exemplo. Elas podem ser consorciadas com o milho e com as braquiárias, em cultivos simultâneos ou defasados. Já existem produtores trabalhando com o consórcio de milho com braquiárias na linha de cultivo e com guandu na entrelinha, por exemplo, visando à produção de pasto com maior quantidade de proteína no período de outono-primavera. Porém, a viabilidade e a escolha da espécie devem ser pensadas de acordo com cada situação e, para isso, as recomendações de um técnico devem sempre ser consideradas.
Capítulo: Implantação de Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária
Número da Pergunta: 71
Ano: 2015
O sistema São Mateus é indicado para a região do Bolsão Sul-Mato-Grossense, tendo como base a utilização do sistema de ILP com a antecipação da correção química e física do solo e do cultivo de soja em plantio direto para amortizar os custos da recuperação da pastagem. Tal sistema de produção proporciona a diversificação das atividades e dilui os riscos de frustrações, ampliando a rentabilidade e a margem de lucro da propriedade rural.
Capítulo: Implantação de Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária
Número da Pergunta: 76
Ano: 2015
O espaçamento varia de acordo com os seguintes fatores: espécie arbórea, espécie forrageira e estratégia de implantação e de manejo do sistema (pastejo rotativo, realização de desbastes, etc.). O espaçamento ideal é aquele que não impede o acúmulo de forragem em quantidade e qualidade, ao longo do ciclo do sistema com pecuária, e que proporcione a produção do componente florestal selecionado. A manutenção de um “espaçamento ideal” depende de desbastes e da relação desses com a cobertura de copa das árvores no terreno. De modo geral, será necessário realizar desbastes (retirar árvores inteiras) quando a cobertura de copa das árvores tiver entre 30% e 35%, e assim manter um ambiente luminoso que permita a produção de forragem suficiente para um bom desempenho animal no sistema.
Capítulo: Implantação e Manejo do Componente Florestal em Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 89
Ano: 2015
A escolha adequada das espécies arbóreas a serem introduzidas é de grande importância para o sucesso do sistema. As árvores devem ser escolhidas de acordo com os seguintes aspectos: adaptação ao sítio; arquitetura da copa favorável; facilidade de estabelecimento; cumprimento das exigências do mercado para os produtos das árvores; escolha de espécies de rápido crescimento; tipo de raiz das árvores; controle de erosão e escoamento superficial de águas da chuva; sombra para os animais e compatibilidade com pastagens e gado, ou seja, não apresentando efeitos negativos aos animais, como toxicidade ou alelopatia para os demais componentes (cultivo de grãos e pastagens).
Capítulo: Implantação e Manejo do Componente Florestal em Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 90
Ano: 2015
Nessas regiões, três modalidades de integração lavoura-pecuária (ILP) se destacam:
- Fazendas de pecuária, em que a introdução de culturas de grãos [arroz (Oryza sativa), milho (Zea mays), sorgo (Sorghum bicolor), soja (Glycine max)] em áreas de pastagens tem por objetivo recuperar a produtividade dos pastos.
- Fazendas especializadas em lavouras de grãos, que adotam as gramíneas forrageiras para melhorar a cobertura de solo para o sistema de plantio direto (SPD) e, na entressafra, há oportunidade para uso dessa forragem na alimentação de bovinos (boi safrinha ou pasto safrinha).
- Fazendas que, sistematicamente, adotam a rotação de pasto e lavoura para intensificar o uso da terra e se beneficiar do sinergismo entre as duas atividades.
Capítulo: Práticas e Manejo de Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária na Safra e Safrinha para as Regiões Centro-Oeste e Sudeste
Número da Pergunta: 105
Ano: 2015
Atualmente, a espécie de maior potencial de utilização no sistema de ILPF é o eucalipto (Eucalyptus spp.), por causa de seu rápido crescimento, oferta de clones adaptados a diferentes regiões, arquitetura de copa rala e elevado rendimento econômico, que proporciona usos múltiplos com a produção de multiprodutos madeireiros e não madeireiros. Outras espécies estão sendo utilizadas, tais como: acácia (Acacia mangium), paricá ou pinho-cuiabano (Schizolobium amazonicum), mogno-africano (Khaya ivorensis), cedro-australiano (Toona ciliata), canafístula (Peltophorum dubium), grevílea (Grevillea robusta), pínus (Pinus spp.) e bracatinga (Mimosa scabrella). Há pesquisas com mogno-brasileiro (Swietenia macrophylla), teca (Tectona grandis), nim-indiano (Azadirachta indica), mulateiro (Calycophyllum spruceanum), amarelão (Aspidosperma vargassii), sumaúma (Ceiba pentandra), taxi-branco (Sclerolobium paniculatum), pau-de-balsa (Ochroma pyramidale), gliricídia (Gliricidia sepium), entre outras. Também têm sido utilizadas espécies de palmáceas como macaúba (Acrocomia aculeata), dendê (Elaeis guineensis), guariroba (Syagrus oleracea), coqueiro (Coco nucifera) e espécies frutíferas.
Capítulo: Implantação e Manejo do Componente Florestal em Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 91
Ano: 2015
A prioridade na escolha da espécie arbórea dependerá do interesse do produtor rural. Se o objetivo é produzir madeira, a escolha das espécies deverá recair sobre espécies madeireiras, especialmente se tal escolha tem como motivo atender ao mercado. Se a escolha é o produto não madeireiro, o produtor deverá saber que produto deverá obter da árvore (fruto, resina, látex, semente, forragem, óleo essencial, casca, etc.) e escolher as espécies adequadas para a produção esperada.
Capítulo: Implantação e Manejo do Componente Florestal em Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 93
Ano: 2015
A madeira produzida no sistema de ILPF pode ter vários destinos, como serraria, laminação, lenha, palanques de cerca, carvão, escoras, celulose, construção civil, entre outros. A melhor destinação será aquela para a qual o sistema foi planejado, que atenda tanto o interesse do produtor rural, no que se refere à receita, aos produtos e/ou serviços, quanto o mercado consumidor local ou regional.
Capítulo: Implantação e Manejo do Componente Florestal em Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 94
Ano: 2015
Por exemplo, se o plantio foi realizado com interesse na produção de lenha, carvão, celulose e palanque de cerca, e se deseja mudar para toras de serraria, deve-se fazer o desbastepan class="sobrescrito" no momento adequado e deixar as árvores que serão conduzidas para tora. Não é recomendado conduzir a rebrota.
Se o plantio for realizado com objetivo de produzir tora para serraria, com poucas árvores por hectare, e se deseja mudar para lenha, carvão, celulose, palanque de cerca, etc., também é possível alterar a destinação, no entanto o rendimento poderá ser muito menor em razão do menor volume de madeira por hectare e do menor preço pago para a madeira de lenha, carvão e palanque de cerca. Na Tabela 1, pode-se observar um exemplo de mudança de destinação da madeira. É necessário realizar desbastes, que devem ser feitos no momento adequado para não comprometer a qualidade da madeira de toras no futuro, ou seja, é recomendado não atrasar o momento do desbaste para ter boa qualidade de madeira de serraria.
Tabela 1. Orientações para realização de desbastes quando se pretende alterar, ao longo do tempo, a destinação de plantio de árvores, de produção de madeira fina (lenha, carvão, palanque de cerca) para a produção de toras para serraria.
Arranjo espacial |
Plantio(1) |
1º desbaste(2) |
2º desbaste(3) |
3º desbaste(3) |
Distância entre renques (m) |
14 |
14 |
14 |
14 |
Nº de linhas no renque |
5 |
3 |
3 |
2 |
Distância entre linhas no renque (m) |
3 |
6 |
6 |
14 |
Distância entre árvores na linha (m) |
2 |
4 |
8 |
8 |
Nº de árvores/ha |
962 |
288 |
144 |
96 |
(1) Destinação para madeira fina. (2) No primeiro desbaste, destinação para toras fina (toretes) e madeira fina da copada das árvores. (3) No segundo e terceiro desbastes, destinação para serraria e laminação e madeira fina do restante da copada das árvores.
Capítulo: Implantação e Manejo do Componente Florestal em Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 95
Ano: 2015
Os tratos culturais necessários para o adequado desenvolvimento e manejo das árvores estão resumidos na Tabela 2.
Tabela 2. Tratos culturais necessários para a correta implantação do sistema de ILPF de acordo com a idade das árvores.
O que pode ser feito? |
Idade do plantio das árvores |
Coroamento Controle químico na faixa de plantio com produtos não seletivos (usando proteção para as mudas) Capina manual Cultivos anuais (lavouras) na entrelinha quando for renque com mais de uma linha de árvores ou também entre os renques Gradagem na entrelinha quando for renque com mais de uma linha de árvore ou dos lados da linha de plantio da árvore quando for somente uma linha |
0 a 3 meses plantio |
Roçada nas entrelinhas ou entre plantas na linha Cultivos anuais intercalares |
3 a 24 meses |
A primeira desrama deve ser feita quando a grossura das árvores na altura de 1,30 m do solo (o chamado diâmetro a altura do peito – DAP) atingir 6 cm |
Depende do crescimento das árvores |
O desbaste deve ser feito sempre que a cobertura de copa atingir 30% |
Depende do crescimento das árvores e do espaçamento utilizado |
Fonte: adaptado de Porfírio-da-Silva et al. (2009).
PORFÍRIO-DA-SILVA, V.; MEDRADO, M. J. S.; NICODEMO, M. L. F.; DERETI, R. M. Arborização de pastagens com espécies florestais madeireiras: implantação e manejo. Colombo: Embrapa Florestas, 2009. 48 p. Disponível em: <https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/132912/1/2014-reimp-Cartilha-Arborizacao-2014.pdf>.
Capítulo: Implantação e Manejo do Componente Florestal em Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 97
Ano: 2015
A primeira desrama deve ser realizada quando 60% das árvores monitoradas na amostragem tiverem atingido 6 cm de diâmetro a altura do peito (DAP). Não é recomendável que se faça a desrama antes de atingir tal diâmetro, pois isso pode atrasar o crescimento da árvore. A medida do DAP das árvores é obtida a 1,30 m da base do tronco, e a desrama deve ser feita desse ponto para baixo. Certamente as árvores não crescem iguais, por isso, quando 60% das árvores tiverem atingido 6 cm de DAP, algumas delas já terão ultrapassado essa medida, então deve ser desramada da altura que apresentar os 6 cm de diâmetro.
Outras desramas serão necessárias no futuro, e devem ser feitas retirando os galhos até a metade da altura total das árvores. Para cortar os galhos, é necessário utilizar ferramentas adequadas para a poda florestal, como o serrote curvo, o podão ou a tesoura, os quais devem estar bem afiados.
Capítulo: Implantação e Manejo do Componente Florestal em Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 98
Ano: 2015
A melhor estratégia é a adoção de sistemas agrossilvipastoris com cultivo de espécies agrícolas nas entrelinhas das árvores. Nesse caso, o crescimento das árvores é maior pelo efeito residual dos fertilizantes e da correção do solo realizada na área. Entretanto, com pastagem formada e produtiva, a utilização de cercas eletrificadas é a prática mais recomendada até que as árvores cresçam o suficiente para suportar o peso do corpo de um animal adulto.
Capítulo: Implantação e Manejo do Componente Florestal em Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Número da Pergunta: 101
Ano: 2015
O sistema de ILP, em princípio, adapta-se tanto às pequenas propriedades quanto às grandes. No entanto, esse sistema tem sido mais adotado pelas fazendas com áreas superiores a 500 ha. Embora não se tenha uma estatística sobre a estratificação desse sistema em relação à área das propriedades, observa-se maior crescimento do sistema boi safrinha nas fazendas de grãos. Nas fazendas de pecuária, também se observa interesse crescente pelo sistema de ILP, sobretudo na recuperação/renovação de pastagens degradadas. A rotação contínua pasto-lavoura é o sistema adotado em menor escala.
Capítulo: Práticas e Manejo de Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária na Safra e Safrinha para as Regiões Centro-Oeste e Sudeste
Número da Pergunta: 106
Ano: 2015
É possível consorciar milho ou sorgo com praticamente todas as cultivares de capim disponíveis no mercado. As culturas de milho e de sorgo, em razão da maior capacidade de competição com as gramíneas forrageiras (Urochloa spp., syn. Brachiaria spp. e Panicum maximum) na fase inicial de estabelecimento, têm sido as mais adotadas nos consórcios cultura anual-pasto. O consórcio de culturas de grãos com forrageiras tem por objetivo antecipar o estabelecimento das pastagens em sistemas de ILP e, desse modo, o uso da forrageira para produção de palha para o SPD ou para a alimentação animal. Entre as alternativas para minimizar essa competição, citam-se: plantio defasado (sobressemeadura), subdoses de herbicidas para reduzir a competição da forrageira com a cultura de grãos e modificações no arranjo de plantas. No entanto, pela maior facilidade de manejo, os produtores de grãos utilizam mais frequentemente o consórcio de milho ou sorgo com Urochloa ruziziensis. Ressalte-se a necessidade de diversificação das espécies forrageiras no consórcio, a fim de evitar problemas com insetos-pragas, doenças e nematoides. Nas regiões em que a pluviosidade permite uma segunda safra (verão/outono), normalmente cultiva-se soja na primeira safra e, na segunda safra, milho e/ou sorgo consorciados com braquiária. Naquelas em que as condições climáticas não permitem uma segunda safra, o consórcio de milho com forrageiras no verão é a alternativa mais adotada pelos produtores. A sobressemeadura de gramíneas forrageiras em soja, entre os estádios de desenvolvimento R5 e R7, é uma alternativa com uso crescente, sobretudo com cultivares de soja precoce.
Capítulo: Práticas e Manejo de Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária na Safra e Safrinha para as Regiões Centro-Oeste e Sudeste
Número da Pergunta: 107
Ano: 2015
Os termos "boi safrinha" ou "pasto safrinha" referem-se ao uso da forragem produzida em consórcio no verão, com a finalidade de cobertura de solo para o SPD, também para a alimentação de bovinos na estação da seca (inverno). É uma pastagem de curta duração num período em que, normalmente, ocorre deficit de forragem. A pastagem pode ser utilizada para cria, recria ou terminação de bovinos, bem como para produção de feno para uso na própria fazenda e/ou comercialização. Com esse sistema, no sudoeste goiano, por exemplo, alguns pecuaristas têm conseguido realizar uma estação de monta em novilhas durante o mês de agosto. Os nascimentos ocorrem em abril; e, em maio/junho, as vacas primíparas pastejam nos pastos de safrinha recém-estabelecidos. Embora sem indicar um valor, os produtores que têm adotado essa prática relatam que o efeito na taxa de reconcepção dessas vacas tem aumentado.
Capítulo: Práticas e Manejo de Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária na Safra e Safrinha para as Regiões Centro-Oeste e Sudeste
Número da Pergunta: 109
Ano: 2015
A intensificação do uso dos fatores de produção merece destaque. Com esse sistema, é possível manter a área produzindo o ano todo, por exemplo: soja na primeira safra de verão, milho consorciado com uma gramínea forrageira e, depois da colheita, alimentação animal na estação da seca. Com essa diversificação de atividades, há uma redução de risco de produção e financeiro (diluição dos custos), além da possibilidade de manutenção de mão de obra definitiva nas propriedades. As fazendas que adotam a rotação lavoura-pasto como estratégia de produção agrícola, além das melhorias na qualidade do solo e da redução da incidência de doenças e plantas daninhas, podem se beneficiar da melhor estabilidade de produção de forragem para alimentar o rebanho durante o ano todo. No período das chuvas, em razão da melhoria da fertilidade do solo pelas lavouras, as pastagens são mais produtivas. Por sua vez, no período da seca, além da palhada e dos subprodutos de colheita, os pastos recém-estabelecidos permanecem verdes e com qualidade e quantidade para conferir ganhos de peso positivos, em vez de perda de peso, que, nesse período do ano, é comum na maioria das fazendas da região.
Capítulo: Práticas e Manejo de Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária na Safra e Safrinha para as Regiões Centro-Oeste e Sudeste
Número da Pergunta: 111
Ano: 2015
Quando expressa em peso (kg/ha de semente), a taxa de semeadura desses dois tipos de sementes é diferente, porque o peso de uma semente peletizada é maior do que o de uma semente sem peletização (de duas a três vezes). Embora pareça óbvio, têm-se observado erros frequentes no cálculo da taxa de semeadura a ser utilizada na formação de pastagens e, como consequência, baixa população de plantas. O mais indicado, quando não houver orientações na embalagem, é estabelecer a taxa de semeadura de acordo com o número de sementes puras viáveis por metro quadrado, por meio do valor cultural da semente peletizada a ser utilizada. Ressalte-se que, em razão da pressão biótica de insetos cortadores, a quantidade de sementes puras viáveis deve ser de duas a três vezes a quantidade da população meta.
Capítulo: Práticas e Manejo de Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária na Safra e Safrinha para as Regiões Centro-Oeste e Sudeste
Número da Pergunta: 115
Ano: 2015
Sim. O estabelecimento da pastagem na fase de pós-colheita da soja é possível desde que as condições climáticas sejam favoráveis. A evolução do melhoramento da soja visando obter cultivares de ciclo cada vez mais precoce tem favorecido essa modalidade de ILP. A semeadura da forrageira pode ser feita a lanço ou utilizando semeadoras próprias para o enterrio das sementes. No caso da semeadura a lanço, dependendo da cobertura do solo o uso de sementes peletizadas e tratadas é fundamental para a germinação. Nessa modalidade de sucessão, a utilização do consórcio da forrageira com culturas como o milheto ou o sorgo forrageiro (Sorghum bicolor) pode antecipar o uso da área e enriquecer a qualidade do pasto.
Capítulo: Práticas e Manejo de Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária na Safra e Safrinha para as Regiões Centro-Oeste e Sudeste
Número da Pergunta: 117
Ano: 2015
Basicamente existem duas estratégias de manejo de pastagem na pecuária de safrinha, dependendo da época em que a forrageira foi semeada em relação ao final do período chuvoso do ano agrícola. No melhor cenário, em que, depois de semeada a forrageira (normalmente a braquiária – U. ruziziensis) ainda terá, pelo menos, 60 dias dentro do período chuvoso da região, recomenda-se a entrada de animais leves (até cerca de 220 kg – desmama) entre 35 e 45 dias (de modo que a altura média do dossel da braquiária não ultrapasse 35 cm, fato que dependerá das condições de solo e das chuvas) depois da semeadura, numa taxa de lotação dos animais que ainda permita o acúmulo de biomassa da forrageira durante o restante do período chuvoso. Ao final do período chuvoso, avalia-se a biomassa de forragem acumulada e ajusta-se a taxa de lotação dos animais de modo que a demanda de matéria seca seja atendida pela oferta de forragem acumulada. No caso de pastos de safrinha de dupla aptidão (forragem e palhada), é importante manter aproximadamente 4 t/ha de palhada seca para o SPD da soja no ano agrícola seguinte. Parte dessa palhada será proveniente da rebrota da forrageira depois da retirada dos animais no começo do período chuvoso (normalmente no início de outubro).
No pior cenário, em que, depois de semeada, a forrageira terá menos de 60 dias dentro do período chuvoso da região, são necessários, pelo menos, de 100 mm a 120 mm de chuva para que haja acúmulo de biomassa significativo na pastagem. Recomenda-se aguardar o máximo acúmulo de biomassa da forrageira (final do período chuvoso) para somente depois entrar com os animais. O cálculo da taxa de lotação dos animais segue os mesmos critérios discutidos anteriormente.
Capítulo: Práticas e Manejo de Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária na Safra e Safrinha para as Regiões Centro-Oeste e Sudeste
Número da Pergunta: 118
Ano: 2015
Existem vários herbicidas com ação graminicida que podem ser aplicados com o propósito de suprimir o crescimento das gramíneas forrageiras (capins). Os mais estudados pela pesquisa e em uso pelos produtores são: atrazine, nicossulfuron e mesotrione. A aplicação de atrazine, embora possa ser feita em pré-emergência da cultura do milho solteiro, em semeadura simultânea de milho com capim não é recomendada, pois pode afetar a germinação e o estabelecimento da espécie forrageira (capim). A dose desses herbicidas a ser utilizada depende, principalmente, da espécie ou cultivar de forrageira e do estádio de desenvolvimento (número de folhas e perfilhos). Assim, recomenda-se consultar um engenheiro-agrônomo com conhecimento na área.
Capítulo: Práticas e Manejo de Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária na Safra e Safrinha para as Regiões Centro-Oeste e Sudeste
Número da Pergunta: 124
Ano: 2015
É importante reconhecer que o consórcio de milho e braquiária (duplo propósito: cobertura de solo e alimentação animal na estação da seca) não é um sistema ganha-ganha (podem ocorrer perdas de benefícios e produtividade). Em fazendas onde a taxa de lotação é ajustada para permitir um resíduo pós-pastejo compatível com uma boa cobertura de solo e realizar SPD de qualidade, normalmente a eficiência de pastejo – relação entre a massa de forragem acumulada e a consumida pelo animal – em braquiárias consorciadas com milho é baixa, menos de 45%. Isso ocorre pelo estiolamento das plantas de braquiária que são sombreadas pela cultura do milho. Durante a colheita do milho, pode ocorrer ainda tombamento e acamamento das plantas de braquiária. Contudo, tem-se observado que, em até 30 dias depois da colheita, o dossel da pastagem se recupera. Apesar de prejudicial para a formação do pasto, a perda de forragem durante a colheita do milho contribui para preservar a cobertura de solo e para que haja condições adequadas para um bom SPD. Em sistemas bem manejados (perfil de solo corrigido, fertilidade química e física adequada), a rebrota das braquiárias no início das chuvas é mais vigorosa do que normalmente em áreas de pastagens permanentes. Isso também contribui para aumentar a quantidade de palhada sobre o solo.
Capítulo: Práticas e Manejo de Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária na Safra e Safrinha para as Regiões Centro-Oeste e Sudeste
Número da Pergunta: 123
Ano: 2015
Existem dois modos de distribuição de sementes de gramíneas forrageiras: em linha e a lanço. A semeadura em linha pode ser feita ainda na mesma linha da cultura anual ou nas entrelinhas. A mistura das sementes da forrageira com o fertilizante, no mesmo dia do plantio, é outra alternativa que foi muito utilizada pelos produtores. Com a expansão do consórcio de forrageiras com milho e sorgo, tem se observado, também, uma evolução na indústria de semeadeiras. Existem atualmente no mercado, várias delas com a terceira caixa acoplada para sementes de forrageiras, que aumenta a eficiência operacional da semeadura simultânea da cultura e das forrageiras. Com esse implemento, é possível realizar a semeadura em linha e a lanço na superfície do solo (após adaptação, as mangueiras que conduzem as sementes até o sulco de plantio são deixadas soltas). A semeadura a lanço, em razão da maior eficiência operacional, tem sido muito utilizada tanto nas grandes quanto nas pequenas propriedades.
A semeadura aérea por meio de avião agrícola imediatamente antes do plantio da cultura anual é uma prática que vem crescendo em várias regiões, sobretudo naquelas que possuem logística e disponibilidade para esse tipo de serviço. Na falta de uma boa semeadeira, as fazendas de pecuária têm usado distribuidora a lanço de fertilizantes, com sistema de distribuição pendular ou disco horizontal. Nesse caso, recomenda-se o uso de compactador de pneus ou ferro para promover melhor contato das sementes das forrageiras com o solo, favorecendo a germinação. Para pequenas e médias propriedades, recentemente tem estado disponível no mercado um equipamento para semeadura embarcada (moto-semeadura) em veículos leves, do tipo motocicletas e quadriciclos, que apresenta bom rendimento e baixo custo operacional.
Capítulo: Práticas e Manejo de Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária na Safra e Safrinha para as Regiões Centro-Oeste e Sudeste
Número da Pergunta: 125
Ano: 2015
Nas fazendas de pecuária que evoluíram para o sistema de ILP, a distribuição das áreas com lavoura e pastagem, de modo geral, não obedeceram a nenhum arranjo específico. No entanto, com a evolução do sistema os produtores têm notado que a modulação da área (áreas dos componentes agrupadas em módulos), além de facilitar a rotação lavoura-pasto, simplifica o manejo animal, a construção/remoção de cercas, a locação de bebedouros e, sobretudo, aumenta a eficiência operacional de máquinas e implementos por causa da redução de manobras e da possibilidade de "passadas" mais longas.
Capítulo: Práticas e Manejo de Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária na Safra e Safrinha para as Regiões Centro-Oeste e Sudeste
Número da Pergunta: 127
Ano: 2015
A braquiária (U. ruziziensis) é muito susceptível à cigarrinha-das-pastagens. Contudo, nessa região, não se tem observado ataque desse inseto em milho consorciado com essa braquiária. Ao contrário do esperado, estudos da Embrapa Milho e Sorgo (CRUZ et al., 2010) demonstraram que o dano causado pela cigarrinha-das-pastagens (Deois flavopicta) foi maior em milho solteiro do que em consórcio com braquiárias (U. decumbens, U. brizantha e U. ruziziensis). E quanto mais a espécie de braquiária era susceptível à cigarrinha, menor era o dano ao milho.
CRUZ, I.; FIGUEIREDO, M. de L. C.; GONTIJO NETO, M. M.; SILVA, R. B. da Danos da cigarrinha-das-pastagens, Deois flavopicta Stal (Homoptera: Cercopidae) em milho consorciado com braquiárias. Sete Lagoas: Embrapa Milho e Sorgo, 2010. 10 p. (Embrapa Milho e Sorgo. Circular técnica, 144).
Capítulo: Práticas e Manejo de Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária na Safra e Safrinha para as Regiões Centro-Oeste e Sudeste
Número da Pergunta: 128
Ano: 2015
A principal vantagem está no bem-estar animal. O sombreamento das árvores proporciona redução do estresse térmico nos animais, influenciando positivamente a reprodução e o desempenho animal, além da diversificação da produção, reduzindo o risco econômico do negócio.
Capítulo: Práticas e Manejo de Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta com Componente Florestal para as Regiões Centro-Oeste e Sudeste
Número da Pergunta: 130
Ano: 2015
Devem ser considerados alguns fatores importantes para a manutenção da sustentabilidade, da produtividade e da adoção da tecnologia pelos produtores: mercado para os produtos a serem obtidos (madeira, grãos e carne); infraestrutura adequada para o manejo dos animais; proteção e manejo de aguadas e subdivisão em piquetes de forma adequada; momento de entrada dos animais no sistema (o qual será regulado pela grossura das árvores e altura das plantas forrageiras); e densidade das árvores e taxa de lotação dos animais e administração do empreendimento. Assim, na elaboração do planejamento de um projeto de ILPF, quatro perguntas básicas devem ser respondidas: 1) O quê? (Qual raça? Qual espécie?); 2) Por quê? (finalidade e vantagens); 3) Como implantar? (escolha da área, preparo do solo, arranjos, espaçamentos, adubação, etc.); e 4) Como manejar? (cuidados zootécnicos, tratos culturais e silviculturais, proteção florestal – prevenção ao fogo, colheita e corte das árvores, etc.).
Capítulo: Práticas e Manejo de Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta com Componente Florestal para as Regiões Centro-Oeste e Sudeste
Número da Pergunta: 131
Ano: 2015
São várias as dificuldades, entre as quais podemos citar:
- Disponibilidade de mão de obra qualificada.
- Necessidade de equipamentos e/ou prestadores de serviço específicos para implantação e condução da componente florestal.
- Disponibilidade de materiais genéticos comprovadamente de crescimento superior para cada região.
- Planejamento e sincronização das atividades de implantação e condução dos componentes agrícola, pecuária e florestal.
Capítulo: Práticas e Manejo de Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta com Componente Florestal para as Regiões Centro-Oeste e Sudeste
Número da Pergunta: 132
Ano: 2015
A adoção da ILPF pode ser facilitada pela adequada distribuição espacial das árvores no terreno, visando às práticas de conservação do solo e água, ao favorecimento do trânsito de máquinas e à observância de aspectos comportamentais dos animais. Para tanto, o arranjo espacial mais simples e eficaz é o de renques (conjunto de linhas), no qual as árvores são plantadas em renques (formados por linhas simples, duplas, triplas, quádruplas, etc.) com espaçamentos amplos. Não é aconselhável a utilização de mais de três linhas de árvores nos renques por causa da dificuldade de manejo dos animais. A distribuição dos renques de plantio das árvores é realizada, preferencialmente (quando não houver restrições topográficas), no sentido leste-oeste e deverá ser em curvas de nível, quando a topografia for declivosa, para impedir a erosão do solo e a perda de água por escoamento superficial. Os espaçamentos maiores que 20 m entre renques são os mais indicados por promoverem menor sombreamento e menor competição por água e nutrientes para a cultura intercalar (grãos e ou pastagem). A escolha do espaçamento também deve ser planejada conforme as dimensões dos implementos agrícolas, facilitando, assim, as manobras e operações na área.
Capítulo: Práticas e Manejo de Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta com Componente Florestal para as Regiões Centro-Oeste e Sudeste
Número da Pergunta: 133
Ano: 2015
Duas práticas de manejo são essenciais para a boa condução do sistema:
- Desrama artificial das árvores, que tem a finalidade de aumentar a insolação para a cultura intercalar (grãos e ou pastagem), reduzir a conicidade e o fendilhamento das toras das árvores e a quantidade de nós da madeira, produzindo, assim, madeira de qualidade para utilização na serraria.
- Desbaste de árvores, que consiste na retirada de árvores finas e/ou defeituosas, com o objetivo principal de favorecer o crescimento das outras árvores que serão utilizadas para a produção de toras para serraria, laminação e postes.
Capítulo: Práticas e Manejo de Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta com Componente Florestal para as Regiões Centro-Oeste e Sudeste
Número da Pergunta: 136
Ano: 2015
Alguns implementos utilizados na silvicultura podem ser utilizados em ILPF, tais como: subsolador/sulcador florestal para preparo das linhas de plantio das árvores; adubadeira de filete contínuo para adubações iniciais de cobertura; pulverizador do tipo "conceição" (pulverizador com barra protegida para evitar derivas de herbicidas), utilizado para controle de matocompetição nas entrelinhas de plantio; pulverizadores de jato dirigido (mecanizado ou semimecanizado) para controle químico de plantas indesejáveis na linha de plantio; matraca florestal (plantadeira manual), na qual se tem a opção de aplicar o gel de plantio de forma semimecanizada; e plantadeira florestal (para terrenos planos e áreas extensas).
Capítulo: Práticas e Manejo de Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta com Componente Florestal para as Regiões Centro-Oeste e Sudeste
Número da Pergunta: 135
Ano: 2015
Em monocultivos, é comum realizar a primeira desrama na idade de fechamento do dossel, que ocorre, frequentemente, entre 2 e 4 anos de idade, em espécies de rápido crescimento como o eucalipto. Para sistemas de integração, o momento dessa intervenção pode ser antecipado, uma vez que, ao crescer em espaçamentos amplos, as árvores produzem copas mais densas, com maior quantidade de galhos grossos, havendo a necessidade de sua remoção mais cedo, se o objetivo for reduzir o núcleo nodoso e produzir maior proporção de madeira livre de nós de alta qualidade e de maior valor agregado. Árvores conduzidas para a produção de energia devem ser desramadas observando se essa prática trará benefícios efetivos ao sistema, como aumento da disponibilidade de luz e maior facilidade de acesso e movimentação dos animais.
Quando o objetivo for a madeira serrada, a desrama é prática obrigatória. O momento da aplicação da desrama irá depender do objetivo de produção (diâmetro do núcleo enodado preestabelecido), do diâmetro dos galhos na base do tronco e da qualidade do sítio, pois, quanto maior a velocidade de crescimento, mais cedo se inicia o entrelaçamento das copas e o consequente fechamento do dossel e a mortalidade dos galhos nas posições mais baixas da copa. Deve-se procurar remover os galhos até a altura aproximada de 6 m, que compreende a maior parte da porção comercializável de alto valor de mercado de uma árvore. Deve-se procurar atingir essa altura de desrama no menor número de operações para reduzir custos. No entanto, devem-se evitar remoções drásticas principalmente na porção mediana da copa, onde se encontram as folhas mais ativas na fixação de carbono.
Capítulo: Práticas e Manejo de Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta com Componente Florestal para as Regiões Centro-Oeste e Sudeste
Número da Pergunta: 138
Ano: 2015
Se a opção for desbastar, o momento do desbaste e o método e a intensidade a serem aplicados devem ser considerados. O primeiro desbaste pode ser considerado o mais importante tratamento silvicultural aplicado durante a rotação de uma determinada espécie florestal, pois define o curso e a flexibilidade das operações subsequentes e os sortimentos florestais futuros. Devem ser os mais pesados (maior porcentagem de árvores removidas) já que árvores jovens têm maior capacidade de resposta à abertura de espaços criada pelos desbastes. O primeiro desbaste deve ser realizado assim que a copa ou o sistema radicular das árvores comece a interferir no crescimento dos demais componentes do sistema. Por isso a escolha do espaçamento entre renques e entre as árvores no renque tem grande importância, já que tem influência direta sobre o momento de desbastar. Desbastar árvores finas com pouco ou nenhum valor de mercado implicará aumento de custos.
A taxa de crescimento diamétrica é um dos melhores e mais simples critérios para determinar quando os desbastes devem ser executados. Uma regra prática é estabelecer uma taxa de crescimento diamétrica realística como meta e desbastar sempre que o crescimento cair para valores abaixo da meta. Para que essa taxa seja definida, devem-se buscar informações de crescimento na região, lembrando que ela varia de acordo com os seguintes fatores: espécie, material genético, características do local de crescimento (clima e solo), espaçamento e arranjo do consórcio.
Capítulo: Práticas e Manejo de Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta com Componente Florestal para as Regiões Centro-Oeste e Sudeste
Número da Pergunta: 140
Ano: 2015
A configuração mais utilizada é a de linhas simples espaçadas entre 15 m e 22 m, com espaçamento de 2 m a 6 m entre plantas na linha de plantio, mantendo um número entre 150 e 300 árvores por hectare. Atualmente o plantio de renques com linhas duplas, plantadas em triângulo equilátero, também é recomendado para obtenção de um número maior de árvores por hectare e com melhor distribuição das árvores no terreno e menor sombreamento da forrageira. No sistema silvipastoril, é recomendado utilizar o melhor material genético disponível que, atualmente, são clones superiores. Os clones A1 e A3, originários das Ilhas Salomão, são mais recomendados atualmente para sistemas silvipastoris em Mato Grosso. A teca requer um mínimo de 1.000 mm por ano de chuva para produzir madeira e 760 mm por ano para produtos secundários, como carvão e lenha. No Estado de Mato Grosso, a teca é cultivada em locais em que a precipitação varia de 1.500 mm a 2.750 mm ao ano, em temperatura máxima de 35 °C a 40 °C, e com 3 a 4 meses de período seco. O desenvolvimento é melhor em solos profundos, bem drenados e férteis. O pH ótimo do solo é de 6,5 a 7,5. A disponibilidade de cálcio é também um fator limitante, visto que a falta desse nutriente ocasiona raquitismo nas árvores. A saturação de bases deve ser maior que 50% (ideal 60%).
Capítulo: Práticas e Manejo de Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta com Componente Florestal para as Regiões Centro-Oeste e Sudeste
Número da Pergunta: 145
Ano: 2015
Quanto à desrama, K. ivorensis e K. anthotheca possuem grande vantagem em relação às demais espécies utilizadas nos sistemas de IPF e ILPF em razão do crescimento indefinido em altura, que origina tronco vertical reto (crescimento monopodial), ou seja, praticamente não há necessidade de realização de desramas para as duas espécies. Já K. senegalensis possui o desenvolvimento de brotações laterais (crescimento simpodial) e requer a realização de desramas periódicas, a exemplo do que é feito para a teca.
Capítulo: Práticas e Manejo de Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta com Componente Florestal para as Regiões Centro-Oeste e Sudeste
Número da Pergunta: 151
Ano: 2015
O primeiro cuidado é plantar mudas de seringueira (estacas) de saquinho, de tamanho adequado e uniforme, sadias e vigorosas, em áreas de lavoura com solo corrigido, cultivado em SPD e com boa palhada de cobertura, no final do período chuvoso (abril e maio para o Centro-Oeste e o Sudeste brasileiro).
Com uma irrigação adequada (utilizando tanque-pipa, preferencialmente) no período da seca, as mudas estarão "pegas" e bem desenvolvidas por ocasião da semeadura (em SPD) da lavoura granífera, no começo do período chuvoso do ano agrícola seguinte. Utilizando-se uma semeadora de 13 linhas, recomenda-se não semear as linhas da extremidade (só adubar), de modo que o espaço entre as linhas externas da lavoura e as linhas da seringueira adjacentes seja de aproximadamente 1 m.
Além disso, deve-se ter outro cuidado importante no controle de plantas daninhas na lavoura. Nesse caso, principalmente no primeiro ano da integração, deve-se fazer aplicação de herbicidas com a barra do pulverizador localizada o mais baixo possível do nível do solo e com uso de bicos antideriva nas suas extremidades. Essa atividade deve ser executada em períodos do dia com pouca ventania, a fim de evitar o contato do herbicida com as folhas da seringueira. A partir do terceiro ano da integração, essa preocupação torna-se bem menor.
Capítulo: Práticas e Manejo de Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta com Componente Florestal para as Regiões Centro-Oeste e Sudeste
Número da Pergunta: 154
Ano: 2015